Empresa que mantinha área em contrapartida à construção de empreendimento desiste
A mudança de administração do Parque das Águas está mobilizando moradores da região do Parque Prado e Jambeiro e frequentadores da área de lazer. A partir de 1 de maio, o local passa para a gestão do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) da Prefeitura de Campinas, que assume a conservação do espaço que era de responsabilidade da ONG Associação Parque das Águas, criada pela incorporadora Rossi, responsável pelo repasse de verbas, e que fazia parte de uma contrapartida firmada no Ministério Público pela construção de empreendimentos imobiliários na região. O convênio que mantinha os repasses de R$ 40 mil por mês venceu e a empresa decidiu não continuar com a iniciativa.Um grupo de ex-funcionários do parque e de frequentadores se reúne nesta terça-feira (29) para um manifesto no local. Eles afirmam que a Prefeitura não irá manter o padrão da manutenção que é feita hoje. O secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulela, afirmou que a área de lazer ficará ainda melhor.De acordo com Murilo Antonio Soares, engenheiro-florestal e administrador do parque, os cinco funcionários — três jardineiros, um serviços gerais e uma faxineira — foram demitidos. “Eu chego às 6h aqui e cuido dos bichos. Quem vai fazer isso? Eu amo esse lugar”, disse Gilberto Dias Alves, de 40 anos, que há quatro trabalha na manutenção geral do parque. Na quarta-feira (30) ele irá trabalhar pela última vez. “A população se revoltou quando soube que a Prefeitura vai assumir. Eles amam esse lugar e não querem que a Prefeitura assuma porque vai ficar abandonado. Prometem e nunca cumprem”, disse.Em nota, a Rossi esclareceu que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a manutenção do Parque das Águas venceu em agosto de 2010. Mesmo assim, manteve o trabalho até hoje. Sem dar detalhes, disse que a Prefeitura irá assumir todas as atividades e a gestão do local.O secretário de Serviços Públicos afirmou que a Prefeitura passará a gerir o local após a ONG mostrar desinteresse em continuar na administração. “Em março, a associação enviou documento dizendo que não tinha nenhum interesse em continuar mantendo a área”, disse. Paulela adiantou que o local terá quatro jardineiros e duas faxineiras fixas, além de entrar para a agenda de manutenção do Departamento de Parques e Jardins (DPJ). “Vai melhorar o nível de manutenção.”Os ex-funcionários e os frequentadores tentam reverter a situação, mas para Letícia Lemos, que acompanhou toda a história do parque desde a sua construção, mudar o que já está decidido não será fácil. “A Prefeitura vai assumir, mas cada pessoa será um fiscal e qualquer coisa que não estiver de acordo, nós vamos agir. É o único parque de Campinas que está sendo bem cuidado porque não era a Prefeitura que cuidava”, disse Letícia, uma espécie de guardiã do espaço de lazer.O Parque das Águas foi inaugurado em dezembro de 2007, fruto de uma contrapartida ambiental firmada em TAC entre a Rossi e Prefeitura de Campinas.