Prefeitura de Campinas anuncia GT para estruturar plano de apoio a indígenas

Campinas deu um passo importante para a inclusão social e o reconhecimento dos povos originários dentro do contexto urbano do município. Na semana em que foi divulgado o Censo Demográfico da População Indígena, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Prefeitura anunciou a criação de um Grupo de Trabalho para a estruturação do Plano Municipal de Apoio ao Indígena em contexto urbano. Representantes de secretarias e da sociedade civil formarão o grupo.

A primeira ação foi a assinatura da carta de intenções “Aliança entre Nós” realizada na quarta-feira (9)na Sala Azul da Prefeitura. O objetivo é estabelecer uma aliança e rede de apoio aos indígenas em contexto urbano de Campinas, envolvendo membros do poder público e do setor privado. A medida também busca aumentar a visibilidade e a importância econômica e social da pauta, expandindo essa rede de apoio no contexto urbano. Além disso, procura viabilizar meios para promover a sustentabilidade do ecossistema indígena em Campinas.

A carta de intenções “Aliança Entre Nós” foi concebida pelo Coletivo e Ponto de Cultura EtnoCidade e pela Associação e Pontão de Cultura Areté, que desde 2018 desenvolvem ações conjuntas de acolhimento e empreendedorismo de indígenas em contexto urbano em Campinas.

Além das entidades indígenas de Campinas e do prefeito Dário Saadi (Republicanos), o evento, realizado no Paço Municipal, reuniu representantes da Câmara Municipal, o reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antonio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé, além das secretárias Adriana Flosi (Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação), Vandecleya Moro (Assistência Social, Direitos Humanos e Pessoa com Deficiência) e Alexandra Caprioli (Cultura e Turismo).

Lu Ahamy M'bya, representante do povo Guarani M'bya, é umas das lideranças que participou do evento. Além dela, também estiveram presentes Awa M'barete, representante do povo Pataxó, e Rana Kariri Xocó, representante do povo Kariri Xocó.

“Para nós, representantes da população indígena aqui em Campinas, a assinatura da carta é fundamental para a visibilidade e acesso aos serviços públicos. Nós agradecemos a Prefeitura e vamos continuar lutando em benefício dos povos originários”, afirmou Lu Ahamy M'bya.

Também participaram Jacó Oliveira, fundador da Tatu Cult, e Marcelo Azevedo, da Associação e Pontão de Cultura Areté.

De acordo com os dados do IBGE, a cidade abriga 1.569 indivíduos pertencentes a esse grupo. No entanto, lideranças indígenas locais contestam esses números, afirmando que a metrópole concentra quase o dobro desse contingente, cerca de 3 mil pessoas.

Na avaliação do prefeito, esse é mais um passo importante da Administração Municipal, que vem acompanhando a população indígena ao longo dos últimos anos por meio da secretária Vandecleya Moro, da Assistência Social, junto às lideranças indígenas. Atualmente, são mais de 100 indígenas no Cadastro Único (CadÚnico).

“Olhem a riqueza cultural que temos em Campinas. Dar visibilidade e oportunidades aos povos originários, aos indígenas, é fundamental”, destacou o prefeito Dário Saadi.

A secretária de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli, destacou o olhar especial do poder público para a cultura da população indígena.

“Vamos criar um evento de arte e criatividade indígena, evento esse que está pautado para 2024, mas que pretende reconhecer as tradições e a ancestralidade que se manifestam na gastronomia e no artesanato. É preciso incluir os povos indígenas em todo o calendário cultural de Campinas e essa cartacompromisso assinada hoje é a representação de tudo isso.”

Alexandra Caprioli confirmou que a realização do 1º Festival de Arte e Criatividade Indígena, aprovado no Programa Proac-ICMS do Estado de SP, está programado para acontecer em agosto de 2024 na Estação Cultura.

Para o reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, a “carta marca um momento importante da trajetória da população indígena”.

“Quero parabenizar a todos por essa iniciativa. A Unicamp reforça o compromisso da descentralização dos vestibulares, ferramenta importante na inclusão da população indígena na universidade junto com a aplicação das cotas”, destacou.

A Unicamp reserva vagas na graduação para os indígenas desde o vestibular de 2019. Em maio deste ano, o número de matriculados ficou perto de 400 estudantes.

Dia 9 de agosto é, desde 1994, Dia Internacional dos Povos Indígenas pela ONU. É, também, Dia Municipal dos Povos Indígenas de Campinas, instituído por lei municipal 16.025, de 5 de novembro de 2020, de autoria do vereador Gustavo Petta (PCdoB).

O vereador frisou que a sugestão de proposta foi colocada pelos coletivos indígenas e que a assinatura da carta é o compromisso com a lei que vigora desde 2020.