Total de casos acumulados até sexta-feira era o equivalente a 63% de todas as infecções registradas em 2023
Das 8h às 12h, equipes visitarão os bairros Vila Vitória, Mauro Marcondes, Vida Nova I, Vida Nova II e Parque Aeroporto; município está em alerta vermelho para a dengue (Rodrigo Zanotto)
A Prefeitura de Campinas faz amanhã mais um mutirão para a prevenção e combate à dengue. Desta vez os bairros escolhidos são Vila Vitória, Mauro Marcondes, Vida Nova I, Vida Nova II e Parque Aeroporto. A ação acontece das 8h às 12h. Inicialmente, o mutirão quinzenal estava previsto para o dia 17, mas devido ao feriado de Carnaval teve de ser remanejado. Até sexta-feira (23) à tarde, a cidade contabilizava 7.277 casos de dengue e um de chikungunya, ambos transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. Ou seja, o município já tem, em dois meses, 63% de todos os casos do ano passado, quando foi decretada a epidemia, com 11.498 notificações e três óbitos.
Em nota, a Prefeitura disse que os locais foram selecionados por causa do número de casos confirmados ou suspeitos da doença nos últimos 14 dias. O objetivo é mobilizar a população para a adoção de mais cuidados, especialmente com os resíduos: jogar lixo nos locais corretos, destinar ao ecoponto e não utilizar terrenos baldios são tarefas importantes para evitar criadouros e reduzir casos.
A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) da Secretaria de Saúde, Andrea von Zuben, expôs no Plenário da Câmara, nesta semana, que a situação é grave. De acordo com Andrea, o município já está em alerta vermelho para a dengue. Para que o panorama não se torne ainda pior, é preciso eliminar o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. “Nós temos mais casos nas primeiras semanas de 2024 do que em 2015, ano em que tivemos 60 mil casos de dengue. A curva vai ser alta. Para que ela possa ser um pouco mais baixa, depende de todo mundo", alertou.
A diretora do Devisa também passou informações importantes sobre o ciclo de vida do mosquito. Uma única fêmea pode botar até 1,5 mil ovos ao longo da vida, que dura em média 30 dias. O ciclo biológico do mosquito varia de acordo com a temperatura. Quanto mais alta, menor o ciclo. A temperatura ideal é de 22°C a 29°C. Com uma temperatura de 18°C, o ciclo é de 36 dias. Já com 30°C, é de oito. O mosquito adulto voa, em geral, 100 metros, dependendo da disponibilidade de criadouros. Logo, embora muitas pessoas achem que o mosquito não está em sua casa, a maioria dos criadouros está, sim, dentro das residências. Estatísticas do Devisa mostram que 80% dos criadouros estão nas residências.
O mutirão de amanhã, ainda de acordo com a nota, deve reunir pelo menos 100 agentes da Saúde, incluindo trabalhadores da empresa Impacto Controle de Pragas que atuam nas visitas aos imóveis para orientação e eliminação de criadouros. Eles usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza. O pedido é para que a população colabore nos trabalhos e, em caso de dúvidas, acione a Defesa Civil pelo telefone 199.
A Administração repetirá a estratégia de usar drones para localizar grandes criadouros do mosquito, como piscinas e caixas d'água em imóveis identificados como desocupados ou em situação de abandono. Com isso, chaveiros podem ser acionados, medida que está respaldada em decisão judicial de 2020, proferida nos autos do processo judicial n.º 1005810-97.2014.8.26.0114, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas.
Os próximos mutirões já têm datas definidas. Os locais serão definidos conforme a situação epidemiológica verificada pela Saúde. As datas são 9 e 23 de março e 6 de abril
Na primeira semana de fevereiro, a Saúde recebeu a confirmação dos primeiros casos de dengue na cidade causados pelos sorotipos 2 e 3 do vírus, que não circulavam desde 2021 e 2009, respectivamente. As amostras de sangue dos pacientes foram analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz e antes disso a metrópole só havia registrado infecções pelo sorotipo 1. A circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue ocorre pela primeira vez em Campinas. Os grupos mais vulneráveis para os sorotipos 3 e 4 são crianças, adolescentes e adultos que não tiveram contato com a doença e com estes sorotipos. Há risco maior de dengue grave quando uma pessoa é infectada por tipo diferente ao anterior. Por enquanto, não houve identificação do sorotipo 4 do vírus da dengue em Campinas. Ele não é registrado na cidade desde 2014, mas já causou infecções em outros municípios.
ORIENTAÇÕES
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico sobre a causa do sintoma. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Os anti-inflamatórios, como a aspirina, ibuprofeno e naproxeno, são contraindicados para tratar a dengue, pois podem aumentar o risco de sangramento, uma complicação grave da doença.
Já quem estiver com suspeita de dengue, ou doença confirmada, e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos, deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
A Secretaria de Saúde de Campinas informou que desde dezembro de 2023 já colocou em prática uma série de medidas consideradas adicionais ao plano regular de prevenção e combate à dengue. Essas medidas, inclusive, foram replicadas em outros municípios brasileiros diante do contexto do aumento de casos da doença.
Neste ano, agentes de Saúde já visitaram 18,4 mil imóveis em quatro mutirões e ações de visitas às residências que antecederam estes trabalhos específicos. A população foi orientada e criadouros do mosquito transmissor da doença foram eliminados. Além disso, somente em 3 de fevereiro, um mutirão da Secretaria de Serviços Públicos recolheu 1,4 mil toneladas de lixo e entulho descartados irregularmente em áreas públicas de Campinas.
COMITÊ
Desde 2015 a Prefeitura conta com um comitê de prevenção e controle de arboviroses, que em 2023 passou a se chamar Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses e Zoonoses. Ele reúne 14 secretarias: Governo; Saúde; Educação; Serviços Públicos; Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Gestão e Desenvolvimento de Pessoas; Administração; Comunicação; Trabalho e Renda; Esportes e Lazer; Cultura e Turismo; Habitação; Relações Institucionais, e Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. Também participam Defesa Civil, Serviço 156, Rede Mário Gatti, Setec e Sanasa. No comitê é discutida a situação epidemiológica da cidade e, com isso, são desencadeadas as ações intersetoriais e apoio para as ações da Secretaria de Saúde.
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