PAULÍNIA

Prefeitura deve água, gás e deixa faltar merenda

Fornecedores ficaram até 60 dias sem receber; pais de alunos em creches denunciam falta de comida, material e más condições estruturais

Sarah Brito
sarah.brito@rac.com.br
22/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 03:06

Emei Prefeito José Pavan: contrato cancelado deixa alunos sem comida ( Carlos Sousa Ramos/ AAN)

Marcada por troca de prefeitos e ingerência administrativa, Paulínia enfrenta as consequências da crise política. Serviços essenciais, entre unidades de saúde e escolas, passam por um período de dificuldades. Há pelo menos 20 dias, faltam itens básicos na merenda escolar da cidade, como feijão e pão francês.   Segundo servidores públicos e relatos de mães, as comidas fornecidas estariam estragadas e com bichos. Paulínia também estava com aviso de corte em serviços como gás e telefonia, quitados essa semana de acordo com o semanário oficial. Também há contas não pagas de água, há pelo menos um ano. A crise política ocorreu devido a uma série de cassações do ex-prefeito Edson Moura Júnior (PMDB), por irregularidades em campanha. Ele deixou o cargo na Prefeitura no começo de fevereiro após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).   No total, foram sete cassações. Hoje, quem governa a cidade é o prefeito José Pavan Júnior (PSB). Ele assumiu a Administração em 9 de fevereiro. Nas unidades escolares, faltam ainda material e há relatos de infraestrutura precária. Na creche Rosa Vassalo Sacomandi uma servidora pública, que pediu para não ser identificada, denunciou, entregando um bilhete à reportagem, que a unidade está com “rachaduras enormes, só tem uma porta, não tem extintor e há bichos na comida”. A creche chegou a solicitar às famílias que enviassem alguns mantimentos para as crianças. De acordo com a Prefeitura, a unidade é uma das cinco que passarão por reforma este ano. A assistente comercial C. O, de 38 anos, tem um filho que estuda na Escola Municipal de Ensino Infantil Prefeito José Pavan. Segundo ela, ele pediu que ela enviasse feijão para a escola, “para ajudar”. “A diretora me confirmou a falta. Também falta pão, leite... É revoltante”, disse.   Uma mãe que pediu para não ser identificada, cujo filho estuda na creche Rosa Vassalo Sacomandi, percebeu que faltam itens da merenda escolar porque não havia mais sopa no cardápio. O Departamento de Alimentação e Nutrição (DAN) da Prefeitura informou na quarta-feira que a empresa que ganhou a licitação no ano de 2014 não teve seu contrato assinado pelo prefeito anterior (Edson Moura Júnior). Com isso, não há hoje empresa que forneça o grão, e o DAN trabalha com o estoque.   O órgão informou ainda que não há alimentos com bichos, uma vez que o alimento das crianças é o mesmo dos funcionários. Na semana passada, a Prefeitura fez um contrato emergencial com duas empresas — no valor total de R$ 4 milhões — para entregar 64 itens da merenda escolar.   Esse contrato tem validade de seis meses ou até a licitação ficar pronta. Esse contrato emergencial passou a valer essa semana e, segundo a Administração, a merenda escolar começou a ser regularizada.ContasPaulínia devia R$ 297.045,37 de gás, telefone e merenda escolar, segundo o semanária oficial da cidade. O Diário Oficial da cidade é publicado uma vez por semana. Segundo a Secretaria de Finanças e Administração, as empresas Consigaz, Telefônica e F. G. Junior ameaçaram cortar os serviços, caso a dívida não fosse paga. No total, a Prefeitura deixou de pagar 40 notas fiscais, emitidas pelas empresas. Os fornecedores de gás e telefone, para as áreas de Saúde e Educação, estavam sem receber há 52 e 60 dias, respectivamente, segundo informou a Secretaria de Finanças. Segundo o atual prefeito, a Administração pública, no início do ano, devia 480 cheques a fornecedores. Em energia, o débito era de R$ 2 milhões.   Para a Sabesp, que administra o uso da água na cidade, são 678 contas, desde fevereiro de 2014, que não foram pagas. O valor total equivale a R$ 1,05 milhão. O valor total de débitos da Prefeitura de Paulínia seria algo em torno de R$ 160 milhões.

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