A previsão é a de que o local seja reaberto ao público dentro de uma semana
Além da extração confirmada de mais 23 árvores no Bosque dos Jequitibás, a Prefeitura informou que outros 10 exemplares permanecerão sob observação durante os próximos dias (Kamá Ribeiro)
Após a extração de 75 árvores do Bosque dos Jequitibás ao longo das últimas duas semanas, a Prefeitura de Campinas anunciou que dará início, nesta sexta-feira, ao processo de manejo de mais 23 espécies no local. Segundo a Secretaria de Serviços Públicos, essa decisão de novas retiradas fundamenta-se no potencial de ocorrência de quedas. A previsão é de que o bosque seja reaberto ao público dentro de aproximadamente uma semana.
Inicialmente, o plano da Administração envolvia um total de 111 intervenções (incluindo a extração de 108 árvores e a poda de outras três). Entretanto, a análise técnica, que ratificou o laudo elaborado pela Comissão Especial de Estudos sobre Arborização da Câmara de Vereadores, concluiu que 33 delas não necessitavam de remoção.
No entanto, conforme relatado na quinta-feira (3) pelo secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, as árvores foram submetidas a avaliação durante o período de manejo, e foi constatado que 23 delas apresentam risco de queda.
"É necessário suprimir mais estas 23 árvores, que, conforme avaliação e laudo técnico, têm risco de queda porque apresentam podridão, inclinação, lesão, entre outros fatores. O Bosque dos Jequitibás recebe um grande número de visitantes, incluindo crianças. Se acontecer algum acidente, a responsabilidade é da Prefeitura. Precisamos reabrir o parque em segurança e, por isso, estas árvores precisam ser removidas", afirmou Paulella.
A secretaria informou que outras 10 árvores foram sinalizadas e permanecerão sob observação durante os próximos procedimentos de manejo nos próximos dias. O secretário assegura que nenhuma parte do bosque ficará inacessível ao público após sua reabertura.
A intervenção nas árvores do Bosque dos Jequitibás teve início em 20 de julho, após a autorização do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), uma entidade vinculada ao governo do Estado de São Paulo. O Bosque dos Jequitibás é tombado como patrimônio estadual desde 1970, por se tratar de fragmento original de mata atlântica em meio ao conglomerado urbano.
De acordo com o secretário, a Prefeitura plantará 25 novas árvores para cada uma que foi extraída, como exige a legislação em vigor. "Parte delas será no Bosque e o restante em praças da mesma bacia hidrográfica, ou seja, do Ribeirão Anhumas", disse. No que se refere ao destino das árvores que serão extraídas, a prefeitura assegura que os galhos serão encaminhados para a usina de compostagem, enquanto os troncos passarão por processamento para atender às necessidades da administração pública.
O Bosque dos Jequitibás permanece fechado desde 24 de janeiro, quando a queda de um eucalipto na Lagoa do Taquaral resultou na trágica morte de uma criança de 7 anos, além de deixar uma jovem de 27 anos gravemente ferida. Em resposta a essa tragédia, todos os parques e bosques da região foram temporariamente fechados para inspeções, podas e remoção de plantas, com o intuito de prevenir futuros acidentes. Até o momento, 23 das 25 instalações públicas já reabriram ao público. O Bosque dos Artistas, localizado no Swift, segue fechado, prevendo sua reabertura em 20 dias para permitir a conclusão das reformas na pista de caminhada, bancos e na sede administrativa.
FIGUEIRA
Em dezembro do ano passado, uma centenária figueira branca, de 35 metros de altura, que ficava dentro do Bosque dos Jequitibás, desabou sobre o veículo de um homem de 36 anos que transitava pela Rua General Marcondes Machado. A vítima morreu na hora.
Uma laudo do Instituto Biológico (IB) concluiu que a árvore estava saudável. No entanto, a queda abrupta foi atribuída a uma combinação de condições climáticas adversas e o consequente encharcamento do solo. Contrastando com essa análise, um relatório apresentado naquela época por técnicos do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema) sustentou a possibilidade de que o processo de corte das raízes, executado para a realização de obras de reforma no alambrado e na calçada, poderia ter contribuído para a queda da figueira.