Prefeitura cria dois abrigos provisórios

O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), anunciou ontem, durante transmissão ao vivo em rede social, a criação de um decreto que dará aos agentes sociais do município maior poder para conduzir aos abrigos a população em situação de rua. O decreto que será publicado entre hoje e amanhã no Diário Oficial do Município não dá poder de polícia ao agente nem transforma a condução em ato compulsório, portanto, o cidadão continuará não sendo obrigado a ir ao abrigo, mas os agentes passam a ter condições de ser mais “incisivos”, de acordo com descrição da Prefeitura. Para realizar o recolhimento emergencial que faz parte da ação de prevenção ao coronavírus junto à população vulnerável, a Prefeitura está criando dois abrigos provisórios, um deles no Taquaral e outro na região central.  Não há casos de Covid-19 na população de rua, mas idosos e sintomáticos (em caso de ocorrência) receberão assistência separadamente dos grupos das demais faixas etárias. A média de idade da população de 822 habitantes em situação de rua em Campinas é de 25 a 39 anos. Os homens correspondem a 87% do total. De acordo com a Prefeitura, o decreto visa resguardar a saúde dessa população devido à sua vulnerabilidade. Segundo a secretária municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, Eliane Jocelaine Pereira, também terá início essa semana uma ação especial de vacinação contra a gripe Influenza para a população em situação de rua. As medidas concentram esforços para tirá-los da condição vulnerável. Segundo a secretária, o atendimento será humanizado para todas as pessoas, “de acordo com a nossa política de serviço social”. “Vamos iniciar o isolamento progressivo, com prioridade para o grupo de risco, como os idosos, que são cerca de 40 pessoas. Já temos uma unidade especial no Taquaral pronta para o atendimento. Em outro espaço, na região central, vamos acolher os sintomáticos, quando houver. Por enquanto não temos nenhum caso de Covid-19 nesta população”, diz a secretária. “Mas estamos preparando espaço para isso.” Com a chegada do coronavírus na cidade, alguns grupos voluntários suspenderam temporariamente a doação de alimentos e a Prefeitura assumiu a distribuição noturna na área central. Segundo Eliane, nas atuais circunstâncias, alguns moradores de rua retornaram às suas famílias. “De certa forma, diminuiu o número de pessoas nas ruas, mas eles ainda procuram acolhimento no albergue e alguns estão até ficando mais tempo no abrigo. Estamos nos preparando para isso.” Além das medidas preventivas, a Secretaria mantém todo o seu efetivo e os seus serviços regulares de acolhimento e alimentação. “Nesse sentido, estamos trabalhando dobrado, tanto nos albergues quanto nos outros locais de atendimento. Nós orientamos mais sobre a higienização e sobre o distanciamento, marcamos o chão para manterem distância nas filas evitando aglomeração, entregamos o alimento a cada duas pessoas e focamos na limpeza e no uso do álcool em gel. Enfim, reorganizamos o espaço físico e reforçamos a informação”, diz Eliane, que afirmou ter adotado as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Nesse período, as ações se tornam essenciais.” O trabalho regular de assistência ao morador de rua realizado pela Secretaria inclui o atendimento no albergue, localizado no bairro Bonfim, com capacidade para 130 pessoas, que hoje atende cerca de 90. Normalmente ele é utilizado como dormitório e local de banho e alimentação. Hoje, eles são orientados a permanecerem também durante o dia. Diariamente, a Casa da Cidadania, uma das unidades de assistência da Prefeitura, serve cerca de 120 refeições. O Centro Pop 1 (na Rua Regente Feijó, 824) distribui pelo menos 150 refeições noturnas.