Prefeitura aceita assumir a gestão do estádio, desde que receba o conjunto esportivo renovado
A Prefeitura de Campinas está disposta a assumir a gestão do Estádio da Mogiana, desde que receba o conjunto esportivo do Estado recuperado. A proposta foi apresentada ontem pelo secretário de Esportes, Dario Saadi, em audiência pública na Câmara Municipal, que discutiu o projeto do governo do Estado para a venda daquela área. De acordo com o projeto que tramita na Assembleia Legislativa, o imóvel tem terreno com 26,5 mil metros quadrados e a área construída tem 6,8 mil metros quadrados. A proposta da Prefeitura é que o Estado deixe fora da venda os 6,8 mil metros quadrados que compõem o Estádio da Mogiana. Quem adquirir os 19,7 mil metros quadrados restantes deverá recuperar o estádio como contrapartida à aprovação do futuro empreendimento que vier a se instalar na área. Os deputados Rafa Zimbaldi (PSB) e Leci Brandão (PCdoB) já se dispuseram apresentar emenda nesse sentido. Zimbaldi acredita que será possível negociar com o Estado uma solução como esta, para que o Estádio da Mogiana fique com Campinas e possa ser utilizado para atividades esportivas. Saadi afirmou que a Prefeitura não tem recursos para recuperar o estádio. “Há um laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) que indica sérios problemas estruturais. Não sabemos se é possível recuperar e nem quanto isso custaria. O fato é que simplesmente transferir o imóvel para a Prefeitura como ele está significa transferir o problema”, afirmou. O Estádio da Mogiana foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Arqueológico e Turístico do Estado (Condephaat) em fevereiro do ano passado, mas ainda não houve a publicação da resolução do tombamento — a ata da reunião que decidiu pelo tombamento foi publicada no Diário Oficial do Estado em fevereiro de 2018. Também tramita no Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) processo de tombamento daquele espaço. Segundo o historiador Henrique Anunziatta, o estudo está pronto para ir à votação. O tombamento pelo Condephaat também não foi averbado na matrícula do imóvel, segundo informou o presidente da Câmara, Marcos Bernardelli (PSDB), na audiência pública da Comissão de Educação e Esportes, presidida pelo vereador Gustavo Petta (PCdoB). Representantes de universidades, historiadores, times amadores participaram da discussão, na tentativa de evitar uma forma de impedir a venda. Uma Comissão de Representação da Câmara, presidida por Petta, foi formada para conversar com o governo do Estado, a Secretaria de Esporte e a Assembleia Legislativa, para tentar reverter a intenção de venda do estádio. O estádio está desativado desde 2009, em função das condições precárias. Desde então, apesar de algumas equipes amadoras jogarem no campo, está proibida a presença de torcida, porque as arquibancadas estão interditadas, lamenta o dirigente do União Renascer, Ricardo Zimaro. Segundo ele, pelo menos dez times jogam com frequência naquele campo, o que mostra, afirmou, que o estádio não está abandonado. O prédio foi construído em 1940, com capacidade para 4 mil pessoas e tem, além da arena, escritórios fechados, como os modelos ingleses. O Mogiana já foi um dos principais estádios do País.