O docente foi internado pela família em uma clínica de desintoxicação, após os estudantes de uma das unidades o denunciarem para a direção da escola
De acordo com relatos de estudantes, o professor chegava na sala transtornado e durante as aulas xingava as mães das crianças com palavrões (Dominique Torquato/AAN)
Um professor de história, de 33 anos, da rede estadual de ensino é acusado de lecionar sob efeito de drogas e de levar pânico a alunos do 7º ano de duas escolas públicas de Campinas, durante as aulas. O docente começou na rede neste ano e foi internado pela família em uma clínica de desintoxicação, após os estudantes de uma das unidades o denunciarem para a direção da escola. A Polícia Civil investiga o caso. De acordo com relatos de estudantes, o professor chegava na sala transtornado e durante as aulas xingava as mães das crianças com palavrões. As ofensas começavam do nada. "Chamavam as mães de p... e falava palavras humilhantes, que assustava as crianças" , contou uma desempregada, cujo nome foi preservado. Ainda segundo os relatos, os xingamentos eram constantes. O professor leciona em uma escola no Jardim Proença e outra no distrito de Sousas. No final do mês passado, a situação foi ao extremo depois que o professor ameaçou os alunos de morte. Tudo porque, assustados, os alunos buscaram ajuda da direção e ele não gostou. "No dia seguinte que teve a atenção chamada, ele chegou na sala e deu uma prova de surpresa, com um conteúdo que a gente não tinha estudado. Ele falou que se fôssemos mal, ele mataria todo mundo, inclusive nossa família" , contou uma aluna. O professor é morador do Jardim São Fernando e segundo a polícia durante as ameaças ele citou que tinha ligação com o tráfico do bairro, o que gerou pânico e choradeira na sala de aula. Traumatizados e mesmo sem conhecer o conteúdo, os estudantes fizeram a prova, as após o término do exame alguns alunos avisaram a diretora, mas outros foram embora chorando. "Quando eu soube das ameaças, fiquei desesperada. Minha neta ficou com muito medo e traumatizada" , disse uma dona de casa, cujo nome foi preservado. "Para mim esse professor é doido e não pode dar aula. A gente não sabe o que ele pode fazer com as crianças" , acrescentou a desempregada destacando que a escola é boa e não pode ficar com um professor "doente" . A ameaça aconteceu no dia 19 de abril e o caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil no dia 20. No mesmo dia, policiais do 10º DP procuraram a direção da escola, intimando o professor para que se apresentasse na delegacia para dar explicações. O prazo foi de dois dias, mas no dia marcado o advogado da família compareceu na escola e entregou um atestado assinado por um psiquiatra em que informava da internação do docente em uma clínica de recuperação. "Foi muito grave o que o professor fez, pois gerou trauma nas crianças. Estamos ouvindo pais, alunos e a direção da escola" , disse o chefe de investigação, Marcelo Hayashi. "A direção da escola está dando todo o suporte necessário para a polícia bem como aos alunos que se sentiram prejudicados" , acrescentou. Em nota, a Diretoria Regional de Ensino Campinas Leste se limitou apenas a informar que "em relação ao professor em questão, o mesmo encontra-se afastado de suas atividades profissionais, em licença psiquiátrica" e confirmou que ele começou a atuar na rede estadual de ensino neste ano.