ANÁLISE

Professor de Ética e Filosofia Política critica corporativismo dos vereadores e valoriza o MP

Gerson Leite de Moraes acredita que a população precisa ter coragem de denunciar irregularidades às autoridades competentes

Luiz Felipe Leite/luiz.leite@rac.com.br
27/06/2025 às 11:52.
Atualizado em 27/06/2025 às 13:42

(Câmara Municipal de Campinas)

O caso envolvendo o vereador Zé Carlos (PSB) traz uma série de lições para a cidade de Campinas, considerando os políticos e a população em geral. A avaliação do historiador, filósofo e professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Presbiteriana Mackenzie, de Campinas, Gerson Leite de Moraes, é de que o corporativismo não deveria existir e que sobrou coragem para o empresário Celso Palma, que procurou o Ministério Público para denunciar a cobrança de propina por parte de Zé Carlos e Rafael Creato. Além disso, Moraes valorizou o trabalho de investigação do MP.

Segundo Moraes, o corporativismo acontece na sociedade o tempo todo. Ele citou esse tema em alusão ao fato de que Zé Carlos foi poupado politicamente pelos demais vereadores que rejeitaram em 2023 o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O documento pedia continuidade da investigação e abertura de Comissão Processante, algo que poderia levar à cassação do ainda vereador de Campinas. Na ocasião, 18 parlamentares se posicionaram contra o relatório (Confira em: Vereador Zé Carlos faz acordo com o MP e admite que pediu propina).

“Essa situação de corporativismo não pode existir de maneira alguma. No caso do vereador Zé Carlos, o Ministério Público já havia feito a denúncia, tinha provas e, de repente, por um ato corporativista, não houve consequência política. Ele renunciou à presidência durante as apurações do MP, mas teve o mandato poupado”, comentou.

Ainda de acordo com o especialista, o trabalho do Ministério Público precisa ser reconhecido. “É necessário elogiar a condução do processo pelo MP. A existência do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), mesmo que em segredo de justiça, é mais uma prova do trabalho sério realizado pelos promotores públicos. Apesar de termos o corporativismo político de um lado, do outro temos o MP apresentando evidências, correndo atrás, coletando provas e apresentando a denúncia. Isso precisa ser reconhecido.”

Por fim, o professor comentou que a coragem do denunciante do escândalo de corrupção ao MP foi muito importante. “O empresário Celso Palma apresentou uma denúncia que poderia ter sido interpretada de forma precipitada e irresponsável, mas a honra e a dignidade do denunciante foram restauradas com a investigação e a confissão do vereador Zé Carlos. Acredito que a população precisa aprender que não pode simplesmente tolerar atos de corrupção, e sim ter coragem de denunciar tais atos para as autoridades competentes. Entendo que essa situação possa dar lições para a nossa sociedade não deixar mais passar atos graves cometidos por agentes públicos”, encerrou. 

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