INCLUSÃO SOCIAL

Prefeitura de Campinas chama indígenas para atualizar o CadÚnico

Ação será realizada nesta quinta-feira, dia 2, com apoio do coletivo EtnoCidade

Naira Zitei
31/01/2023 às 08:47.
Atualizado em 31/01/2023 às 08:49
Arlindo Baré, da terra indígena Cué Cué Marabitana, que veio para Campinas para estudar engenharia elétrica na Unicamp (Kamá Ribeiro)

Arlindo Baré, da terra indígena Cué Cué Marabitana, que veio para Campinas para estudar engenharia elétrica na Unicamp (Kamá Ribeiro)

O coletivo EtnoCidade que atua em Campinas como forma de visibilizar as culturas dos povos originários promove, junto à Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, nesta quinta-feira (2), das 9h às 15h, uma ação para registrar ou atualizar o Cadastro Único da população indígena em situação de vulnerabilidade. A expectativa é a de que 30 pessoas realizem ou renovem o cadastramento, segundo a diretora do coletivo Lu Ahamy.

Arlindo Baré, de 42 anos, estará presente na ação para atualizar o seu registro. Ele é da terra indígena Cué Cué Marabitana, que se localiza no noroeste do estado do Amazonas, e veio para a metrópole estudar engenharia elétrica na Unicamp. "Muitas vezes, pela falta de informação ou referência, a gente acaba não fazendo o Cadastro Único que é importante para dar assistência e oferecer benefícios sociais, como o Bolsa Família, ID Jovem, entre outros, aos povos indígenas. Essa iniciativa do EtnoCidade é muito importante, porque nos dá um horizonte", ressalta o estudante. 

O morador de Campinas afirma que, se não fosse pelo coletivo, provavelmente, não saberia da necessidade da atualização do cadastro e sente falta de uma comunicação mais efetiva da Administração municipal para os povos originários. "A gente se sente nas periferias das assistências. A prefeitura tem que ter essas iniciativas voltadas para a população indígena, entendendo que as necessidades são várias, como saúde e educação. Por isso, um diálogo mais próximo da prefeitura é um ponto inicial para quem mais precisa", pontua Baré. 

Lu Ahamy explica que mais indígenas na cidade - além dos 30 que vão até o Etnocidade nessa semana - devem estar com o registro desatualizado ou ainda não o possuem, mas muitos estão de volta para as suas comunidades por conta dos ritos de passagem de ano que começaram em novembro e podem ir até o final de janeiro. Por essa razão, a ideia é a de que mais ações como essa sejam promovidas. 

"Infelizmente, as pessoas acham que o indígena vem para o contexto urbano e deixou de ser indígena. As pessoas falam tanto isso que o próprio indígena passar a pensar o mesmo e que ele não precisa ir atrás dos direitos dele. Então, a importância da ação de fazer ou atualizar o Cadastro Único, além de preservar os seus direitos, é ganhar visibilidade de quem ele é. O cadastratamento também é importante para os órgãos públicos municipais verem que existe uma população indígena na cidade e fazer políticas públicas", afirma Lu Ahamy.

Como surgiu a iniciativa 

A iniciativa começou a partir de uma reunião com representantes do EtnoCidade e com a secretária Vandecleya Moro. "A demanda surgiu como fruto de diálogo com a Organização da Sociedade Civil (OSC) Etnocidade que destacou que parte da população indígena vulnerável residente em Campinas não tinha Cadastro Único ou precisava atualizar. A partir desse diálogo foi concebido um mutirão para o dia 2 de fevereiro para atender essa demanda. O Cadastro Único habilita o acesso a benefícios como o Renda Campinas, o Bolsa Família, o Bolsa do Povo, entre tantos outros", explica a secretária de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos. 

Como Lu Ahamy possui a maioria dos contatos de indígenas em Campinas, ela diz que falou direto com eles e organizou a ação em que uma van do Cadastro Único vai até o EtnoCidade para que a população vá até lá e faça o registro ou atualização dele. Ela conta que a maioria dos povos originários que serão atendidos nesta quinta é moradora do distrito de Barão Geraldo, onde houve um aumento dessa população por conta do vestibular da Unicamp específico para esse público existente desde 2019. 

A diretora do coletivo, ao ser questionada se o Cadastro Único é um caminho para evitar cenários como o de desnutrição do povo Yanomami, comenta que "é um caminho que tem vários outros pontos, mas tem que ter um ponto onde a gente começa para puxar outros". Ela ainda diz que fazer o cadastramento se declarando como indígena é "o fio da meada de muitos outros que você pode alcançar". 

Senso do IBGE

Segundo dados do último censo divulgado de 2010 do IBGE, Campinas é a 3ª cidade com mais indígenas no Estado de São Paulo, com 1.043 pessoas identificadas. O primeiro lugar é do município de São Paulo com 12.977 e o segundo lugar é de Guarulhos com 1.434. 

A Prefeitura informou que o Cadastro Único não tem limite numérico de inclusão, mas atende aos critérios sociais: famílias que ganham até 3 salários mínimos. Este é um instrumento que identifica a situação social e econômica das famílias de baixa renda. O registro é usado para incluir famílias nos programas sociais dos governos federal, estadual e municipal.

O Correio Popular questionou a Administração municipal o número de indígenas que precisam fazer o registro e a atualização dele, mas responderam que "os dados do Cadastro Único não dispõem de dados específicos referentes à realidade indígena". 

ONDE FAZER O CADASTRO 

O cadastramento pode ser feito também em 22 postos espalhados por Campinas mediante agendamento por meio do telefone 156 ou pelos WhatsApps: Região Norte: (19) 99392-4913; Região Sul: (19) 99443-8253; Região Sudoeste: (19) 99493-1419; Região Noroeste: (19) 99548-1412; Região Leste: (19) 99476-4677. Veja os locais:

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS

Os documentos necessários para o responsável familiar (RF) são: CPF ou título de eleitor. As famílias indígenas e quilombolas podem apresentar qualquer outro documento. Já para as demais pessoas da família: CPF ou certidão de nascimento; ou certidão de casamento; ou certidão administrativa de nascimento do indígena (RANI); ou carteira de identidade (RG); ou carteira de trabalho e previdência social; ou título de eleitor.

POSTOS REGIÃO NORTE

✔ Agiliza Nova Aparecida

✔ DAS Norte

✔ CRAS Espaço Esperança

POSTOS REGIÃO SUL

✔ CRAS Campo Belo

✔ CREAS Sul

✔ CRAS Bandeiras

✔ DAS Sul

POSTOS REGIÃO SUDOESTE

✔ CRAS Novo Tempo

✔ DAS Sudoeste

✔ CREAS Sudoeste (Antigo Núcleo Maria Rosa)

✔ CRAS Nelson Mandela

✔ CRAS Campos Eliseos

POSTOS REGIÃO NOROESTE

✔ CRAS Dandara Dos Palmares (Antigo CRAS São Luís)

✔ DAS Noroeste

✔ CRAS Laudelina De Campos (Bassoli)

✔ CRAS Satélite Íris

✔ CRAS Florence

POSTOS REGIÃO LESTE:

✔ DAS Leste

✔ CRAS Anhumas

✔ Centro Pop

✔ CRAS Flamboyant

✔ Espaço Cidadão

UNIDADES MÓVEIS

Além dos postos fixos, a metrópole dispõe de duas unidades móveis de atendimento que ficam em diferentes locais da cidade. A agenda com as datas e locais onde elas se encontram durante o mês fica disponível no portal da Prefeitura. O atendimento das famílias é feito por ordem de chegada e de acordo com a demanda do dia.

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