Prefeito de Itatiba viaja e deixa a cidade 'à deriva'

A cidade de Itatiba está sem comando. O prefeito João Fattori (PSDB) viajou na última quinta-feira (26) com a esposa, a primeira-dama Cássia Fattori, para a cidade de Munique, na Alemanha, e não teria assinado qualquer portaria nomeando um representante que pudesse responder pelo município de 111 mil habitantes.   Em férias oficiais, o vice-prefeito, Ariovaldo Hauck da Silva, está em Londres, e encontrou Fattori no Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, no dia de embarque. Ambos estão rachados politicamente e, para o vice, Fattori teria somente dito que retornaria na quinta-feira, mas sem informar para onde viajaria.O próprio vice-prefeito fez fotos do prefeito e sua esposa na ala de embarque do aeroporto e comunicou os vereadores de oposição, o presidente da Câmara Edvaldo Hungaro e Douglas Augusto, ambos do PPS.   Poucas horas após a confirmação da viagem do prefeito, um cidadão itatibense, que estava no mesmo vôo que o prefeito (o LH505), fez fotos de Fattori no aeroporto europeu e em uma tradicional cervejaria de Munique, saboreando um petisco.   As fotos e os relatos do vice-prefeito Ari Hauck levaram os parlamentares a entrarem com uma de denúncia junto ao Ministério Público (MP), em que solicitam a averiguação das ausências injustificadas do prefeito em seu cargo entre os anos de 2013 e 2015.Até às 20h10 desta segunda-feira (30), a assessoria da Prefeitura de Itatiba não havia informado se Fattori nomeou alguém nesse período de afastamento do cargo ou os motivos de sua viagem.   De acordo com o presidente da Câmara, sabendo das férias do vice-prefeito, a pessoa que Fattori deveria ter nomeado para ocupar seu cargo interinamente no período de ausência seria o secretário de negócios jurídicos da Prefeitura, no caso Marco Aurélio Germano de Lemos.“O prefeito deveria ter no mínimo baixado uma portaria, antes de sua saída, indicando o secretário de negócios jurídicos da Prefeitura a assumir o cargo. Não houve, até o momento, qualquer documento publicado indicando o representante, tanto no Diário Oficial como para a Câmara.   A cidade está desde quinta-feira sem poder. Se por ventura acontece uma situação de calamidade pública, quem responde pela cidade?”, criticou o presidente Hungaro.Na leiConforme a Lei Orgânica de Itatiba, em seu artigo 62, o prefeito e o vice não poderão se afastar do cargo sem licença da Câmara, por um período maior do que 15 dias. Hoje faz quatro dias úteis que Fattori está longe da principal cadeira do Paço.   Já o artigo 63 da mesma lei impõe que o prefeito poderá licenciar-se quando a serviço ou em missão de representação do município, “devendo enviar à Câmara Municipal relatório circunstanciado dos resultados de sua viagem.”   “Ou então, o afastamento se dá quando por motivo de doença devidamente comprovada”, completa o texto.   Entretanto, como prefeito e o vice estão ausentes, se faz necessária a designação das competências das atividades do chefe do Executivo para qualquer responsável da Administração Pública.   “O município de Itatiba encontra-se acéfalo”, pontuaram os vereadores de oposição. A reportagem tentou contato com o vice-prefeito Ari Hauck, que continua em Londres, mas as ligações não foram atendidas. Seus relatos constam no relatório encaminhado à promotoria. Os vereadores pedem a cassação do prefeito caso o MP verifique infração política-admistrativa de Fattori em se ausentar sem indicar representação.   Fattori tem a maioria na Câmara, mas quatro vereadores participam do que a oposição chama de “Centrão”, ou seja, não seguem orientação do governo para aprovar todos os projetos encaminhados por Fattori.   CURIOSIDADEA cervejaria em que Fattori e sua mulher foram fotografados em Munique, a Hofbräuhaus, foi palco, em 1920, do primeiro evento político do Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP), o futuro Partido Nazista. Nesse dia, Hitler apresentou o “Programa de 25 pontos” do partido no local.