Prêmio destaca experiências nota 10 na região

O Grupo RAC realizou nesta quinta-feira (17) a entrega do Prêmio Experiência 10, que tem como objetivo homenagear educadores que desenvolvem práticas diferenciadas nas salas de aula, trabalhando não só o conteúdo programático, mas também a motivação, as questões sociais e a interdisciplinaridade. Essa foi a terceira edição do prêmio e a cerimônia, realizada no Hotel Vitória, também foi uma homenagem ao Dia do Professor, comemorado na última terça-feira (15). O Experiência 10, organizado pelo projeto Correio Escola Multimídia, premiou três professores de escolas públicas e três de escolas particulares de Campinas. Em março deste ano, cerca de 50 professores inscreveram seus projetos no concurso. Desse total, os 16 melhores foram mostrados em reportagens, publicadas às terças-feiras no Correio Popular. Um júri formado por especialistas em educação escolheu as três que se destacavam em cada categoria.Escola públicaEntre os concorrentes da rede pública, o primeiro colocado foi o professor Delmar Thadeu Carvalho Merola, da Escola Estadual Miguel Vicente Cury. Nas aulas de geografia no Ensino Médio, ele usou como inspiração o trabalho social de Hebert de Souza, o Betinho (1935-1997), e de Milton Santos (1926-2001) para falar sobre o mapa da fome no Brasil. A atividade terminou com uma campanha que arrecadou 2 toneladas de alimentos nas ruas do bairro, doadas a famílias carentes. “A educação, para mim, precisa fazer sentido para os alunos. De que adianta estudar teorias e teorias, se a turma não conhece sequer a realidade em que está inserida? Acredito numa educação que parta do contexto do estudante para chegar a conceitos mais complexos. O prêmio ajuda a perceber que estamos no caminho certo”, disse Merola.A segunda colocada foi a professora Mônica Fernanda Bonomi, que junto com a colega Claudia Fagundes Pedroso, inspirou-se no documentário Lixo Extraordinário (João Jardim e Lucy Walker, 2010) para produzir uma caricatura de Carmen Miranda de quase dez metros, usando materiais recicláveis. A atividade envolveu aulas de artes, matemática, ciências e português. O terceiro lugar ficou com o professor Edison Lins, da Escola Estadual Adalberto Prado e Silva. Ele motivou os alunos a participarem das aulas de literatura a partir da montagem de uma peça teatral sobre a Semana de Arte Moderna. Com isso, conseguiu também provocar uma discussão comparando a realidade brasileira contemporânea e da década de 1920. As disciplinas de artes, história e português foram envolvidas.Escola particularNa categoria de escolas particulares, o grande vencedor foi Thiago Vieira Magalhães, da Escola do Sítio. Em suas aulas de história, ele simulou uma escavação arqueológica com o objetivo de mostrar aos alunos as etapas e até as falhas de uma pesquisa. As disciplinas de inglês, ciências e português também integraram o projeto, que contou ainda com o auxílio do Laboratório de Arqueologia Pública (LAP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).Para Magalhães, o projeto teve bons resultados em razão da experimentação, já que, para a maioria, o estudo das antigas culturas, como a egípcia e a grega, faz pouco sentido. “Além disso, os alunos conseguiram perceber o quanto a história depende de outras áreas para reconstruir o passado”, lembrou.O segundo colocado foi o professor de ciências Heldis Silveira Santos, do Colégio Liceu Nossa Senhora Auxiliadora. O educador produziu um desfile de moda com os alunos, com o objetivo de discutir temáticas como sustentabilidade, economia de matérias primas, uso consciente de recursos naturais e até a influência do cinema. Os professores de artes e de português também participaram.Sílvia Beraldo foi a terceira colocada. Ela trabalha no Colégio Progresso e usou as aulas de educação musical para abordar as características culturais da África e sua importância na constituição brasileira.PrêmiosOs primeiros colocados, nas duas modalidades, receberam um notebook como prêmios. Para os segundos lugares, foram entregues tablets. Os terceiros colocados levaram para casa uma câmera fotográfica digital. Todos receberam ainda uma assinatura semestral do Correio Popular Digital.Para a coordenadora geral do projeto Correio Escola Multimídia, Cecília Pavani, o Experiência 10 é uma forma de reconhecer a importância do professor na transformação da educação. “O professor tem um histórico de falta de reconhecimento pelo poder público. Nosso objetivo é mostrar o quanto sua atividade é essencial para a transformação da escola, a qualidade do ensino e a motivação dos estudantes. Temos orgulho de poder homenagear pessoas com projetos tão grandiosos”, enfatizou.Correio EscolaO projeto Correio Escola Multimídia existe há 21 anos. Embora o objetivo do projeto seja estimular a leitura de textos jornalísticos na sala de aula, os projetos concorrentes ao Experiência 10 não necessariamente precisavam usar a mídia em suas atividades.Além do prêmio, o Correio Escola é responsável por um curso de extensão universitária, realizado em parceria com a Faculdade de Educação da Unicamp, de uma especialização em conjunto com o Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) e por eventos acadêmicos e publicações com a Associação de Leitura do Brasil (ALB).