CENTRO DE CAMPINAS

Prefeitura conclui requalificação da Campos Sales

Avenida passou por obras de recapeamento, aterramento dos cabos aéreos, implantação de ciclofaixa e substituição das calçadas

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
29/06/2024 às 09:37.
Atualizado em 29/06/2024 às 12:52
Paradas de ônibus ficaram todas do lado esquerdo da avenida; na direita, foram instaladas as bancas de comércio e a calçada foi alargada (Kamá Ribeiro)

Paradas de ônibus ficaram todas do lado esquerdo da avenida; na direita, foram instaladas as bancas de comércio e a calçada foi alargada (Kamá Ribeiro)

A requalificação da Avenida Campos Sales, cujo nome homenageia o único campineiro presidente da República, foi oficialmente inaugurada ontem com a entrega do projeto paisagístico. As obras, que receberam investimento de R$ 36 milhões, envolveram recapeamento de 900 metros, aterramento dos cabos aéreos (redes elétricas, telefônica, semafórica e dados), implantação de ciclofaixa, troca de sinalização e substituição das calçadas, com pisos táteis e rampas de acesso nas esquinas.

O empreendimento faz parte do Plano de Requalificação da Área Central de Campinas (PRAC), que busca aumentar a circulação de pessoas, atrair novos investimentos e gerar empregos. O pacote de intervenções terá duas outras novidades concretizadas hoje, a reforma do Terminal Mercado e ampliação de sete para 19 no número de linhas de ônibus com parada no terminal da Avenida dos Expedicionários, que fazem parte das comemorações dos 250 anos da cidade.

Outras ações do PRAC estão em andamento, como a reforma do Mercado Municipal, prevista para ser concluída no segundo semestre deste ano, a substituição das bancas de comércio das proximidades, a Lei do Retrofit, de incentivos para reforma e ocupação de prédios na área central, e a requalificação da Rua José Paulino. “Nós já entregamos a Avenida Campos Sales operacional, (a parte de) infraestrutura, três, quatro meses atrás, dentro do cronograma previsto. Hoje foi uma entrega simbólica”, disse o prefeito Dário Saadi (Republicanos).

O projeto paisagístico incluiu a instalação de 150 floreiras de aço-carbono, plantio de 10 mil de plantas ornamentais e de 140 palmeiras de variedades diferentes. “Dentro de três a quatro meses, elas vão mostrar toda a sua exuberância”, afirmou o secretário municipal de Serviços Públicos, Ernesto Dimas Paulella. O prazo previsto coincidirá com o período da primavera, que começa no dia 22 de setembro.

PARCERIAS E PEDESTRES

As obras realizadas envolveram investimento de R$ 6 milhões da Prefeitura e parceria com Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Telcomp), com aporte de R$ 14 milhões, e CPFL Paulista, com outros R$ 16 milhões. De acordo com o presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), responsável pela requalificação da Campos Sales, Vinícius Riverete, as intervenções na Campos Sales procuraram dar “preferência ao pedestre”. Todas as paradas de ônibus ficaram do lado esquerdo da avenida. Do lado direito, onde foram instaladas as bancas de comércio, a calçada foi alargada.

As reformas dos terminais Mercado e Expedicionários, a serem entregues hoje, fazem parte da proposta de atrair mais público para o Centro e impulsionar os negócios. Na Expedicionários, o sentido de circulação dos ônibus já foi alterado e agora eles descem a via, seguindo o sentido natural de trânsito da Campos Sales. A mudança foi possível após a abertura do canteiro central da Avenida Andrade Neves, em frente à Estação Cultura. Esse terminal passará a ter paradas de 12 novas linhas de ônibus, sem prejuízo do itinerário normal: 240, 255, 265, 271, 331, 362, 381, 385, 386, 390, 396 e 398.

“Bonito ficou. Agora precisa ver se vai aumentar a circulação de pessoa e o movimento”, disse, em tom de incerteza, a comerciante Lúcia Batista. Há 15 anos na Campos Sales, a dona de um hortifrúti apontou como responsáveis pela queda nas vendas a retirada do Terminal Intermunicipal da Avenida Expedicionários, fechamento do Poupatempo da Avenida Francisco Glicério, pandemia de covid- 19 e a expansão dos serviços e do comércio na periferia. “O número de pessoas que circulam no Centro caiu muito. Vamos ver se vai aumentar”, afirmou. João Marcelo Pereira Gonçalves, que trabalha em uma livraria religiosa, está mais otimista quanto aos benefícios para a loja. “Acredito que tem tudo para aumentar as vendas”, afirmou. Para ele, isso resultaria em um reforço na renda. Além do salário fixo, ele recebe adicional por metas atingidas.

QUEM FOI

A requalificação da avenida foi entregue exatamente 111 anos após a morte de Manoel Ferraz de Campos Sales. Nascido em Campinas, em 15 de fevereiro de 1841, ele foi advogado, político e ocupou vários cargos públicos. Ele foi o quarto presidente do país (1898-1902). A carreira política começou em Campinas como vereador, se tornando depois deputado, senador, ministro da Justiça e presidente do Estado de São Paulo (1896-1897), época em que o cargo não tinha ainda a denominação de governador.

“Antes era a Rua do Bom Jesus e passou a se chamar Avenida Campos Sales em 25 de agosto de 1895, uma justa homenagem ao único presidente da República campineiro”, disse o presidente da Câmara Municipal, Luiz Carlos Rossini (Republicanos), citando que os documentos de denominação podem ser vistos no site do Legislativo, na página Memorial. Durante o mandato de presidente, Campos Sales criou, em 1900, o Instituto Soroterápico Municipal do Rio de Janeiro, que, pelas mãos do bacteriologista Oswaldo Cruz, foi responsável pela reforma sanitária que erradicou a epidemia de peste bubônica e a febre amarela da cidade, ação depois desenvolvida em outras partes do país. O órgão ficou conhecido popularmente como Manguinhos, nome da fazenda onde estava instalado.

Em 1908, foi rebatizado como Instituto Oswaldo Cruz, atualmente uma fundação, a Fiocruz. Ela voltou a usar a denominação original e uma de suas unidades técnico- científicas, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos). Hoje é um complexo industrial e tecnológico de imunobiológicos dos mais importantes da América do Sul, responsável pela produção de vacinas contra meningite meningocócica, sarampo e poliomielite.

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