INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

Prefeitura de Campinas vai enviar projeto do PIDS à Câmara em outubro

Proposta altera a estrutura urbanística de 17,7 milhões de metros quadrados

Luis Eduardo de Sousa/ [email protected]
01/06/2023 às 08:53.
Atualizado em 01/06/2023 às 08:53
Estado comprou em 2014 a Fazenda Argentina para desenvolver o campus da Unicamp; a partir daí começou-se a discutir como fomentar o Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (Kamá Ribeiro)

Estado comprou em 2014 a Fazenda Argentina para desenvolver o campus da Unicamp; a partir daí começou-se a discutir como fomentar o Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (Kamá Ribeiro)

A Prefeitura de Campinas revelou com exclusividade ao Correio Popular que vai enviar em outubro o projeto do Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (PIDS) à Câmara Municipal. O projeto, que altera a estrutura urbanística do quadrilátero entre as rodovias Dom Pedro I (SP-065) e Governador Adhemar Pereira de Barros (SP-340), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), levou pelo menos cinco anos para tomar a solidez necessária antes de ser apresentado ao Legislativo. Agora, depois de dezenas de reuniões com moradores e todo o processo legal, o Executivo confirmou que outubro é o mês chave para conclusão do trabalho. A informação foi confirmada pela secretária de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho. Ela acredita, no entanto, que o projeto será votado apenas no ano que vem, após o recesso de fim de ano dos vereadores.

O PIDS é uma das principais bandeiras da atual gestão.

O espaço completo contempla um total de 17,7 milhões de metros quadrados. Destes, 12 milhões devem compor apenas o HIDS, que é parte do PIDS. Esta área, especificamente, deve funcionar como uma Zona de Ativação Econômica (ZAE), contemplando apenas empresas e demais empreendimentos idealizados.

A secretária explicou que a primeira ideia apresentada para a região foi a do HIDS. A sugestão por parte da Administração de zonear os outros 5,7 milhões de metros veio depois, para expandir e dar força ao próprio Polo. Caso a Administração obtenha alguma resistência por parte da população, o projeto deve sair apenas com os 12 milhões de metros quadrados, área entre a Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas e a Unicamp, que contempla a Fazenda Argentina.

“O HIDS é a delimitação de um território que foi discutido lá atrás quando o Estado comprou a Fazenda para desenvolver o campus da Unicamp. Quando isso aconteceu, em 2014, começou-se a discutir como fomentar o polo. Então, neste quadrilátero desenvolveram-se estudos para que a gente pudesse fomentar o desenvolvimento da região com empresas de ciência, tecnologia e inovação”, explicou a secretária.

Diante do desafio de traçar um projeto para o espaço, a Administração buscou recursos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para estudar o local e consolidar o planejamento urbanístico. “Foi um investimento de R$ 1 milhão”, sustentou Baracat, “só para desenhar o zoneamento para a área”, completou.

Economistas ouvidos pela reportagem e que atuam em universidades dentro do escopo do HIDS avaliaram que o projeto é importante para realocar a cidade na trilha do desenvolvimento econômico. Para eles, o surgimento do PIDS (e consequentemente do HIDS) se faz necessário o quanto antes, de modo a despertar um novo potencial econômico à Campinas. Eles acham que o projeto ganha ainda mais força com a área total.

Após a elaboração do projeto, a Prefeitura começou a discuti-lo com os moradores da região. Há uma certa resistência por parte de alguns residentes de Barão Geraldo, que temem fortes impactos na região, como especulação imobiliária e falta de infraestrutura para atender o adensamento populacional gerado, com reflexos no sistema viário, saúde, educação e meio ambiente.

A titular de Urbanismo disse que, além do receio de parcela da população, não há nada concreto com potencial de travar o projeto. Até quarta-feira (31) já haviam sido realizadas 12 reuniões para explicar e debater o PIDS com os moradores.

Antes do projeto ir à Câmara, duas reuniões devem ser realizadas, sendo uma delas uma audiência pública na Casa de Leis. 

IMPORTÂNCIA

Para economistas ouvidos pela reportagem, o projeto tem enorme potencial em razão da boa infraestrutura da região. Eles avaliaram que o surgimento do PIDS coloca a cidade em outro patamar de desenvolvimento econômico.

“O crescimento econômico depende de investimentos e da inovação. A nossa região é considerada, ainda que de forma simples, o vale do silício brasileiro. Temos um aeroporto internacional, proximidade com o Aeroporto de Guarulhos, com a cidade de São Paulo, com portos e grandes universidades. Ou seja, a região é uma vitrine do País, de forma que nos sentimos responsáveis por desenvolver inovação”, disse o economista e professor da PUC Campinas, Eli Borochovicius.

Borochovicius acha ainda que o Polo, caso obtenha sucesso, poderá servir de modelo para outros estados e cidades do País.

O professor Cândido Ferreira Filho, também da PUC, avaliou que a dinâmica da economia muda e Campinas deve se adaptar a essas mudanças. “Nós temos que entender que esse mundo que nós temos hoje foi construído em cima do uso intensivo dos recursos da natureza, do uso dos combustíveis fósseis, é um mundo que gera muitos resíduos, em que se consome água em excesso. Esse mundo precisa ser superado, esse estilo já se esgotou e o momento exige mudança”.

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