PREVENÇÃO À FEBRE MACULOSA

Prefeitura de Campinas conclui estudo das capivaras para esterilização

Manejo desses animais deverá ser realizado até o final de abril do próximo ano

Ronnie Romanini/ [email protected]
29/06/2023 às 09:10.
Atualizado em 29/06/2023 às 09:10
O Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, próximo ao distrito de Sousas, com 65 capivaras, é o parque público com a maior concentração desses animais em toda Campinas (Kamá Ribeiro)

O Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, próximo ao distrito de Sousas, com 65 capivaras, é o parque público com a maior concentração desses animais em toda Campinas (Kamá Ribeiro)

A Prefeitura de Campinas concluiu o cronograma do Projeto de Manejo e Esterilização de Capivaras nos Parques Públicos da cidade, com a expectativa de realizar a esterilização desses animais até o final de abril do próximo ano. O secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rogério Menezes, destacou que essa projeção é baseada no andamento normal do processo, que precisa seguir protocolos definidos por lei devido ao status de proteção das capivaras.

O objetivo principal do projeto é estabilizar a população de capivaras nos parques e tentar controlar a reprodução desses animais. Isso ocorre porque os indivíduos mais jovens têm maior probabilidade de serem parasitados por carrapatos infectados, o que pode resultar na presença de bactérias na corrente sanguínea, levando à disseminação da bactéria causadora da febre maculosa para outros carrapatos anteriormente não infectados.

O secretário do Verde afirmou que muita gente pensa que a esterilização pretendida tem como objetivo controlar o tamanho da população, porém ele explicou que é o próprio ambiente, com, por exemplo, a quantidade de alimento disponível para o animal, que faz esse controle. A quantidade de vegetação no local é proporcional ao número de capivaras.

"O nosso problema é quando a bactéria Rickettsia ricketsii cai no sangue do animal jovem, que acabou de nascer, e aí tem a bacteremia. Todo carrapato que estiver nesta capivara e entrar em contato com o sangue vai passar a transmitir a bactéria. A nossa preocupação é estabilizar a população para que diminuir o dinamismo nesse grupo, para que não se reproduzam. Quando não há a esterilização, animais novos nascem com mais frequência e os mais velhos vão sendo expulsos do grupo."

Menezes acrescentou que os indivíduos mais velhos muitas vezes já estão com o sistema imunológico familiarizado com a bactéria. As capivaras são infectadas pela febre maculosa apenas uma vez.

Atualmente, a Secretaria do Verde realiza a contagem das capivaras nos parques públicos com previsão de término no final da semana que vem. Até o momento, 146 capivaras foram contabilizadas no município, com o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, na Rodovia Heitor Penteado, próximo ao distrito de Sousas, com a maior quantidade, 65. Também foram identificadas 48 na Lagoa do Taquaral, 28 no Lago do Café e cinco no Parque das Águas. A ação continua com novas visitas, incluindo noturnas, para uma maior exatidão do número de animais nos parques públicos da cidade.

A apresentação da orçamentação do projeto deve acontecer no dia 6 de julho. Ele será encaminhado posteriormente para a análise das demais Secretarias municipais. Também haverá um encontro com o secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Paulella, já que a pasta é a responsável pelos parques da cidade.

A legislação ambiental para animais silvestres impede a Prefeitura de fazer o manejo das espécies sem a autorização do Estado. Menezes revelou que a reunião com os representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) foi agendada para a próxima segunda-feira, 3 de julho, após o empenho do prefeito Dário Saadi (Republicanos).

A expectativa é que a entrega do projeto para a esterilização e manejo dos animais seja feita por volta do dia 12 de julho. A alocação de recursos ainda vai aguardar um decreto de suplementação na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, que deverá ser enviada à Câmara no final de setembro.

Após a conclusão dessas etapas, haverá a licitação para a execução do projeto em um prazo de três meses. Se não houver contratempos, a ideia é começar o processo de esterilização em até 90 dias após a ordem de serviço, que dentro do planejamento estratégico feito no cronograma está prevista para janeiro de 2024. Em abril, as ações seriam finalizadas, culminando com a apresentação de um relatório final para fechar o projeto.

"Tenho falado, até para o pessoal entender o que queremos, que vamos chamar as capivaras dos parques públicos por apelido, por nome. Elas serão as mesmas. Com isso as que não fizerem parte dessa população, sejam novas ou 'estrangeiras', serão mais facilmente identificadas. Porque o problema está justamente aí, nas capivaras jovens e nas que são novas naquela população."

O secretário do Verde também comentou sobre outras possibilidades discutidas pela sociedade ou tentadas anteriormente, como o abate delas.

"Isso não passa pela cabeça de ninguém. São animais silvestres dóceis, dificilmente entram em confusão. É o maior roedor do mundo. Vamos respeitar as capivaras que estão lá e não pedir para retirá-las, mandar para outro lugar. Não adianta tirar todas dos parques. Eles serão recolonizados e virão novas capivaras, com risco maior de bacteremia, de transmissão da bactéria (para o carrapato-estrela). E de jeito nenhum pensamos em exterminá-las. Não adianta. Precisa trabalhar e conhecer aquela população, é estabilizar a dinâmica da população das capivaras em cada parque público."

GRUPO DE TRABALHO

No dia 21 de junho de 2023, foi publicada no Diário Oficial do Município a ordem de serviço que cria o Grupo de Trabalho responsável pelo acompanhamento da esterilização, captura e demais ações de manejo das capivaras, para fins de controle populacional nos parques urbanos no município de Campinas. O GT é formado por sete técnicos da Secretaria do Verde, sob a supervisão do secretário Rogério Menezes.

O grupo foi formado em decorrência do surto de febre maculosa registrado no município e pela necessidade ampliada do enfrentamento da doença e de agilizar os trabalhos técnicos para obtenção das autorizações junto ao governo estadual. Todas as informações necessárias à população e aos profissionais da saúde sobre a febre maculosa estão disponíveis em um site lançado pela Prefeitura, o portal.campinas.sp.gov.br

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