Símbolos da cidade de Campinas foram abandonados pelo poder público
A recuperação da caravela Anunciação será feita pela Prefeitura, que usará mão de obra própria. sob a supervisão de um marceneiro naval: sindicância está investigando o desaparecimento da madeira que seria utilizada na recuperação da nau (Dominique Torquato/AAN)
As estruturas principais de um bonde desaparecidas, um casarão fechado há quatro anos e uma caravela que só tem a carcaça são as principais marcas do abandono a que o Parque do Taquaral e o Lago do Café foram relegados nos últimos anos.
A recuperação desses patrimônios de Campinas, no entanto, vai demorar. O bonde, um dos quatro utilizados no lazer da população no Taquaral, está em cima de cavaletes enquanto a Prefeitura procura o responsável pelo sumiço do maquinário para tentar recuperar as peças. A caravela e o casarão ainda esperam patrocínio para a restauração.
O prefeito Jonas Donizette (PSB) disse que esses equipamentos serão recuperados porque são importantes para a cidade. O casarão do Lago do Café, onde funciona o Museu do Café, ficou abandonado, disse, por causa da interdição do local há quatro anos, em consequência de casos de febre maculosa. Embora liberado na última quarta-feira (10) pela Vigilância Epidemiológica, o lago vai levar ainda uma ou duas semanas para ser aberto à população, tempo para que o espaço ao público possa ser concluído.
“Nos quatro anos de interdição, os funcionários não puderam entrar na casa, mas agora que houve a liberação, vamos tentar parcerias para a obra”, afirmou. Jonas disse que há possibilidade de a Campinas Decor, que em 2002 restaurou o imóvel para a realização de sua mostra de arquitetura e decoração, colaborar no projeto. A organização da Campinas Decor informou que por enquanto houve apenas uma sondagem informal por parte da equipe da Prefeitura, e que, caso receba uma proposta oficial, irá analisá-la.
Dois bondes da Lagoa do Taquaral, depois de anos parados, estão passando por reformas, mas ainda não há previsão de quando entrarão no circuíto. No último trimestre, a Prefeitura fez melhorias na estação do bondinho, com a elevação do piso da plataforma para facilitar o acesso do público, incluindo uma rampa para pessoas com deficiência. A situação do bonde número 1, no entanto, é desoladora. Equipamentos como rodas, motores e a parte responsável pela movimentação desapareceram há dois anos, e o bonde está na oficina, na Lagoa do Taquaral, em cima de cavaletes, à espera de recuperação.
Já a caravela se tornou uma novela sem final feliz até hoje. Uma empresa de Campinas, a Track & Marketing, que atua na captação de recursos de projetos culturais e esportivos por meio de mecanismos de incentivo, foi contatada pela Prefeitura para buscar patrocínio para a recuperação da nau. Sílvia Track, proprietária da empresa, disse que já surgiu um interessado, mas que quer fazer o aporte de recursos usando a lei de incentivos estadual, o Programa de Ação Cultural (Proac), que aplica parte do ICMS devido. “A questão é que o processo é muito demorado e a Prefeitura tem pressa e está tentando conseguir patrocínio direto, onde a empresa seria a gestora da recuperação da caravela, com supervisão da Administração”, afirmou.
Frequentadores da lagoa como o comerciante José Pedro Santos não entendem o motivo da demora para consertar a caravela. “Já gastaram tanto dinheiro aqui, que faz a gente pensar muito nisso.”