Tarcísio Chiavegatto envia dados sobre procura de estelionatários ao Ministério Público
O prefeito de Jaguariúna, Tarcísio Chiavegatto (PTB), admitiu ter sido alvo da quadrilha que supostamente cometeu estelionato contra políticos da região. O petebista, no entanto, não deu informações de como foi a abordagem do escritório de advocacia nem o conteúdo dos relatórios apresentados. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou na terça-feira (1º) uma operação para investigar um escritório de advocacia suspeito de utilizar investigações falsas em nome do Ministério Público para extorquir políticos da região, com a promessa de intervir para interromper as supostas apurações. Além de Jaguariúna, integrantes do governo de Monte Mor também se declararam vítimas, e afirmaram não terem pago o valor pedido pelos estelionatários — R$ 130 mil, na cidade. Chiavegatto não informou valores pedidos no município. Mandados cumpridos Entre os 11 locais onde os mandados foram cumpridos, um deles é a casa da ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, que mora e foi vereadora em Jaguariúna. Karina disse que os policiais estiveram na sua casa, mas não levaram nenhum documento ou equipamento. Segundo a ex-jogadora, ela teve contato com o advogado suspeito de integrar a quadrilha, Fabiano Panattoni. “Eu contratei Panattoni para me acompanhar nas oitivas do processo que apurou irregularidades no Programa Segundo Tempo, do governo federal.” Neste processo, Karina, responsável por uma organização não governamental (ONG), foi indiciada pela Polícia Federal com mais oito pessoas suspeitas de terem desviado R$ 4,2 milhões. Ela também nega irregularidades nesse caso. A ex-jogadora negou que tenha qualquer envolvimento com os golpes contra políticos e disse que, até agora, não foi citada por ninguém como integrante do esquema. “Pelo que vi dessa história até agora, nenhum secretário de Monte Mor falou no meu nome. Tem pelo menos 10 anos que não visito Monte Mor. Não tenho nenhuma relação com esse processo”, disse Karina. Investigação Ainda não existe informação de que Karina tenha sido citada como envolvida em tentativa de estelionato contra a Prefeitura de Jaguariúna. O prefeito afirmou, em nota, apenas que foi “vítima de tentativa de extorsão e que todas as informações foram prestadas ao Ministério Público (Gaeco)” e que aguarda o término das investigações. Karina afirmou que não foi chamada para prestar depoimento sobre o caso, mas que está à disposição para dar esclarecimentos. “Quero deixar claro que o único elo que tenho com esse advogado (Panattoni) é no processo que envolveu a minha ONG.”O caso O Gaeco investiga ao menos oito pessoas suspeitas de terem cometido estelionato contra agentes públicos da região. No esquema, segundo as apurações, o escritório de advogacia de Campinas no qual trabalha o advogado Fabiano Panattoni entrava em contato com as prefeituras e dizia ter relatórios de investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que detalhavam irregularidades na Administração. Ele ainda teria dito às vítimas que era casado com uma promotora e filho de um juiz, o que facilitaria sua ação para que as investigações não seguissem. O grupo também contava com informações de agentes políticos para identificar os possíveis alvos da fraude. Em Monte Mor, Panattoni teria cobrado R$ 130 mil para fazer a defesa de três secretários. Os documentos falsos apresentados continuam as assinaturas forjadas de promotores do Gaeco de Campinas e Piracicaba. Panattoni é filho de juiz e casado com uma promotora. A Agência Anhanguera de Notícias (AAN) tentou contato com o advogado nesta quarta-feira, mas a informação foi a de que ele não estava no escritório.