AÇÃO COLETIVA

Primeiro mutirão regional contra a dengue acontece hoje em 20 cidades da RMC

Municípios farão ação simultânea para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti e conscientizar a população

Eliane Santos/ [email protected]
16/03/2024 às 10:22.
Atualizado em 16/03/2024 às 10:22
Equipe de combate à dengue visita imóveis no Jardim Santa Genebra, em Campinas; mutirão que acontece nesta manhã percorrerá a região do Conjunto Habitacional Padre Anchieta (Alessandro Torres)

Equipe de combate à dengue visita imóveis no Jardim Santa Genebra, em Campinas; mutirão que acontece nesta manhã percorrerá a região do Conjunto Habitacional Padre Anchieta (Alessandro Torres)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) chegou à casa dos 26.882 casos de dengue, com quatro óbitos, segundo o Painel de Monitoramento da Dengue do governo estadual. Para combater o avanço da doença, um mutirão regional foi marcado para acontecer simultaneamente nas 20 cidades neste sábado (16). Em Campinas, o primeiro mutirão regional, neste sábado, será na região do Conjunto Habitacional Padre Anchieta, a partir das 8h30. 

A medida foi anunciada após a primeira reunião do recém-criado Comitê Metropolitano para enfrentamento à epidemia, que aconteceu na última quarta-feira. Em todo o Estado de São Paulo já são 224.945 notificações positivas com 72 óbitos. A doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, também responsável pelo zika vírus e chikungunya.

Campinas, responsável por 72% de todos os casos da RMC, deve ultrapassar neste sábado a casa dos 20 mil casos. Na sexta-feira (15), o Painel de Monitoramento Arboviroses, da Secretaria Municipal de Saúde, indicava 19.467 notificações e três mortes (43 a mais do indicado pelo painel do Estado), além de dois casos importados de chikungunya. Ou seja, foram mais de mil novas confirmações entre os dias 13 e 14. A cidade registra pela primeira vez na história a circulação simultânea de três sorotipos da dengue (DEN 1, DEN 2 e DEN 3) e projeta alcançar o pico da epidemia no próximo mês.

De acordo com o painel municipal, as semanas epidemiológicas com mais casos registrados em 2024 ano foram a oitava (18 a 24 de fevereiro), logo após o Carnaval, com o total de 3.881 casos, a nona (25 de fevereiro a 3 de março), com 3.893; e a décima (4 a 10 de março), com 3.229. 

REGIÃO

Na RMC quatro cidades já decretaram estado de emergência devido ao avanço da epidemia. São elas Campinas, Jaguariúna, Pedreira e Santo Antônio de Posse. O decreto agiliza, entre outras coisas, a adoção de medidas, como liberação de recursos estaduais e federais.

Embora ainda não tenha decretado emergência, a cidade de Valinhos, pelo Painel da Dengue do Estado, ocupa o segundo lugar em números de casos na RMC, com 1.371, seguida de Jaguariúna, com 1.202. Na ponta oposta estão Engenheiro Coelho, com 28, e Morungaba, com 42 (veja quadro).

Em Valinhos, a Prefeitura criou essa semana o Comitê Municipal de Prevenção e Controle de Antropozoonoses, para acompanhar e estabelecer estratégias e ações voltadas à prevenção da dengue e outras arboviroses. “Os casos de dengue estão acima da expectativa esperada para esse período. A intenção da criação do comitê é realmente formalizar a ampliação das medidas de enfrentamento, além de estudar conjuntamente se vamos acompanhar o Estado e a região na situação de emergência e os próximos passos”, disse a prefeita de Valinhos, Capitã Lucimara Rossi de Godoy (PSD).

O secretário de Saúde, João Gabriel Vieira, reforçou que toda a região está em um período que precisa intensificar as ações. “Mesmo com Valinhos já tomando medidas de enfrentamento, o pico da doença deve ocorrer entre abril e maio. Então precisamos já estar preparados para o aumento no número de casos, tal como é esperado na região e em todo o Brasil”, disse. O mutirão na cidade neste sábado terá início às 8h30, em frente ao Paço Municipal, e contará com a ação de três frentes de trabalho nas regiões do Centro, São Cristóvão e Parque Lausanne. Na região Central as equipes farão orientações aos cidadãos e entregarão materiais educativos à população. O terminal rodoviário também será foco da atividade. Já as duas outras frentes estarão com blitz de conscientização em duas entradas do município: uma na Avenida Paulista, sentido Centro para quem acessa a cidade pela Rodovia dos Andradas, e outra na Rodovia Francisco Von Zuben, sentido Campinas.

Na terceira cidade do ranking com mais casos na RMC, Jaguariúna, o mutirão será no bairro Roseira de Cima, das 8h às 16h. O bairro está entre os que apresentam maior número de notificações de casos suspeitos e confirmados de dengue no município, de acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura local. Haverá visitas às residências em busca de possíveis focos e orientação à população sobre as doenças transmitidas pelo mosquito. Além da orientação, também será realizada a inspeção dos quintais e interior das residências, com as equipes sempre acompanhadas por um morador. O município conta com um canal de denúncias no WhatsApp para o combate da dengue. Os moradores podem enviar apenas mensagens de texto e fotos de locais que possam ser foco de dengue. O número é o (19) 99783-2319 e funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h.

Santo Antônio de Posse, que contabiliza 170 casos e um óbito, que foi confirmado no início desta semana, ampliou o atendimento nos seis Postos de Saúde da Família (PSF), no Ambulatório Municipal de Especialidades Médicas e no Pronto-Socorro, de segunda a sexta-feira. Assim, as pessoas com suspeita da doença podem procurar o serviço de saúde das 8h às 16h. No Ambulatório de Especialidades, os atendimentos também ocorrem em uma nova ala implementada para atendimento exclusivo, das 8h às 20h. Já no Pronto-Socorro, um terceiro médico está à disposição da unidade até as 22h. Entre as principais medidas com o decreto de emergência, segundo anunciou a Prefeitura, estão a aquisição de insumos e materiais e a autorização do poder público ingressar em imóveis públicos e particulares, no caso de situação de abandono, ausência ou recusa de pessoa que possa permitir o acesso de agente, regularmente designado e identificado, quando se mostre essencial para a contenção das doenças. Neste sábadoacontece uma nova ação educativa na Feira Cultural. Já o mutirão será realizado no Bairro Itaquerê.

Em Hortolândia, que tem 197 casos, o mutirão será na região do Jardim Amanda, das 8h às 13h, com expectativa de cobertura de 25 quarteirões, segundo informou a assessoria de imprensa da Prefeitura. A ação consiste em visitas casa a casa pelos agentes para eliminar possíveis criadouros do Aedes aegypti. Caso sejam encontradas larvas, os agentes enviarão as amostras para identificação em laboratório. De acordo com a UVZ, 80% dos focos de criadouros estão nas casas das pessoas.

O COMITÊ

O encontro do Comitê esta semana, que aconteceu através de videochamada, contou com as participações do prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), do prefeito de Jaguariúna e presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC, Gustavo Reis (MDB), secretários e diretores municipais de Saúde. A discussão tratou sobre a situação epidemiológica de cada uma das cidades e de ações feitas para controle de criadouros do mosquito Aedes aegypti.

Na reunião ficou definido que cada prefeitura é responsável pela definição de como o mutirão será feito. “A parceria entre os municípios é essencial para enfrentamento à epidemia por causa da proximidade e grande circulação de pessoas. Conseguimos articular rapidamente um mutirão regional e a expectativa é de que este trabalho amplie os resultados dos trabalhos já realizados pelas prefeituras. Também esperamos mobilização expressiva da população para continuar ajudando a eliminar nas casas qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro”, ressaltou a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas, Andrea Von Zuben.

A reunião entre prefeitos, em 8 de março, também definiu outras cinco ações para enfrentamento à epidemia de dengue: pedido de engajamento das associações comerciais, imobiliárias, igrejas e sociedade, reforço das ações de saúde nos limites das cidades, uso da telemedicina para acompanhamento dos casos, pedido de mais vacinas ao governo do Estado para a RMC e solicitação de apoio do Exército aos municípios.

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