FIAÇÃO VOLTARÁ A SER AÉREA

Prefeitura de Campinas vai desenterrar cabos de energia da 13 de Maio

Calçadão ganhará ‘telhado’ de guardas-chuvas coloridos, bancos e lixeiras de concreto

Thiago Rovêdo/ [email protected]
20/07/2022 às 08:59.
Atualizado em 20/07/2022 às 09:13
Nas obras da Rua 13 de Maio em 2003, todos os cabos de energia elétrica foram enterrados sob o calçadão, para remover a fiação que ficava suspensa (Cedoc)

Nas obras da Rua 13 de Maio em 2003, todos os cabos de energia elétrica foram enterrados sob o calçadão, para remover a fiação que ficava suspensa (Cedoc)

A Prefeitura de Campinas anunciou na terça-feira (19) que irá desenterrar os cabos de energia da Rua de 13 de Maio e eles voltarão a ser suspensos, como eram antes da grande reforma ocorrida no Centro da cidade em 2003. A medida integra o projeto de mobiliário urbano que contemplará a instalação de sombrinhas coloridas, bancos e lixeiras de concreto em trechos do calçadão da via — conhecido por Convívio. As obras serão executadas pela Construtora Patriani, que venceu o chamamento público aberto para doação e instalação de decoração e mobiliário urbano na rua.

O chamamento público foi realizado pela Prefeitura no início de julho. A ação integra as iniciativas do Plano de Requalificação da Região Central de Campinas (Prac). A projeção da Administração é que toda a intervenção seja finalizada até dezembro, antes do Natal.

O projeto foi apresentado na terça-feira (19) para mais de 50 pessoas, entre comerciantes e autoridades, em reunião na Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC). Ao anunciar as obras, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Adriana Flosi, que também é presidente da ACIC, explicou que desenterrar os cabos de energia se faz necessário por fatores como segurança pública e até mesmo a melhoria do fornecimento de energia aos lojistas.

"A obra da 13 de Maio não foi tão boa igual da Avenida Francisco Glicério. Os cabos ficam expostos à chuva, água e, principalmente, a roubos. Por conta desses motivos, o fornecimento de energia, às vezes, acaba falhando. Decidimos que o melhor é desenterrar os cabos e suspendê-los novamente, porque a outra alternativa é uma nova obra, nos moldes que foi feita em 2003, rasgando a 13 de Maio de novo", contou.

O projeto proposto pela Construtora Patriani prevê a instalação de estruturas metálicas com 950 guarda-chuvas coloridos fixados por cabos de aço a uma altura de seis metros do solo, que cobrirão seis das nove quadras do calçadão: da Estação Cultura até a praça anterior à Catedral Metropolitana. Os guarda-chuvas serão intercalados ao longo da via, visando dar área de sombreamento, mas também manter o espaço arejado. 

Além disso, serão instalados 50 pufs redondos, 30 bancos retangulares vazados — para evitar o acúmulo de água — e lixeiras próximas aos postes de luz, todos confeccionados em concreto. O mobiliário urbano ficará a cerca de um metro e meio da entrada das lojas e será disponibilizado de forma espaçada pelas quadras.

Apesar de prever a conclusão até o Natal por conta do movimento, a expectativa do município é que tudo seja executado em etapas, com alguns trechos sendo entregues antes dos outros. Porém, não há data para o início dos trabalhos. "Os guarda-chuvas já estão disponíveis, porém as treliças de metal precisam ser encomendadas aos poucos, até para ter um local adequado para armazenamento. Porém, conforme for entregando, a construtora pode começar a obra e ir fazendo por etapas", afirmou a secretária de Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho. Ela afirmou que a fiação aérea de energia elétrica será ocultada pelo 'telhado' de guarda-chuvas.

Opiniões

Os lojistas e diretores da Associação Comercial e Industrial de Campinas puderam conhecer o projeto, tirar dúvidas e apresentar sugestões. Eles saudaram a iniciativa como positiva, porém, o vice-presidente da ACIC, Guilherme Campos, ressaltou que ainda falta um projeto integrado para o Centro da cidade. "Esse governo tem trabalhado pelo Centro, com diversas ações, mas acho que ainda falta um projeto mais integrado. O Centro precisa de vida, de moradia, de atividades culturais, para deixar de ser um local abandonado como ele está", afirmou.

Tanto comerciantes como frequentadores da 13 de Maio viram com bons olhos essa intervenção, mas alertam para os problemas que essa iniciativa pode gerar a longo prazo."Claro que todo mundo quer ver a 13 de Maio bonita, mas tem que pensar em um jeito dos bancos não virarem camas para os moradores em situação de rua. É só olhar para os que existem hoje e como eles são todos ocupados por essa população. Eu tenho receio da população acabar não utilizando por conta disso", afirmou o comerciante Carlos Roberto Schultz.

A vendedora Andressa Matias, que trabalha perto do Centro, contou que gostou da ideia, já que ela vem comer muitas vezes no Convívio e seria bom ter um local para sentar durante o horário de almoço. "Até tem bancos aqui, mas eles são poucos e estão sempre ocupados. Acho interessante essas novas obras. Também gostei das sombrinhas, que vão dar um pouco de sombra", disse.

O comerciante Raul Valverde Barros tem a mesma preocupação em relação aos moradores em situação de rua. "Não vi as imagens de como vai ficar, mas pelo que me contaram será bonito e bom. Meu receio é com a quantidade de gente que fica na rua. Eles dormem aqui no chão e, se houver bancos, vão usar eles como cama", comentou.

Revitalização

A intervenção na Rua 13 de Maio faz parte da proposta da requalificação do Centro. Em agosto, está previsto o início das obras na Avenida Campos Sales. Atualmente, o projeto de revitalização da via passa por uma simplificação, de modo a torná-la mais adequada às dificuldades impostas pela crise econômica em curso no País. Para compensar as alterações no projeto, que devem afetar a forma como ocorrerá a ampliação das calçadas e a troca de pavimento, a Administração decidiu incluir a construção de uma ciclovia no local. 

As obras na Campos Sales foram anunciadas em 2021 a partir de investimentos de cerca de R$ 12 milhões, sendo a maior parte oriunda de recursos de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). A previsão é de duração de 12 meses e a obra é de responsabilidade da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).

Entre as mudanças mais significativas, está a ampliação das calçadas em dois metros de cada lado, o que deve ocorrer a partir da remoção das bancas, que passariam a ser acomodadas em uma faixa de rolamento pintada e sinalizada a ser criada na via pública, do lado esquerdo da avenida. A alternativa estudada evita as obras estruturais de alargamento. 

Outra discussão ainda em relação à calçada está em torno do tipo de piso a ser instalado. O projeto original previa um material semelhante ao usado na Avenida Francisco Glicério, mais resistente e com padrão de qualidade atestado em outros projetos de revitalização ocorridos em capitais brasileiras. Agora, isso está sendo revisto.

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