consciência negra

Professor se sente acolhido no País

Após ser alvo de racismo em outros países, nigeriano elogia iniciativas como a data celebrada hoje

Henrique Hein
20/11/2020 às 07:55.
Atualizado em 27/03/2022 às 00:15
Muhammad acredita que a educação é o caminho mais eficaz para despertar a compreensão do absurdo que é discriminar alguém pela cor da pele (Divulgação)

Muhammad acredita que a educação é o caminho mais eficaz para despertar a compreensão do absurdo que é discriminar alguém pela cor da pele (Divulgação)

O professor Hamzah Muhammad, de 32 anos, dá aulas de inglês para alunos do Ensino Fundamental há pouco mais de dois anos, no Colégio Oficina do Estudante, em Campinas. Nascido na Nigéria, veio ao Brasil em busca de novas oportunidades após morar por vários anos em outros países, onde foi vítima inúmeras vezes de atos racismo. Foi em terras brasileiras, no entanto, que ele encontrou um ambiente mais acolhedor. O docente admira a iniciativa do Brasil de incluir em seu calendário o Dia da Consciência Negra, uma data que relembra a luta dos negros contra a opressão no Brasil e convida a socidade à reflexão sobre questões raciais.  Para Muhammad, é só por meio da conscientização e da educação que as pessoas passam a perceber o absurdo que é discriminar alguém pela cor de sua pele. "Acredito que o Dia da Consciência Negra é uma boa plataforma para ajudar as pessoas a se conscientizarem sobre o racismo e sobre o quanto isso é doloroso para nós que somos negros. Vejo ela também como uma ferramenta importante para educar os jovens e as crianças negras a não terem vergonha da sua cor da pele, do seu cabelo e da sua história da vida", disse ele. Antes de vir para o Brasil, o professor de inglês conviveu com situações de racismo e de discriminação nos países em que morou — por respeito, prefere não citar os nomes. Ele conta, por exemplo, que ouvia de pessoas mais velhas que a melhor coisa que ele poderia fazer em sua vida era voltar para a África. "Era comum eu entrar num lugar e as pessoas optarem por levantar e irem embora ou virarem as costas por causa da cor da minha pele se eu perguntasse algo", explica o docente, que viu outra alternativa a não ser se acostumar com a situação. Após desembarcar no Brasil, ele ficou impressionado com o acolhimento e carinho que recebeu. Para o professor, a maneira como os brasileiros lidam com o racismo é bem melhor do que se comparado aos outros países em que já viveu. "É muito diferente do que eu esperava, porque os brasileiros me ajudam muito nas questões pessoais da minha vida, conversando e dando conselhos. Eu sou muito bem tratado aqui, tanto por brancos quanto negros", disse ele. Como professor de um colégio particular, o docente fala com orgulho de seus alunos e afirma que está encantado com a experiência. "Fui recebido com muito amor e carinho pelos meus alunos, que são curiosos e sempre fazem perguntas sobre mim, como o que eu tenho feito aqui no Brasil e onde tenho ido. Já recebi até presentes deles", revelou Muhammad. Zumbi é o símbolo do movimento O Dia Nacional da Consciência Negra lembra também o assassinato de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares que acabou se tornando um símbolo da luta e resistência dos negros na escravidão. Zumbi foi morto por bandeirantes no dia 20 de novembro de 1695. O dia é resultado de uma série de mobilizações do movimento negro para ressaltar não apenas as contribuições culturais que os negros trouxeram para o País, mas para trazer à tona a reflexão sobre o papel de protagonismo que a população negra ocupou na história brasileira. Ao todo, o feriado é adotado em mais de 300 cidade, entre elas Campinas.

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