CAMPINAS

Prefeitura faz alerta contra nascentes contaminadas

Em locais tradicionais, placas tentam evitar que população pegue água de qualidade duvidosa; uso das minas aumentou nos últimos meses por causa da crise hídrica

Eric Rocha
14/07/2015 às 05:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 16:44
O porteiro Ezequiel Bento é um dos que não têm medo de usar a mina na Vila Nogueira: "Tomo sempre" (Camila Moreira/ AAN)

O porteiro Ezequiel Bento é um dos que não têm medo de usar a mina na Vila Nogueira: "Tomo sempre" (Camila Moreira/ AAN)

Dez nascentes que ficam na área urbana de Campinas ganharam placas para indicar que a água que verte destes locais é imprópria para o consumo. A justificativa da Secretaria de Saúde é que essas minas d’água são confundidas com fontes de água mineral, mas não são potáveis, já que não atendem aos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde. De acordo com a Prefeitura, essas nascentes são de fácil acesso à população e vulneráveis às contaminações do solo, com risco químico e bacteriológico.O Departamento de Vigilância em Saúde informou que o uso das minas aumentou nos últimos meses por causa da crise hídrica. A praça Antônio Rodrigues dos Santos Júnior, na Vila Nogueira, é um dos locais que recebeu a sinalização na semana passada. O Correio constatou ontem que a placa de alerta havia sido retirada. Segundo moradores da região, algum vândalo teria arrancado a estrutura durante o fim de semana. Apesar de ser considerada imprópria, muitos se arriscavam a beber a água que verte da nascente. “Tomo sempre que venho na praça, conheço muita gente que leva de galão”, disse o porteiro Ezequiel Bento, de 49 anos. O padeiro Valdinei Lima de Castro, de 35 anos, foi outro que se arriscou. “Para mim nunca fez mal. Pego para levar para o meu pai que tem diabetes porque é muito boa. Tem gente até que vende”, contou. Os dois relataram que a população do bairro consome a água no local há pelo menos 20 anos.Enquanto a reportagem esteve na praça, o movimento na mina era intenso, com até crianças usando o local. A maioria das pessoas, porém, preferia apenas armazenar a água em grandes recipientes. O polidor de carros Ricardo André, de 35 anos, por exemplo, encheu ao todo 16 galões. Ele confessou já ter tomado a água, mas disse que hoje prefere levá-la para usar na limpeza da casa e de seu veículo. “A água da rua está muito cara. Muita gente usa a mina para lavar os carros de fim de semana”, afirmou. A Prefeitura informou que vai avaliar como colocará uma nova placa no local, por considerar que houve um crime contra o patrimônio público.Segundo a coordenadora da Vigilância Ambiental de Campinas, Ivanilda Mendes, a população destes locais nunca foi orientada a tomar água dos mananciais, apesar disso ser tradição nos bairros. “A água não deve ser usada para o consumo humano porque não recebe nenhum tipo de tratamento ou controle. A ingestão para produção de alimentos e higiene pessoal deve ser feita com água potável, que é a do sistema público de abastecimento”, avaliou Ivanilda.De acordo com a coordenadora, as nascentes não passaram por análise de qualidade individual por ser uma ação “inviável” e porque elas jamais passariam em todos os critérios e parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde. “Não se analisa porque a água não é para recurso humano. É apenas um recurso natural.” Por não ter a qualidade conhecida, o seu consumo pode provocar diarreia ou outros problemas de saúde, dependendo das substâncias que apresentarem na composição.ConscientizaçãoApós a instalação das placas de alerta, o Departamento de Vigilância em Saúde promete continuar com o trabalho de conscientização. Haverá distribuição de panfletos sobre o fato dessas águas serem impróprias e ações integradas com os profissionais das unidades de saúde que ficam próximas às minas. “Para que as equipes fiquem atentas a qualquer situação na qual possam alertar a população sobre o consumo da água das nascentes. É uma ação mais cotidiana”, disse Ivanilda. Os técnicos também vão fazer, por exemplo, o monitoramento dos atendimentos por diarreia aguda ou qualquer outra situação que possa estar relacionada ao uso dessas águas não potáveis.O mapa das minas1) Praça Antônio Rodrigues dos Santos Júnior, em frente ao número 127 - Vila Nogueira2) Rua Manoel Pereira Barbosa, em frente ao número 196 - Taquaral.3) Rua Hermantino Prado - Jardim Carlos Lourenço4) Rua Maria da Gloria Vilela, 182 - São Bernardo5) Rua Ferdinando Turquetti, ao lado da ponte sobre o córrego - Jardim São José6) Rua Vitor Meireles, na travessa com o Rodoanel José Roberto Magalhães Teixeira - Jardim Esmeraldina7) Rua Iberê Gomes Grosso - a mina fica dentro da praça, em um campo de futebol - Jardim Estoril8) Esquina das Ruas Iguapé e Itatibaia - Colina das Nascentes 9) Cruzamento das Avenidas Transamazônica e Padre Manoel da Nóbrega, perto da Rua Borba Gato - Jardim Garcia10) Avenida da Sanasa, antiga rua 1 - Nossa Senhora AparecidaA Prefeitura também promete instalar uma placa de alerta em uma mina que fica no final da Rua Antônio Carlos do Amaral, no Satélite Íris I. A sinalização ainda não foi feita porque a Vigilância Ambiental ainda está estudando alternativas para sinalizar o local, que tem um terreno muito arenoso.

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