NESTE SÁBADO

Profissionais do Mais Médicos chegam a Campinas

Cinco médicos brasileiros vindos pelo programa federal desembarcam no aeroporto de Viracopos

Bruna Mozer
31/08/2013 às 08:57.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:46

Os cinco profissionais brasileiros inscritos no programa Mais Médicos, do governo federal, começam a desembarcar neste final de semana no Aeroporto de Viracopos. Um deles é o generalista Roberto Ramos Leitão Filho, de 28 anos, que deixará João Pessoa, na Paraíba, para iniciar seu trabalho na cidade. Sua chegada, junto com a mulher, está prevista para este sábado (31) por volta das 18h. Além desses, outros dois médicos brasileiros formados no Exterior viajam para cá, após o dia 16, quando terminam o treinamento realizado na Capital.Além de Leitão Filho, Campinas receberá outro médico formado no Nordeste: Rui Porto Morais, que cursou medicina em Fortaleza, no Ceará, segundo apurou a reportagem. Os outros médicos que integram a lista do programa se formaram no Estado de São Paulo. A nacionalidade dos brasileiros com diploma fora do Brasil não foi informada.O médico paraibano atendeu o Correio na noite desta sexta-feira (30), por telefone, ainda em sua cidade natal, e falou das suas expectativas com o trabalho em Campinas. Fazendo o caminho inverso do que está sendo proposto pelo governo federal — de levar médicos principalmente para o Norte e Nordeste do País onde o déficit é maior — Leitão Filho disse que se inscreveu no programa com a proposta de iniciar sua especialização em cirurgia geral na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Vi como uma oportunidade de ter uma bolsa e iniciar a minha residência. Se ficasse em João Pessoa, teria de viajar frequentemente a Campinas para as provas e avaliações”, disse. A bolsa do Mais Médicos é de R$ 10 mil, pagos pelo governo federal, mais R$ 2 mil de ajuda de custo bancados pela Prefeitura. Formado em 2010, o médico atende no Sistema Único de Saúde (SUS) da capital paraibana e nas cidades vizinhas. Seu último emprego foi no setor de urgência e emergência público e tem experiência de quase dois anos em unidade básica de saúde (UBS) — área onde atuará em Campinas. Para compor sua renda, Leitão Filho também atende em clínica particular.Questionado sobre o fato de deixar o Nordeste no momento em que se discute a falta de médicos, ele avalia como “péssimo” o mercado de trabalho em seu estado. De acordo com ele, o salário máximo pago aos profissionais que atuam no SUS é de R$ 6 mil. Em Campinas, o valor pode chegar a R$ 10 mil, se trabalhar nas regiões mais afastadas. “Às vezes até levamos calote das prefeituras, que não nos pagam. As cidades não têm estrutura, falta medicamento, falta tudo.”Segundo ele, embora esteja deixando sua cidade natal, a sua vinda para o Estado de São Paulo é positiva. Ele não tem plano retornar ao nordeste e sua mulher, de 25 anos, pretende investir na carreira aqui — na área de finanças. “Eu estou em busca de aprimorar meu conhecimento. Não tenho como me especializar em João Pessoa, não tem estrutura para isso.” Apesar das dificuldades do setor público, ele pretende continuar no SUS.Como forma de reduzir o déficit de médicos no Brasil, dentro do Mais Médicos, o governo federal prevê ampliar 12 mil vagas em instituições de ensino e universidades federais, principalmente fora do eixo sul e sudeste. Assim como Leitão Filho, muitos médicos deixam seus locais de origem para atuar em outros estados onde a estrutura é melhor. RecepçãoSerá competência da Prefeitura de Campinas recepcionar os profissionais que chegam no final de semana. Para isso, hotéis foram reservados para que eles possam providenciar uma moradia. No caso do médico paraibano, ele optou por permanecer na casa de um amigo até que encontre um imóvel para viver.Na segunda-feira (2), os profissionais passam por uma espécie de acolhimento no Centro de Educação do Trabalhador da Saúde que durará até o final da semana. O processo, segundo informações da Prefeitura, é realizado com todos os profissionais que iniciam o trabalho na saúde municipal. Serão passadas informações sobre o sistema de Campinas e informações sobre os locais onde irão trabalhar, nas unidades básicas localizadas na periferia da cidade.

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