EM 2016

Prefeitura admite risco de mais uma epidemia de dengue

Secretário de Saúde, Carmino de Souza afirma que não há "milagre" sem envolvimento da população; cidades teve surtos da doença este ano e no ano passado

Sarah Brito
sarah.brito@rac.com.br
07/07/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 08:40

Menina observa vedação de caixa d?água em Campinas: trabalho de combate ao mosquito terá continuidade ( Cedoc/RAC)

O secretário de Saúde de Campinas, Carmino de Souza, disse na segunda-feira (6) que não tem como garantir que a cidade fique livre de uma epidemia de dengue no próximo ano, após surtos da doença em 2014 e 2015. Até dia 26 de junho, segundo último balanço divulgado pelo governo estadual, foram 51 mil casos de dengue confirmados. O número é quase 20% maior que o total registrado em todo o ano passado, fazendo esta epidemia a pior da história da cidade. Souza reconheceu as medidas adotadas este ano como “insuficientes”, mas afirmou que não existe “milagre” sem o engajamento da população.Neste semestre, a Prefeitura planeja manter as ações realizadas nos últimos dois anos. “Na minha visão, fizemos tudo o que foi possível. Dizer que estamos contentes? Claro que não. Este ano foi tão duro quanto o ano passado, apesar de que estávamos mais preparados em 2015. Houve uma grande ação intersetorial (entre as secretarias)”, disse. O secretário considera fundamental que as pessoas mantenham suas casas e terrenos limpos, evitando criadouros do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. “Tem que ser o próprio morador (a cuidar do local). Telamos mais de 20 mil caixas d’água, foram mais de 40 mil visitas a domicílio. E não foi suficiente. Não foi falta de empenho ou gente (no serviço público)”, afirmou. A Prefeitura alega que as epidemias deste ano e de 2014 foram atípicas — por isso, o número elevado de casos. Os fatores que teriam influenciado estão ligados ao clima e à crise hídrica. O calor acelera o metabolismo do mosquito e ele pica mais pessoas em menos tempo. 2014 foi o ano mais quente da história, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Já a crise hídrica teria feito as pessoas guardarem água em casa, com medo do racionamento. Com isso, muitos recipientes e baldes foram usados sem a devido proteção. O mosquito da dengue deposita os ovos em água parada.Souza também disse que Campinas não foi a única afetada pela dengue e que a situação está semelhante no Estado de São Paulo e, também, regionalmente. “É um cenário epidemiológico difícil. Campinas não é uma ilha. Foi uma avalanche que pegou todos os municípios”, afirmou.Ele pontuou, no entanto, que o vírus da dengue manteve-se nas duas epidemias — o tipo 1 — e não foi confirmada a introdução de novos tipos, como o zika e a febre chikungunya. Ambos têm sintomas parecidos com a dengue e são transmitidos pelo mesmo mosquito. “A taxa de letalidade deste ano também foi baixíssima, de 0,014% do total de infectados. A rede de saúde respondeu ao pedido da epidemia, apesar dos números (de casos) serem grandes e antecipados”, disse.O pico de transmissão, segundo a secretaria, foi em março, quando foram confirmados 18.944 casos da doença. A diminuição era esperada a partir de maio, quando o tempo fica mais frio e seco. Foram 1.422 ocorrências em janeiro, 6.056 em fevereiro, 18.944 em março e 3.902 em abril. O ritmo de contaminação diminuiu em junho em relação a maio: foram 718 casos confirmados até o dia 26, contra 4.188 no mês anterior.No total, são 51.112 casos de dengue, de acordo com dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do dia 26 de junho, divulgados no último domingo. Os dados mostram que o município concentra 10,9% das confirmações do Estado em 2015, que somam 467.801. A quantidade de pessoas infectadas é 19,8% maior do que o total do ano passado, quando foram registrados 42.664 casos durante todo o ano. Nos primeiros seis meses de 2015, foram sete mortes confirmadas. Ainda há sete óbitos em investigação.SAIBA MAISAs ações de combate a criadouros do mosquito transmissor da dengue serão mantidas ao longo do ano. Entre elas, estão a telagem de caixas d’água, nebulização costal, vistorias de imóveis fechados ou abandonados e campanhas de conscientização da doença. Neste semestre, a cidade terá também 616 agentes comunitários de saúde a mais para ajudar no combate à doença. A Câmara aprovou no mês passado a criação dos cargos, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A legislação foi criada justamente para suprir o déficit da Secretaria de Saúde de pessoal para trabalhar no combate à epidemia.

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