ADEQUAÇÃO ÀS EXIGÊNCIAS

Prefeitura de Campinas libera eventos na Fazenda Santa Margarida

Local que teve surto de febre maculosa confirmou que Administração Municipal aprovou o Plano de Ação apresentado pelos responsáveis

Da Redação
25/08/2023 às 08:42.
Atualizado em 25/08/2023 às 08:42
Processo até a aprovação durou mais de dois meses; medidas incluem plano de comunicação de risco, prevenção à saúde dos trabalhadores e minimização de riscos aos frequentadores (Alessandro Torres)

Processo até a aprovação durou mais de dois meses; medidas incluem plano de comunicação de risco, prevenção à saúde dos trabalhadores e minimização de riscos aos frequentadores (Alessandro Torres)

Palco de um surto localizado de febre maculosa neste ano, a Fazenda Santa Margarida, no Distrito de Joaquim Egídio, teve o seu plano de ação apresentado à Prefeitura de Campinas aprovado. Com isso, a Administração liberou a retomada da realização de eventos no local. Quatro pessoas que estiveram no espaço morreram após apresentarem os sintomas da doença transmitida pelo carrapato-estrela. As vítimas fatais eram de Campinas, Hortolândia e Jundiaí. A cidade já contabiliza oito casos confirmados desde o início do ano, com seis óbitos. O último foi confirmado na quarta-feira.

Na tarde de quinta-feira (24), a Prefeitura também anunciou uma nova ferramenta em relação à febre maculosa. Foi disponibilizado um painel de monitoramento digital contendo informações como dados dos casos, registros de mortes por data, centro de saúde, gravidade, idade, raça e cor dos pacientes. Há ainda informações sobre sintomas e como proceder em caso de suspeita. Basta acessar portal.campinas.sp.gov.br/sites/febremaculosa/painel-de-monitoramento. O painel interativo, que traz informações desde 2007, terá atualização mensal.

A Prefeitura determinou a suspensão dos eventos da Fazenda Santa Margarida após confirmar que as vítimas fatais - e outros pacientes com suspeita da doença - participaram da Feijoada do Rosa no local, no dia 27 de maio, e do show do cantor Seu Jorge, ocorrido em 3 de junho. Segundo confirmou a Prefeitura de Campinas, em nota divulgada na quinta-feira, a empresa apresentou as suas estratégias, que incluem o plano de comunicação de risco, prevenção à saúde dos trabalhadores e minimização de riscos ambientais aos frequentadores.

"Importante ressaltar que a área continua de risco para transmissão da febre maculosa, como todas as áreas verdes de Campinas. O local segue sendo supervisionado pela Secretaria de Saúde com apoio dos outros órgãos da Prefeitura envolvidos nas ações de monitoramento e prevenção da doença", cita a nota.

A Fazenda também se manifestou em nota. Segundo o comunicado, a "agenda de shows e eventos será divulgada na semana que vem e prevê início após a implantação de todas as medidas preventivas contra a febre maculosa". "A colaboração entre os departamentos e a Fazenda Santa Margarida visou garantir a adequação às exigências legais e a mitigação de riscos, motivo pelo qual o processo administrativo abrangeu um período de duração de aproximadamente 70 dias, devido a minuciosa análise e cuidados com o caso", explica em outro trecho da nota. A implantação das medidas devem começar na próxima semana.

Entre as principais medidas estão o cumprimento das diretrizes estabelecidas na Lei Municipal que regulamenta a obrigatoriedade de informar sobre o risco da febre maculosa brasileira, disponibilização de equipamentos e medidas de proteção individual indicados nas normas técnicas aos trabalhadores da Fazenda e manutenção do gramado podado junto ao solo, conforme rotina já estabelecida, com a remoção regular de folhas secas nos locais de circulação do público durante os eventos.

De acordo com o comunicado da empresa, além dessas ações sugeridas pelos órgãos municipais, a Fazenda Santa Margarida também vai cercar a propriedade nos espaços destinados a eventos e estacionamentos, delimitar caminhos de pedestres no estacionamento, com pedra brita, até a área de evento, para diminuir a exposição dos frequentadores à vegetação, monitorar e avaliar rotineiramente os processos para diminuir riscos, manter canal aberto com os órgão públicos (Prefeitura, Vigilância Sanitária, área do Meio Ambiente - Verde, entre outros) no sentido de colaborar e compartilhar informações atualizadas com as autoridades competentes.

Segundo a Secretaria de Saúde de Campinas, com as quatro mortes pela doença contraídas na Fazenda, a situação se configurou como surto localizado. O distrito de Joaquim Egídio é mapeado como área de risco para febre maculosa. A Secretaria Estadual de Saúde chegou a emitir um alerta para que as pessoas que estiveram na Fazenda Santa Margarida no período de 27 de maio a 11 de junho, e manifestassem sintomas como febre, dor pelo corpo, dor de cabeça ou manchas avermelhadas pelo corpo, procurassem atendimento médico imediatamente e informassem ao médico que estiveram em uma área considerada de risco.

REGRAS

Estabelecimentos que realizam eventos em locais de risco para a febre maculosa são obrigados a cumprir a lei 16.418/2023, que trata da obrigatoriedade de informar antecipadamente clientes, fornecedores e trabalhadores sobre o risco de transmissão e cuidados imediatos no caso de sintomas da doença.

Qualquer pessoa que frequentar área de vegetação, mato ou pastos, especialmente próximas de cursos hídricos, principalmente se há presença de cavalos, capivaras e animais silvestres, deve ficar atenta, por cerca de 15 dias, aos sintomas da doença, como febre, dor de cabeça, dor no corpo, vômito, diarreia e, em alguns casos, manchas avermelhadas pelo corpo. Ao apresentar um destes sinais, é preciso procurar imediatamente o serviço de saúde e informar que teve contato com o carrapato e/ou esteve com locais de risco.

NOVO ÓBITO

Na última quarta-feira, a Secretaria de Saúde de Campinas confirmou que mais uma pessoa morreu em decorrência da febre maculosa. A vítima é um homem de 52 anos que se infectou, provavelmente, no Parque Linear Ribeirão das Pedras, na região da Vila Costa e Silva e do Jardim Santa Genebra. Os primeiros sintomas foram registrados em 17 de julho e a morte aconteceu no dia 21 do mesmo mês. Em todo o ano passado foram 11 casos, sendo sete óbitos.

De acordo com o Devisa, o parque está devidamente sinalizado e é importante que a população respeite os avisos, evitando contato com a vegetação. Os frequentadores devem estar atentos às medidas recomendadas, como a inspeção corporal e a observação de sintomas no período indicado.

Desde o foco da doença na Fazenda Santa Margarida, a Prefeitura tem reforçado a sinalização dos parque públicos onde há risco da doença – a maioria com lagos e presença de capivaras, um dos animais hospedeiros do carrapato-estrela. Foram afixados novos cartazes e até mesmo faixa de isolamento, como no Parque das Águas, no Parque Jambeiro.

A Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável também realizou um inventário das capivaras em parques públicos de Campinas. A ideia é, com a contagem populacional dos animais concluída, solicitar autorização ao governo estadual para realizar o manejo e a castração. Essa medida tem como objetivo reduzir o risco de transmissão da febre maculosa.

No mês passado, o Departamento de Bem-Estar e Proteção Animal (DPBEA) informou que são 156 capivaras nos seis parques analisados. A maior quantidade foi no Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, na Rodovia Dr. Heitor Penteado, com 65 animais.

Também está sendo feita, regularmente, a manutenção e roçagem das áreas de risco. A Secretaria de Saúde ainda realiza constantes atividades de prevenção, como palestras, ações casa a casa, pesquisas acarológicas, visitas domiciliares a casos suspeitos, vistorias em locais prováveis de infecção, capacitações a profissionais de saúde, intensificação da comunicação de risco, medidas de educação em saúde à comunidade e produção de vídeos educativos para as redes sociais.

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