MAIOR INCLUSÃO

Presidente do CNE defende ‘popularização’ dos cursos de Medicina no Brasil

Para Luiz Roberto Liza Curi, as faculdades devem ser mais acolhedoras em relação aos estudantes egressos das escolas públicas

Da Redação
14/12/2023 às 08:54.
Atualizado em 14/12/2023 às 08:54

O presidente do CNE, Luiz Roberto Liza Curi: "A educação brasileira ajuda o atraso e as universidades podem resolver o problema quando acolhem alunos de escola pública" (Alessandro Torres)

O presidente do Conselho Nacional da Educação (CNE), Luiz Roberto Liza Curi, defendeu a popularização dos cursos de Medicina para que se tornem mais acolhedores com estudantes oriundos de escolas públicas. A afirmação foi dada na quarta-feira (13) durante uma palestra a professores dos cursos de Medicina e Odontologia de uma universidade de Campinas. No encontro, ele também destacou os desafios e perspectivas do ensino médico e o papel da educação básica na formação de novos profissionais.

"A educação brasileira ajuda o atraso e as universidades podem resolver o problema quando acolhem alunos de escola pública", disse. Curi é sociólogo e doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele também já foi secretário de Cultura, Ciência e Tecnologia de Campinas, na década de 90, mas hoje atua junto ao Conselho na construção de políticas públicas que fortaleçam a educação.

Curi apresentou um panorama da conjuntura educacional do país e não se furtou a comentar os péssimos indicadores do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgados na semana passada, que revelaram que menos de 50% dos alunos brasileiros conseguiram atingir o nível mínimo de aprendizado em matemática e ciências. O presidente do CNE chamou os indicadores de "tragédia" e refletiu sobre essa defasagem a partir de uma ótica de valorização dos primeiros anos da alfabetização.

"A formação da educação básica brasileira é a portadora do futuro desse país. Ninguém nasce no vestibular. Ninguém nasce no doutorado. Ninguém nasce na sala de aula. As pessoas vêm de trás. Hoje, os excelentes médicos que o Brasil tem vieram da escola básica. Então é muito importante que a escola básica receba esse reforço institucional. Desde janeiro as políticas do novo ministro buscam atender isso com prioridade absoluta", destacou.

Entre essas ações adotadas pelo governo federal estão o programa Escola em Tempo Integral, reconstrução da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) e reordenamento do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb), instrumento utilizado para estimular as mudanças e as transformações do ambiente escolar.

Curi também chamou a atenção para números que apontam que a evasão escolar, na escola básica, chega a 500 mil casos por ano, e geralmente por pessoas de classes mais baixa.

"Mais da metade não continua os estudos. Dos que entram no ensino médio, talvez 25% vão para a educação superior completa, pública, particular ou à distância. Então, são dados arrasadores, ainda mais diante de um país que tem cerca de 90% dos jovens no ensino público", enfatizou.

Esse trabalho com a escola pública e infantil deve garantir, na visão de Curi, uma formação multidisciplinar, que inclua a tolerância, valores emocionais e afetivos, a fim de que a educação possa ser percebida como um processo a longo prazo e da qual o indivíduo se sinta empoderado e pertencente a ele.

Em relação ao curso médico, o presidente do CNE observou que a área é uma das mais caras do país, por isso precisa de um cuidado curricular que perceba as necessidades do indivíduo e seja, sobretudo, humano.

"A Medicina está em expansão e em transformação no país, mas não é possível que essa expansão sirva a poucos. A expansão da escola médica, por exemplo, precisa servir o país, a sociedade brasileira. Para isso, precisa de currículos adequados, que levem em consideração o desenvolvimento humano. Ela pode ser uma atividade pública ou privada, mas precisa ter esses cuidados".

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