Após adoção pelo legislador, farmácia deveria ser responsável pelo espaço; limpeza levantou polêmica
Praça adotada por farmácia de vereador recebe serviço da prefeitura (César Rodrigues/AAN)
A praça Maria Clara de Souza Caixeta, na Vila Boa Vista, recebeu um mutirão de limpeza nesta terça-feira (3). Cerca de 15 funcionários de uma empresa terceirizada que presta serviços para a Prefeitura foram até o local para recolher montanhas de folhas que estavam espalhadas pela praça. Seria apenas mais uma atividade de rotina desenvolvida pelo Departamento de Parques e Jardins (DPJ), mas a ação gerou uma polêmica que promete repercutir pelos próximos dias. A praça foi adotada pela drogaria Via Norte, que tem como um dos sócios o vereador Jorge dos Santos Montanari, o Jorge da Farmácia (PSDB). Pela lei da adoção de praças, a limpeza e manutenção fica a cargo da pessoa jurídica que assumiu o local, e não da Prefeitura. O tucano afirmou que não sabe quem pediu para a Administração Municipal uma equipe de limpeza no local e sugeriu que houve um complô para desmoralizá-lo. Alguns moradores do bairro estranharam a movimentação no local. Os funcionários rastelaram a grama e recolheram as folhas que ficaram amontoadas. “Depois que o Jorge (vereador) pegou, (a praça) ficou limpa. O matão que estava aqui dava até medo”, disse o aposentado Antonio Penachin, de 74 anos, que informou nunca ter visto tanta gente trabalhando na praça. A proprietária de um bar localizado em frente sugeriu que a ordem da limpeza não foi do vereador. “Quem mandou a Prefeitura limpar? Eu acho que o vereador nem está sabendo”, disse a mulher, que se identificou apenas como Valkíria. “A impressão que eu tenho é que ele (vereador) é o responsável. É como filho, deu o nome e tem que assumir, tem que bancar”, disse Benedito Carlos do Amaral, de 60 anos. Na praça há duas placas com o nome da farmácia do vereador, informando a adoção, conforme permitido por lei. Por conta disso, são os proprietários da drogaria que devem arcar com os custos da limpeza. O parlamentar diz que cumpre o texto à risca. Ele disse que se surpreendeu com a limpeza e que em nenhum momento pediu ao DPJ para que a o serviço fosse realizado. “Sempre mantenho a praça limpa, inclusive, ela estava limpa. Faço tudo como manda a lei da adoção. Não sei quem armou isso e chamou a reportagem”, declarou, sobre uma suposta armação para prejudicá-lo. Ele não informou quem poderia ter feito o pedido de limpeza. Montanari enviou um ofício ao secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, para justificar o episódio. No texto, ele afirmou que segue o Termo de Adoção e que paga pelo serviço. “O recolhimento de folhas e galhos é feito por funcionário contratado especificamente para executar esse tipo de serviço, sendo assim, não há necessidade da realização desse tipo de limpeza. Tal ação é responsabilidade assumida pela drogaria Via Norte”, informou no documento.