Campinas-Hortolândia

Presos realizam greve no Complexo Penitenciário

Presos de ao menos seis penitenciárias do Estado de São Paulo, realizaram ontem uma greve branda, denominada "Salve do Partido"

Alenita Ramirez
12/03/2020 às 09:13.
Atualizado em 29/03/2022 às 17:45

Presos de ao menos seis penitenciárias do Estado de São Paulo, incluindo Hortolândia, realizaram ontem uma greve branda, denominada “Salve do Partido”, em protesto ao regime imposto pelo Governo às cadeias federais. Os detentos se recusaram a tomar banho de sol, receber os advogados e ir as audiências agendadas no Fórum. A manifestação envolveu apenas os presos que fazem parte da facção criminosa PCC. Não se sabe se o protesto prosseguirá por mais dias. Apesar de não ter números, o presidente do Sindicato dos Agentes de Escolta e Vigilância Penitenciária de São Paulo (Sindespe), Antônio Pereira Ramos, confirmou o protesto nas unidades do Complexo Penitenciário Campinas/Hortolândia. Em 2019, o Governo Federal determinou que os 22 líderes do PCC fossem transferidos de penitenciárias paulistas para presídios federais. Quinze deles estavam emPresidente Venceslau. Entre os acusados de integrarem a alta cúpula da facção, consta Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, considerado o líder máximo do grupo. As unidades federais são destinadas aos chefes de facções criminosas; presos condenados por integrar quadrilhas violentas; delatores que estão com a segurança sob risco e envolvidos em tentativa de fuga de presídios comuns. Nos presídios federais, as visitas íntimas são restritas. Os presos ficam em celas individuais, ao contrário dos presídios comuns, e o banho de sol é controlado. “Os presos alegam opressão. Com certeza devem estar preparando alguma coisa”, comentou Ramos, frisando que apesar da greve branda, os agentes trabalharam tranquilos. “Não se pode contemporizar presos. Se eles querem fazer greve, que façam. Não há opressão nos presídios, pois há muitas leis que favorecem os presos. Eles estão sendo bem tratados. Se existem regras, eles têm de aceitar”, disse o especialista em Segurança Pública, Ruyrillo Pedro de Magalhães. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) não se manifestou até o fechamento desta edição. No início de 2006, presos do estado realizaram uma greve semelhante em retaliação ao isolamento, pelo governo, de quase 800 de seus líderes no presídio de Presidente Venceslau. Em maio daquele ano, no final de semana do Dia das Mães, foi deflagrado um ataque que culminou na destruição de bases da Polícia Militar, Delegacias e de Guardas Municipais da região de Campinas, e também rebeliões nos presídios. Os ataques levaram pânico às cidades. “Eu acredito que essa greve atual não tenha relação ou leve a algum ataque. Mas por outro lado é bom para que as forças de segurança fiquem atentas e passem a ter mais informações das lideranças e reajam a altura”, disse Magalhães. Para acabar com os ataques, o então secretário da Administração Penitenciária do estado de São Paulo, Nagashi Furukaw, teria feito um acordo com as lideranças da facção, o que custou sua cadeira — Furukaw negou acordo.

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