Campinas teve aumento de 523% no número de mortes de motociclistas nos últimos 12 anos
Número de mortes em acidentes com motos cresce (Rodrigo Zanotto/Especial para AAN)
Um aumento de 523% no número de mortes de motociclistas em acidentes de trânsito em Campinas, ao longo dos últimos 12 anos, acendeu o sinal de alerta e fez a Prefeitura criar uma ofensiva para conter os acidentes desse tipo.
De 2000 para 2011 os casos passaram de 13 para 81 mortes, um número recorde. Para tentar reduzir o índice, o Executivo irá, além de promover uma campanha educacional, endurecer a fiscalização de trânsito, com o foco principal nas motos.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que fez o estudo em parceira com a Secretaria Municipal de Saúde.
O levantamento revela também que desde 2006 as mortes causadas por acidente de trânsito superam os casos de homicídios na cidade. Foram 902 assassinatos neste período ante 1.193 vítimas fatais no trânsito.
As mortes em casos envolvendo motos passaram a liderar os óbitos por acidente em 2008, com 74 casos. O estudo apontou que as regiões Noroeste e Sudoeste do município são as que mais registraram ocorrências desse tipo (31,5 mortes para cada grupo de 100 mil e 27,7, respectivamente). Essas duas áreas concentram bairros das regiões do Campo Grande e Ouro Verde. O menor índice se dá na região Norte, onde fica o distrito de Barão Geraldo (17,5).
Segundo a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), de 1995 a 2011, a cidade registrou um aumento 365% da frota de motos.
Ação
O prefeito Jonas Donizette (PSB), afirmou que um dos focos do combate será a educação em escolas, a longo prazo, e a punição, mais imediata. “A Prefeitura irá levar nas escolas ações educativas, para conscientizar as crianças. Assim como faremos com adolescentes, que sonham com uma moto.” Ele afirmou que iniciará um projeto de construção de uma minicidade, para que as crianças visitem e tenham contato com o trânsito.
“Também temos o Observatório do Trânsito, que está em fase de formação e contará com integrantes da Secretaria de Saúde e da Emdec para fazer análises e ações no trânsito da cidade. Temos um projeto de readequação de vias que ainda está em estudo. Mas também entraremos no campo da punição.” O prefeito afirmou que irá pedir um endurecimento aos agentes que fazem a fiscalização nas ruas. “Punição para quem avança a faixa e desrespeita as leis de trânsito, além de focar nos motociclistas que não estão adequados.”
Só em 2011 foram 564 motociclistas acidentados internados no Sistema Único de Saúde (SUS) ou na rede conveniada. Segundo o secretário de Transportes e presidente da Emdec, Sérgio Benassi, o custo social da empresa com acidentes de trânsito entre 2007 e 2011 foi de aproximadamente R$ 1 bilhão. Esses custos incluem os serviços prestados pelas polícias Civil e Militar e Corpo de Bombeiros. O secretário afirmou que 70% dos acidentes com moto ocorrem com motociclistas que utilizam o veículo apenas para se deslocar para o trabalho ou estudo. “Achávamos que a maioria dos acidentados eram motoboys, mas não.”
Taxas
Em 2000 a taxa de morte de motociclistas era de 1,3 óbito para cada grupo de 100 mil habitantes da cidade. Já em 2011, ela subiu para 7,4. Do total de vítimas, 60% era homem, jovem, com idade entre 15 e 34 anos. Se considerar a taxa de mortalidade nessa faixa etária, o risco de morte de motoristas de moto em Campinas é muito maior do que em grande capitais. São 28,7 óbitos por cada grupo de 100 mil habitantes no município, enquanto que em São Paulo o índice é 17,7, em Curitiba, 13,1, em Brasília 14,3 e em Goiânia, 22,3.
A maioria das mortes nos 12 anos analisados ocorreram em colisões com carros (23,4%), quedas da moto (13,8%), colisão com árvore e muro (13,2%) e poste (8,6%). Apenas 33,6% dos acidentes de trânsito que envolvem motos não têm vítimas fatais. A cada mil acidentes com motocicletas, são registradas 21,5 mortes.