“Área sujeita a alagamento. Em caso de chuva, evite essa via”, informa a placa amarela instalada pela Emdec na Avenida Orosimbo Maia (Rodrigo Zanotto)
Orçada em aproximadamente R$ 600 milhões, valor equiparável ao investido no sistema BRT, a busca por fontes de investimento para financiar as obras de contenção de enchentes em Campinas - que já se arrasta há quase dez anos - finalmente parece que alcançará o seu objetivo. A Prefeitura de Campinas informou na sexta-feira (16) ter recebido uma sinalização positiva do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Corporação Andina de Fomento (CAF), com sede em Caracas na Venezuela, para o financiamento das obras de combate às enchentes nas bacias do córrego Serafim, na Avenida Orosimbo Maia, e do córrego Proença, na Avenida Princesa d'Oeste.
Além do financiamento externo, a Prefeitura vai usar recursos próprios como contrapartida do Município. Com essa sinalização, a Administração iniciou a elaboração do edital para a licitação, com a atualização do orçamento das obras. O edital deve ser publicado no primeiro quadrimestre de 2023. Na primeira fase, serão licitadas três obras de um total de oito nessas duas bacias (córregos Serafim e Proença). Serão dois piscinões na Princesa d'Oeste e um na Orosimbo Maia. A estimativa de custo das obras desta primeira etapa é da ordem de R$ 300 milhões.
Na segunda fase, serão mais cinco obras: um piscinão na Orosimbo Maia, um na Norte Sul/ Princesa d'Oeste, uma terceira obra de remodelação no piscinão já existente na avenida Norte Sul (que servirá para os dois córregos), uma obra de alargamento de calha na Norte Sul (na altura da antiga sede da Administração Regional 2) e uma outra obra de alargamento de três pontes na Orosimbo Maia.
Placas de sinalização
Para alertar condutores sobre pontos de alagamento, a Prefeitura decidiu instalar placas de advertência onde há pontos de alagamento na cidade, inclusive na avenida Princesa D´Oeste, palco de duas cenas dramáticas provocadas pela força da água, com carros arrastados e vítimas resgatadas. Em dezembro de 2021, uma mulher morreu no local. De acordo com assessoria da Administração, a medida é emergencial e visa ampliar a segurança dos condutores e preservar vidas'. São três modelos de placas, com as orientações "Área sujeita a alagamento / Em caso de chuva, evite esta via", "Evite estacionar e transitar neste local em caso de chuva forte" e "Amarelo Piscante. Alagamento à frente". No total, seis pontos da cidade receberam as placas. Uma nova câmera de monitoramento, ligada à Central Integrada de Monitoramento de Campinas (CIMCamp), também foi implantada na Avenida Princesa D'oeste, na altura do cruzamento com a Avenida Ayrton Senna.
Seis pontos receberam oito placas, nas regiões da Avenida Princesa D'Oeste, Avenida Orosimbo Maia e Curtume. Gradativamente, outros pontos destas regiões receberão o reforço na sinalização, além da Avenida Heitor Penteado e regiões do Piçarrão e Taquaral. A estimativa é que os trabalhos de reforço na sinalização estejam finalizados até a próxima quintafeira, 21 de dezembro.
"Esta é uma medida preventiva, que busca salvaguardar vidas no trânsito e educar os condutores para que evitem as regiões sinalizadas. E é complementar ao plano operacional praticado pela Prefeitura para evitar os alagamentos, que inclui a limpeza de córregos e obras de infraestrutura a longo prazo", explica o prefeito Dário Saadi.
O presidente da Emdec, Vinicius Riverete, detalha que "os alertas estimulam que os condutores se preservem em caso de alagamentos e evitem situações em que veículos estacionados são carregados pela correnteza. O objetivo está alinhado ao da própria Emdec - prevenir acidentes e salvar vidas no trânsito", disse.
O projeto envolve ainda a inserção de alertas em um Painel de Mensagem Variável (PMC) itinerante, que será alocado em pontos estratégicos, anteriores às áreas mais críticas para que os motoristas desviem da região. A ação será iniciada pela Avenida Princesa D'Oeste. Mensagens de advertência aos condutores também serão instaladas nos relógios digitais da Setec.
Últimas chuvas
No domingo e na última segunda-feira (dias e 11 e 12), Campinas foi atingida por fortes chuvas que provocaram alagamentos, quedas de árvores e muros, fechamento de centros de saúde, entre outros. Para se ter uma ideia da quantidade de água, só na primeira quinzena de dezembro, o município registrou cerca de 80% das chuvas previstas para todo este mês, no total de 209 mm esperados. Na segunda, dois carros foram arrastados pela força das águas, sendo necessário, em um deles, resgatar três vítimas na Princesa D´Oeste.
No domingo, na mesma via, uma família de São José dos Campos, que passava pela cidade, viveu momentos de pânico ao ficar ilhada dentro do próprio carro. Ao solicitar socorro, eles registraram em vídeo à situação desesperadora pela qual passavam e as imagens viralizaram na internet. Menos de vinte e quatro horas depois, três mulheres vivenciaram sufoco semelhante e, basicamente, no mesmo ponto, porém, do outro lado da via
Segundo Sidnei Furtado, coordenador regional da Defesa Civil, os temporais têm sido rápidos, porém, extremamente intensos, o que preocupa. "Temos três pontos de alerta em relação às ocorrências. O primeiro é justamente quanto ao alto volume em pouco tempo, que deixa o solo encharcado. O nosso sistema de drenagem é antigo e não comporta esses volumes que estão sendo registrados. Há riscos de desmoronamento de muros e quedas de árvores com o solo saturado. Os pedidos de vistorias aumentaram nos últimos dias. É importante, ao menor sinal de risco, acionar a Defesa Civil."