PREOCUPAÇÃO COM 2024

Prefeitura de Campinas anuncia novas ações para tentar conter a dengue

Administração reconhece o risco de que os vírus tipo 3 e 4 da doença voltem a circular na cidade, que já registra mais de 10 mil casos confirmados e três mortes

Da Redação
20/12/2023 às 08:52.
Atualizado em 20/12/2023 às 08:52
A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea Von Zuben, mostra gráfico relativo à evolução da dengue em Campinas: momento de prevenção (Carlos Bassan/PMC)

A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea Von Zuben, mostra gráfico relativo à evolução da dengue em Campinas: momento de prevenção (Carlos Bassan/PMC)

O Prefeito Dário Saadi (Republicanos e a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea Von Zuben, reconheceram na terça-feira (19), a possível reintrodução dos vírus tipos 3 e 4 causadores das dengue na cidade de Campinas, após quase 15 anos. Até o momento, porém, não há registros da circulação dos micro-organismos cidade. Em outros municípios do país, casos de infecção por esses dois tipos já foram confirmados.

Diante desse cenário, a Prefeitura lançou um pacote de novas ações contra a dengue que consiste em ampliar o acesso da população a informações sobre o combate à doença.

A Secretaria de Saúde de Campinas já havia declarado situação de epidemia em abril. O objetivo agora é evitar uma explosão de casos e novas mortes. Neste ano, Campinas já registrou 10.293 casos confirmados e três óbitos pela doença. O total de infectados é o sexto maior da série histórica desde 1998.

O tipo 3 do vírus circulou pela última vez em Campinas em 2009 e o tipo 4 foi registrado anteriormente em 2014. Crianças, adolescentes, além de adultos e idosos que não tiveram contato com a doença antes, são considerados os grupos mais vulneráveis. Além disso, há risco de desenvolver dengue grave quando uma pessoa é infectada por um tipo diferente ao anterior.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) são quatro tipos de vírus: O DEN-1 é o que mais afeta os brasileiros, sendo visto como o mais explosivo dos quatro, e pode causar grandes epidemias em um curto prazo. O DEN-3 é o responsável por causar formas mais graves da doença, seguido pelo DEN-2 e o DEN-4.

O Ministério da Saúde alertou, no início deste mês, que o número de casos de dengue em 2024 deve aumentar em grande parte do Brasil. A estimativa se dá frente a um cenário em que, pela primeira vez em muito tempo, os quatro sorotipos do vírus causador da doença circulam simultaneamente no país. Para piorar, o fenômeno El Niño eleva as temperaturas, criando um clima ideal para a reprodução do mosquito vetor.

O prefeito de Campinas enfatizou que, mesmo sendo responsabilidade do poder público, a população tem de ajudar no combate à doença, uma vez que 80% dos casos de proliferação dos mosquitos da dengue acontecem dentro da casa e nos quintais. "Por isso, se a população não colaborar, fica muito difícil o enfrentamento", declarou.

Dário lembrou também que, no último mutirão, em 50% das casas abordadas os proprietários não permitiram a entrada dos agentes de combate à dengue. "Isso complica muito as nossas ações", enfatizou. "Sabemos que as pessoas se preocupam com segurança, mas o mutirão é muito grande e é possível identificá-lo como sendo da Prefeitura", ressaltou.

A diretora do Devisa afirmou que para 2024 há uma tendência de aumento de casos de dengue. "Neste mesmo período do ano passado já houve um aumento de quase 300%, portanto, se continuar assim, corremos o risco de uma epidemia de grandes proporções", advertiu Andrea Von Zuben.

AÇÕES

O prefeito anunciou um pacote de novas ações contra a dengue que estabelece uma Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e criação de novo site para informar a população. As ações de combate à dengue envolvem, inclusive, a divulgação em massa das orientações em TV, rádios, redes sociais, incluindo impulsionamento de conteúdo para regiões mais afetadas.

AUMENTO DE 296%

Levantamento do Devisa mostra que o índice de infestação pelos mosquitos nos imóveis, obtido pela avaliação de densidade larvária, quase triplicou em um ano: era 0,47 em 2022 e chegou a 1,22 neste ano, o que colocou Campinas na categoria de alerta. Já o Índice de Breteau, que trata sobre o número de recipientes com larvas nos imóveis, passou de 0,5 para 1,4 neste mesmo período. De 27 de agosto a 9 de dezembro, a Secretaria de Saúde registrou 997 casos confirmados, alta de 296% sobre os 252 no mesmo período do ano passado. Isso significa tendência de aumento dos casos confirmados a partir de janeiro e o objetivo da Administração, com as novas medidas, é evitar cenários dramáticos como o de 2015, quando houve a maior epidemia de dengue da história na cidade com 65 mil casos e 15 vidas perdidas.

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