JARDIM CHAPADÃO

Prefeitura desocupa famílias em área do VLT

Previsão é de que obras do corredor para o ônibus rápido devem começar até o fim deste ano

Cecília Polycarpo
15/06/2013 às 07:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 12:03

A Prefeitura de Campinas começou nesta sexta-feira (14), a remoção das famílias que moram em habitações irregulares às margens da linha do extinto veículo leve sobre trilhos (VLT).

Funcionários da Companhia de Habitação Popular de Campinas (Cohab), com o apoio de pelo menos dez guardas municipais, destruíram três barracos de madeira, que estavam ocupados, e três imóveis vazios na Rua Doutor Paulo Florence, no Jardim Chapadão. Foi dado ainda prazo de 30 dias para duas famílias saírem do local e para dois galpões de comércio de ferro-velho serem desmontados.

A Secretaria de Habitação informou que os moradores foram notificados há dez dias sobre a impossibilidade de permanecerem no local. Em março, o secretário de Relações Institucionais, Wanderley Almeida, anunciou que todos que moravam nas estações desativadas e no leito do VLT seriam removidos até o final do ano.

A área será usada nas obras de implantação do corredor BRT (da sigla em inglês de trânsito rápido de ônibus), que devem começar até o final deste ano. A previsão é de que a construção fique pronta em 2017.

Apesar dos avisos, as famílias disseram ao Correio que foram pegas de surpresa pela desocupação.

A ação começou por volta das 10h, no início da via. A primeira casa a ser destruída foi a da pensionista Dora da Silva Andrade, de 46 anos, que afirmou não ter para onde ir. A mulher mora há dois anos no local e disse que havia acabado de ganhar eletrodomésticos para mobiliar a casa. “Como eu vou levar todas as minhas coisas para um albergue? Para os outros roubarem? Não tenho lugar para deixar nada”, disse.

Gilmar Rocha, de 25 anos, disse ter investido R$ 10 mil em uma casa de alvenaria no local, onde mora com a mulher e dois filhos. “Eu sabia que aqui era área da Prefeitura, mas o espaço estava abandonado há anos. Não imaginei que eles fossem usar para alguma coisa”, explicou o instalador de antenas, que agora tem 30 dias para deixar a residência.

O instalador técnico Izequiel Silva, de 35 anos, afirmou que técnicos da Prefeitura haviam vistoriado há pouco tempo sua casa e informado que ele não precisaria deixar o local este ano. “Agora deram um mês para eu conseguir outra casa. Não tenho condições de pagar R$ 900 por mês de aluguel.”

O marceneiro Luiz Rodrigues Trindade, de 70 anos, mantém há 14 anos sua oficina na área irregular. “Os vizinhos acham ótimo que tenha alguém cuidando do local. Antes o matagal servia de esconderijo para bandidos”, disse Trindade, que também terá de desmontar o comércio em 30 dias.

Morador de uma casa regular na rua, Eduardo Minuzzi afirmou ser a favor da permanência das habitações. “Eles não fazem mal a ninguém e ainda cuidam do terreno. A Prefeitura nunca se preocupou com o mato e com a sujeira na área do VLT.”

O dono de um dos ferros-velhos que funcionam na rua afirmou que tem mais de R$ 15 mil em mercadoria no local. “Recebi a notificação. Mas não tenho como remover todo o material. Já estou ligando para alguns clientes para virem pegar a sucata”, disse.

VLT

A Secretaria de Transportes informou que cerca de oito quilômetros do traçado do VLT serão reaproveitados para o BRT. Um deles é um trecho de aproximadamente quatro quilômetros no Corredor Campo Grande, entre a rodoviária de Campinas e a Vila Aurocan.

E o outro é no Corredor de Interligação, onde será utilizado outros quatro quilômetros, entre a região do Campos Elíseos e a região da Vila Aurocan e Vila Iapi.

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