No total são 33 postos oferecendo o serviço aos pacientes por computador
Pacientes são avaliados no Centro de Saúde, se tem baixo risco, há a oferta de atendimento por teleconsulta, mas a pessoa precisa autorizar (Fernanda Sunega/PMC)
A Secretaria Municipal de Saúde ampliou o número de Centros de Saúde para que pacientes possam ser atendidos de forma digital por meio de teleconsulta, parte do programa Saúde Digital - SUS Campinas. Mais 17 unidades foram adicionadas às 16 que já ofereciam o serviço, totalizando 33 postos. O número de teleconsultas disponíveis na semana foram ampliados de 100 para 165. Os Centros de Saúde Esmeraldina, DIC 1, Tancredo Neves, Vila União, Santa Lúcia, Taquaral, Conceição, Sousas, Santa Rosa, Florence, Valença, Anchieta, Cássio Raposo, Eulina, Rosália, San Martin e Santa Mônica começaram a ofertar o serviço na última segunda-feira.
Embora o lançamento oficial tenha acontecido no final de maio, os testes foram iniciados há pelo menos dois meses, período em que 1.135 pacientes foram atendidos. A Administração pretende levar no próximo mês, a opção do atendimento digital de casos não urgentes para todas as unidades básicas de saúde. Assim que estiver implementado em todos os Centros de Saúde, o programa Saúde Digital pretende aumentar o número de consultas para 400 por semana.
"Temos 67 Centros de Saúde e todos estão sendo capacitados para entrar na Sala Azul da Saúde Digital. Estamos aguardando o aumento do número de vagas do Mário Gatti. Já houve uma ampliação, o que permitiu as consultas no período da tarde. Antes estávamos ofertando o atendimento apenas de manhã, agora até às 18h", explicou a diretora do Departamento de Ensino, Pesquisa e Saúde Digital, Marcelle Regina Silva Benetti.
As 16 unidades básicas de saúde que iniciaram a modalidade de teleconsulta são as de Barão Geraldo, Joaquim Egídio, DIC 3, Aeroporto, 31 de Março, Carlos Gomes, Rossin, Bassoli, Aurélia, San Diego, São Marcos, Boa Vista, Costa e Silva, Nova América, Capivari e Centro. O médico que faz o atendimento à distância fica no Hospital Mário Gatti. O nome "Sala Azul" faz alusão justamente à classificação de risco por cores na saúde, sendo azul a que remete a casos menos urgentes.
"Os pacientes são avaliados no Centro de Saúde. Se tem baixo risco, há a oferta de atendimento por teleconsulta ao paciente, que precisa consentir, autorizar. Na triagem o paciente é apresentado à opção da Saúde Digital caso os médicos do local estejam ocupados, sem condição de atendê-lo. Um médico que está à distância vai poder resolver o problema dele, seja dar uma receita e um atestado."
De acordo com Marcelle, a adesão tem sido boa. As 100 vagas que eram disponibilizadas semanalmente até a semana passada estavam sendo totalmente preenchidas. Apenas as primeiras vagas, nos horários iniciais da manhã, estão sendo agendadas para agilizar e garantir que o paciente não perca a teleconsulta. O restante dos atendimentos acontece durante o dia por demanda espontânea.
O paciente que aceitar passar por uma teleconsulta receberá um comprovante com o horário do atendimento online via WhatsApp ou mensagem de texto no celular. Um pouco antes do horário, um link será enviado para o paciente entrar na sala virtual em que o médico atenderá. O enfermo tem a opção de conversar com o médico em qualquer lugar, não necessariamente no Centro de Saúde, entretanto, caso ele não tenha o equipamento adequado em casa será disponibilizado pelo Centro de Saúde um computador para que a teleconsulta aconteça.
A diretora também afirmou que pessoas com deficiência visual ou auditiva contam com apoio de familiares e das próprias equipes de saúde para a modalidade de atendimento.
Aide de Oliveira Agulhare, 57 anos, foi uma das pacientes que passou por teleconsulta. Ela foi atendida pela manhã no CS Aurélia e aprovou a experiência. Diagnosticada por meio da teleconsulta com pneumonia, Aide contou que no fim de semana foi a uma UPA por estar há uma semana com sintomas, mas não conseguiu ser atendida mesmo esperando por seis horas.
"O coordenador do Centro de Saúde me deu essa possibilidade de consulta online e eu aceitei, precisava ser medicada e também apresentar um atestado no meu trabalho. Fui muito bem atendida. A médica me questionou sobre todos os sintomas e receitou os remédios que preciso. O atendimento foi maravilhoso, ela foi muito atenciosa."
Por ser a primeira vez, Aide fez a consulta direto do Centro de Saúde e não de casa, utilizando o próprio celular. Ela disse que foi dada a opção de usar o computador do CS Aurélia, porém, para entender como funciona e estar preparada para as próximas teleconsultas, preferiu usar o aparelho pessoal para se acostumar. "Por mim, eu fazia as consultas sempre assim. Não preciso nem sair de casa. Foi como uma consulta presencial."
Lançamento oficial do atendimento digital por meio de teleconsulta foi feito na prefeitura de Campinas no fim de maio pela diretora do Departamento de Ensino, Pesquisa e Saúde Digital, Marcelle Regina Silva Benetti (Rodrigo Zanotto)
TELEINTERCONSULTA
Outra modalidade da Saúde Digital em Campinas é a teleinterconsulta, que consiste na troca de informações e opiniões entre profissionais de saúde, com ou sem a presença do paciente. Atualmente, a teleinterconsulta é oferecida em todas unidades básicas de saúde, com 500 interconsultas por mês, por enquanto concentradas em duas especialidades, cardiologia e endocrinologia.
No lançamento do programa Saúde Digital - SUS Campinas, um mês atrás, foi apresentada a projeção de dobrar o atendimento até setembro deste ano, passando para mil interconsultas por mês, além de incluir pelo menos mais duas especialidades, proctologia e gastroenterologia. Futuramente, quando as demais especialidades estiverem contempladas, a previsão é realizar mais de 5 mil consultas mensais, absorvendo 30% da demanda.
Ainda em 25 de maio, dia do lançamento, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), destacou que a principal regra do programa é ampliar o atendimento e não substituir o presencial pelo digital. "Se um médico da rede pública quiser trabalhar no digital, ele amplia a carga horária ou terá hora extra para que possa exercer, mas nós não vamos substituir nenhum trabalho presencial pelo digital."
Dário também pontuou que os médicos participantes terão a carga horária acrescida ou receberão pagamento de hora extra. Ainda há a possibilidade de contratar médicos por meio de credenciamento e também pela ampliação de convênios com entidades parceiras do SUS Municipal, como o Hospital PUCCampinas, utilizado de exemplo pelo prefeito.