Outras medidas anunciadas por Dário Saadi restringem entrada em supermercados e padarias
Familiares participam de mais um sepultamento em Campinas: desde o início da pandemia, a covid matou 2.198 pessoas na cidade (Kamá Ribeiro/ Correio Popular)
Depois de 15 dias seguidos de adoção de medidas de restrições acompanhadas de recordes de casos de contaminação e mortes provocadas pela covid-19, a Prefeitura de Campinas resolve endurecer as regras com atividades até então consideradas essenciais, como supermercados e padarias, além de adotar a implantação de barreiras sanitárias em todas as entradas do Município a partir de sexta-feira. A ideia é controlar ainda mais a circulação e evitar que pessoas contaminadas de outras regiões entrem na cidade.
A nova medida de restrição foi anunciada ontem pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) em uma entrevista coletiva transmitida pelas redes sociais e passa a valer com a publicação de um decreto hoje no Diário Oficial do Município.
Com elas, a entrada em supermercados, padarias e outros serviços alimentícios fica restrita a uma pessoa por família. A medida será válida a partir de amanhã e dura até o dia 4 de abril. Todas as restrições impostas pela fase emergencial seguem valendo.
Veterinários e petshops passarão a atender apenas casos de emergência. A mesma regra vale para os serviços de manutenção predial, hidráulica e elétrica, e serviços da área da saúde. Concessionárias de veículos não mais poderão permanecer com as portas abertas para comercialização. Apenas serviços de mecânica.
As novas restrições impostas atingirão ainda os serviços de drive-thru que ficarão restritos às atividades de alimentação. A partir do decreto de hoje, não serão mais permitidos que os comércios trabalhem com a entrega de mercadoria para clientes na porta dos estabelecimentos. Só estará permitido funcionar serviços de delivery. "O serviço estava sendo desvirtuado. A pessoa passava em uma loja e pegava o produto, mas isso é retirada", disse o assessor da Secretaria de Justiça, Rafael Saidemberg Ottaviano.
Segundo a Prefeitura, as novas restrições foram necessárias para conter o avanço da transmissão do coronavírus na cidade e tentar aumentar o índice de isolamento social, hoje em 41%. O recomendado para conter a transmissão do vírus é de no mínimo 50%.
Barreiras sanitárias
Segundo o prefeito, as barreiras sanitárias ocorrerão em postos estratégicos da cidade e que não poderão ser divulgados. A ideia é diminuir a circulação na cidade de pessoas de outras regiões, entre elas São Paulo. Outras cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), também adotarão a medida.
"Os veículos serão parados e as pessoas indagadas. As que não têm justificativa serão orientadas a voltar para suas residências de origem. As pessoas devem justificar do ponto de vista do que veio fazer em Campinas. Se for morador, será liberado imediatamente. Se for de fora, terá que justificar o motivo da viagem", explica o prefeito.
O temor de que as pessoas migrem da capital para o interior após o anúncio do Governo de São Paulo de antecipação do feriado da Páscoa também impulsionou a adoção das barreiras. Conforme a Prefeitura, em Campinas o trabalho funcionará com o apoio das forças de segurança da cidade. Tanto a Guarda Municipal quanto a Polícia Militar estarão empenhadas na fiscalização.
Até ontem, a covid-19 já havia acometido 78.440 pessoas em Campinas. Sendo que 583 contraíram a doença apenas nas últimas 24 horas. O número de mortes chegou a 2.198. E o sistema de saúde tanto da rede municipal quanto privada seguem colapsados. De acordo com a Prefeitura, 100 pessoas seguem na fila por um leito de enfermaria e 103 por um leito em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Na cidade, foram aplicadas a primeira dose da vacina em 124 mil, sendo que 41 mil receberam também a segunda dose do imunizante.
Sem lockdown
O prefeito Dário Saadi voltou a dizer que o lockdown é difícil de ser aplicado em Campinas. Dário recuou da possibilidade de adoção da medida contrariando a maioria da classe médica que a recomenda como forma de conter a circulação do vírus.