52,8% das mais de 7 mil residências visitadas estavam fechadas, desocupadas ou seus proprietários não permitiram a entrada das equipes
Agentes que realizam o combate à dengue saem às ruas diariamente, e também nas operações especiais dos mutirões, para identificar possíveis criadouros em imóveis; Secretaria de Saúde afirma que 80% deles estão dentro das residências, portanto a participação da população é fundamental no enfrentamento à doença (Rodrigo Zanotto)
A Prefeitura divulgou na segunda-feira (11) que mais da metade, 52,8%, dos imóveis alvos do sexto Mutirão para a Prevenção e Combate à dengue, realizado no último sábado, não foi acessada porque os espaços estavam fechados, desocupados e por conta das recusas de moradores às equipes que realizam visitas para executar os trabalhos. Do total de residências visitadas, 3,3 mil tiveram a atuação dos agentes de saúde que procuraram identificar e remover possíveis criadouros dos mosquitos, enquanto em 3,7 mil imóveis não foi possível fazer o trabalho de prevenção.
O mutirão percorreu nove áreas da região Leste de Campinas, nos bairros Núcleo Residencial Gênesis, Núcleo Residencial Getúlio Vargas, Núcleo Residencial Parque Dom Bosco, Parque São Quirino, Jardim Santana, Vila Nogueira, Cafézinho, Jardim Nilópolis e Capadócia. A ação é uma tentativa de frear a explosão de casos de dengue. Na segunda-feira (11), a Prefeitura confirmou 16.053 infecções, com três mortes já registradas.
A ação, que envolveu pelo menos 100 agentes de saúde, consistiu na vistoria de imóveis, recolhimento de entulhos em áreas públicas e limpeza de bocas de lobo. Ainda segundo informações da Prefeitura, durante toda a semana passada funcionários de Serviços Públicos recolheram 715 toneladas de resíduos e entulhos descartados irregularmente em áreas públicas, e 83 bocas de lobo foram limpas. Na região, foram utilizadas 52 toneladas de massa asfáltica para tapar buracos.
DURANTE O MUTIRÃO
Gilmar Aparecido dos Santos, morador do Jardim Nilópolis e responsável pela manutenção de um templo religioso local, expressou apoio à ação realizada no último sábado. "Realizamos vistorias frequentes no local para manutenção e resolução de problemas, como o da dengue. Essas inspeções são feitas mensalmente para garantir a limpeza e segurança do ambiente. O trabalho dos mutirões é crucial, pois todos devemos nos preocupar com a prevenção. Se não cuidarmos do nosso espaço, isso afeta os vizinhos e vice-versa. Portanto, considero o trabalho dos mutirões essencial para toda a comunidade."
Brenda Poliana da Silva, agente presente no mutirão, destacou as dificuldades encontradas ao tentar acessar os imóveis. "Hoje estamos resolvendo algumas pendências. Buscamos sempre verificar possíveis criadouros, como latas e garrafas, que são comuns nas casas. É importante mantê-los sempre virados (para baixo). Contamos com o apoio de muitas pessoas hoje. No entanto, enfrentamos bastante resistência, o que é complicado. Às vezes as pessoas têm receio de permitir a entrada de desconhecidos em suas casas, especialmente os idosos. Por exemplo, em alguns casos, ouvimos dos idosos que o filho não permite que ninguém entre quando não está presente. Essa situação é algo que sempre enfrentamos."
Camila Nascimento da Silva, também agente, confirma a mesma situação. "Essa questão do acesso às casas acaba dificultando muito o nosso trabalho. Alguns respondem pelo interfone e desligam na nossa cara. Dizem que vão abrir o portão, mas não abrem, inventam desculpas. Isso acontece com frequência."
O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), também esteve presente na ação em nove áreas da cidade durante o mutirão e destacou a importância da operação. “Essas ações são importantes e intensificam, no final de semana, o enfrentamento da dengue. É importante que a população participe da prevenção com a eliminação de focos do mosquito transmissor. Verificar, uma vez por semana dentro das casas e quintais, a existência de criadouros é fundamental para a gente reduzir a transmissão."
Os próximos mutirões municipais já têm datas definidas: 23 de março e 6 de abril. Os locais serão definidos nos próximos dias, conforme situação epidemiológica.
ESTADO DE EMERGÊNCIA
Desde quinta-feira (7), a cidade está em estado de emergência para dengue, após decreto assinado pelo prefeito. Essa medida permite a implementação de ações administrativas e assistenciais necessárias para conter o aumento de casos da doença. Pela primeira vez na história, a cidade tem a circulação simultânea dos sorotipos DEN 1, DEN 2 e DEN 3. Apesar disso, a maioria dos casos ainda é do tipo 1, embora os demais possam levar a formas mais graves da doença. Projeções indicam a possibilidade de a cidade alcançar o pico da epidemia no mês de abril.
Dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses mostram que a região com a maior incidência é a Sudoeste, onde estão localizados o Jardim Anchieta e o Jardim Ipiranga, registrando 3.506 casos confirmados, com uma incidência de 1.642,6 por 100 mil habitantes. Em seguida aparece a região Norte, que abrange os distritos de Barão Geraldo e Nova Aparecida, além das áreas dos Amarais, do Chapadão e do Jardim Aurélia, com um total de 3.199 casos e uma incidência de 1.373,2 por 100 mil habitantes.
ORIENTAÇÕES
Qualquer pessoa que apresentar febre deve buscar imediatamente um centro de saúde para realizar um diagnóstico clínico sobre a causa do sintoma. Por isso, a Saúde faz um apelo para que a população não subestime os sintomas e evite a automedicação, pois isso pode comprometer a avaliação médica, o tratamento e a recuperação.
Para aqueles que suspeitam de dengue ou têm a doença confirmada e manifestam sinais como tontura, dor abdominal intensa, vômitos frequentes, sudorese fria ou sangramentos, é fundamental buscar assistência o mais rápido possível em pronto-socorro ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Siga o perfil do Correio Popular no Instagram.