BAEP cumpre mandados de busca e apreensão na Câmara Municipal de Campinas (Gustavo Tílio)
O presidente da Câmara dos Vereadores de Campinas, José Carlos Silva (PSB), é alvo de operação do Ministério Público para apurar esquema de corrupção passiva, quando há o pedido de propina. Cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos na manhã desta quarta-feira (17). Um advogado do vereador também está sendo investigado.
Em Campinas, as buscas foram realizadas na residência de Zé Carlos, no seu escritório de advocacia, na Câmara Municipal e no Teatro Bento Quirino. Em Jundiaí, os agentes foram na casa do advogado. Houve a apreensão de diversos documentos, computadores, pen drives e aparelhos de telefone celular.
Em entrevista ao Correio Popular, o advogado do vereador, Ralph Tórtima S. Filho, afirmou estar tranquilo e que foram pegos de surpresa pela operação. A defesa do vereador também negou todas as acusações. Por orientação do advogado, a coletiva de Zé Carlos pode não ocorrer.
A defesa do vereador está sendo feita pelo advogado Ralph Tórtima S. Filho (Dominique Torquato)
A investigação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apurou esquema de corrupção envolvendo o atual presidente da Câmara Municipal de Campinas e um advogado comissionado do gabinete do vereador.
A operação contou com o apoio do Comando de Policiamento do Interior 2 e do 1º Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Participaram da ação cinco promotores de justiça, sete servidores do MPSP e 43 policiais militares.
De acordo com o MP, a investigação prossegue para identificar outros eventuais casos de corrupção, bem como lavagem e ocultação de bens.
Investigação
De acordo com o promotor Rodrigo Lopes, do Gaeco, a investigação começou a ser feita no ano passado, no segundo semestre. Um vereador fez a denúncia sobre o caso.
Segundo o promotor, com a mudança da gestão da Câmara, as empresas eram chamadas e o pedido de propina era realizado. Os pedidos eram de valores variados, uns mais baixos e outros mais altos.
O promotor Felipe Bertolli afirmou que há gravações de áudio de reuniões com a presença dos investigados. Eles pediam para os empresários não participarem das reuniões com celulares. O vereador estava presente nesta reunião. Quando ele passou a desconfiar que estava sendo gravado, pediu para deixarem celulares e relógios no banheiro.
Presidente da Câmara dos Vereadores de Campinas, Zé Carlos (Divulgação/Câmara dos Vereadores de Campinas)
Operação Lambuja
A operação recebeu o nome de Lambuja em alusão à cobrança ilegal feita pelos investigados para que empresários lhes concedessem vantagens pessoais, condição exigida para que os contratos firmados com a Câmara Municipal fossem mantidos ou prorrogados.
Câmara Municipal de Campinas
A Câmara afirmou em nota ofical que suspendeu a agenda desta quarta-feira e que a ação aconteceu antes da abertura do Legislativo.
"A Câmara Municipal foi informada nesta manhã, antes da abertura do Legislativo, sobre a presença de integrantes do BAEP para realização de uma ação nas dependências da Casa e do Teatro Bento Quirino. A CMC ainda não tem informações sobre a razão das diligências, mas está colaborando com os trabalhos e se pronunciará assim que tiver mais dadosa respeito. A princípio, em virtude da ação, a agenda da Casa está suspensa nesta manhã", diz o texto.
Presidente da Câmara de Campinas é alvo de operação contra corrupção (Dominique Torquato)
