Depois de um ano inteiro amargando apenas com números negativos, o varejo de Campinas fechou o primeiro trimestre com um pequeno crescimento de 0,60% no volume de vendas
Depois de muito tempo, os consumidores voltaram a aparecer no comércio, graças a fatores que ficaram mais positivos, como inflação e juros em queda (Cedoc/RAC)
Depois de um ano inteiro amargando apenas com números negativos, o varejo de Campinas fechou o primeiro trimestre com um pequeno crescimento de 0,60% no volume de vendas. O número pode parecer pequeno demais para causar barulho ou gerar festa, mas o fato é que trouxe um enorme alívio após meses e meses de perdas. O desempenho de março fez diferença no resultado dos três primeiros meses do ano. O faturamento nominal (sem o desconto da inflação) foi 2,73% superior ao ano passado. O valor atingiu R$ 1,06 bilhão. Outro dado positivo é que a inadimplência, finalmente, caiu um pouco. No acumulado do ano, o recuo foi de 2,73%. O trimestre encerrou com 47.528 carnês com atraso no pagamento, que representaram um calote de R$ 34,2 milhões. A diminuição da inflação, a abertura de novos postos de trabalho e a injeção dos recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também são fatores que ajudaram a aquecer o comércio. Os lojistas, contudo, não se iludem: mesmo comemorando o número, ainda estão com os pés no chão com relação a uma efetiva recuperação da economia, que por enquanto ainda não enxergam - assim como também não acreditam que o setor vai sair do vermelho de vez, conforme avaliação de Laerte Martins, que coordena o Departamento de Economia da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic). Responsável pela análise dos dados do varejo de Campinas e região, ele afirmou que há sinais de houve uma pequena melhora em relação ao ano passado. “Mas daí a dizer que há uma recuperação em curso vai um alonga distância. Os indicadores foram melhores em março, agora vamos esperar pelos números dos próximos meses para então podermos dizer se é de fato uma tendência de melhora”, analisou. O economista comentou que fatores macroeconômicos influenciaram na melhora do cenário do comércio. “A inflação em queda faz subir o poder de compra do consumidor. No começo deste ano, também foram abertas mais vagas de trabalho. Outro fator importante é a queda dos juros. Apesar de as taxas ainda estarem muito elevadas na ponta, os consumidores criaram a expectativa de juros menores no futuro com as sucessivas quedas da Selic”, disse. Ele observou ainda que a liberação de recursos das contas inativas do FGTS alavancou vendas e o pagamento de dívidas em atraso. De acordo com o estudo da Acic, o volume de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) cresceu 0,64% no primeiro trimestre deste ano em Campinas, passando de 856.057 consultas no ano passado para 861.527 de janeiro a março deste ano. No mês, o volume chegou a 307.147 consultas, contra 299.072 no mesmo mês de 2016. As vendas no crediário cresceram 6,89% e as compras à vista caíram 2,14%. “Os consumidores voltaram a comprar no crediário por causa da queda da Selic, que aponta juros menores no futuro”, ressaltou Martins. Para o economista, a queda da inadimplência é outro fator que traz alívio para os comerciantes. “Boa parte do dinheiro das contas inativas do FGTS foi usado para o pagamento de dívidas. Os consumidores estavam muito endividados, e esse acerto foi importante para o varejo”, comentou. O estudo mostrou que a quantidade de carnês excluídos em março foi de 36.298 dívidas. No ano passado, foram apenas 28.610 carnês. O crescimento do pagamento das contas foi de 26,87%. A inclusão de novas contas no SCPC aumentou 11,63% em relação a março de 2016. A quantidade de carnês passou de 45.770 dívidas atrasadas para 51.093 documentos. Martins afirmou que o faturamento nominal (sem descontar a inflação) cresceu em relação ao ano passado no primeiro trimestre. O valor subiu de R$ 2,95 bilhões para R$ 2,98 bilhões. Mas observou que o faturamento real (descontada a inflação), o resultado é uma queda de 3,41%. “Mas a tendência é termos um aumento real com a queda da inflação”, ressaltou. Em março, as vendas geraram R$ 1,06 bilhão. No ano passado, 1,03 bilhão. RMC O cenário na região também foi mais otimista do que no ano passado. De acordo com a Acic, no acumulado do primeiro trimestre, as consultas ao SCPC cresceram 1,33%. A quantidade subiu de 2,06 milhões para 2,03 milhões. No mês de março, o aumento foi de 3,94% em relação ao ano passado. O faturamento no acumulado de 2017 apresentou uma elevação de 0,92%. Os comerciantes da RMC venderam R$ 7,11 bilhões neste ano. Nos três primeiros meses de 2016, foram 7,04 bilhões.