TRANSPORTES

Preços de tarifas de táxis na cidade terão reajuste de 13%

Mudança vale a partir de 10 de fevereiro; é primeiro aumento desde maio de 22

Luiz Felipe Leite/[email protected]
02/02/2025 às 07:11.
Atualizado em 02/02/2025 às 07:11
Os taxis em Campinas funcionam com base em um sistema de permissão (Kamá Ribeiro)

Os taxis em Campinas funcionam com base em um sistema de permissão (Kamá Ribeiro)

A Prefeitura de Campinas autorizou o reajuste dos valores cobrados pelo serviço de taxi na cidade. A mudança vai passar a valer a partir do dia 10 de fevereiro. É a primeira alteração desde maio de 2022. Apesar da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) não confirmar, o Correio Popular apurou com o Sinditaxi (Sindicato dos Permissionários e Auxiliares de Taxi de Campinas e Região Metropolitana) que o aumento será de aproximadamente 13%. A inflação para o período foi de 11,24%, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O decreto com os novos valores das tarifas será publicado na edição de amanhã do Diário Oficial do Município.

O reajuste será concedido para as três categorias existentes do serviço na cidade, a convencional, o acessível e o executivo. A proposta inicial da categoria era de um reajuste de cerca de 25%, considerando que a mudança no valor anterior a 2022 foi efetuado apenas em 2014. No entanto, a Prefeitura de Campinas argumentou que haveria um impacto financeiro muito grande para os passageiros, e sugeriu que fosse feito um reajuste em fevereiro deste ano e um novo no próximo ano, com um índice ainda a ser avaliado. 

Os taxis em Campinas funcionam com base em um sistema de permissão. Ou seja, por meio de um contrato administrativo do qual ocorre a delegação do serviço público a uma pessoa física ou jurídica, mediante licitação. Segundo o Sinditaxi, atualmente existem 800 permissionários ativos na cidade, considerando as categorias convencional e acessível. 

Os veículos são distribuídos em pontos específicos, devidamente sinalizados, e também podem permanecer próximos a locais com demanda pelo serviço, como hospitais, hotéis e centros empresariais.

EXPECTATIVA 

O presidente do Sinditaxi, Inácio Rodrigues da Fonseca, afirmou que é possível chegar a um patamar positivo para os taxistas, caso ocorram reajustes anuais a partir de agora. "A categoria queria um reajuste maior neste momento. Mas não foi possível. Em conversas com os permissionários, entendemos que esse aumento, apesar de ter sido menor do que era desejado, vai vir em boa hora. Há uma média hoje de faturamento diário de R$ 200. Com o reajuste, ele sobe em aproximadamente R$ 30. Já alivia um pouco", comentou.

Ainda de acordo com Inácio Rodrigues da Fonseca, a concorrência com os motoristas que dirigem exclusivamente via aplicativos de transporte é um fator que segue atrapalhando boa parte da categoria. "Dependendo da corrida, ir de taxi fica mais barato do que usar um carro de aplicativo. Existem outros fatores, claro, como horário, condições do clima, o trânsito do trajeto. Mas geralmente se a corrida possui um trajeto menor, o preço via taxi fica mais em conta para o passageiro". 

O Correio Popular simulou uma corrida por volta das 16h, entre a sede do Sinditaxi (Rua Maria Soares, na Vila Industrial) ao Paço Municipal (Avenida Anchieta, no Centro). É um trajeto de cerca de 1,4 quilômetros. Via taxi convencional, com o futuro reajuste de 13%, o valor máximo seria de R$ 15. Já por meio de um aplicativo, a cobrança seria entre aproximadamente R$ 12 e R$ 18, dependendo do tipo de categoria a ser escolhido. 

DIVISÃO 

Os motoristas de taxi de vários pontos de Campinas se manifestaram em relação ao assunto. Alguns deles responderam que apoiam o reajuste, só que ele poderia ter sido com um índice maior. Outros opinaram, no entanto, que pode ser "um tiro no pé para todos nós". 

É o que defendeu o motorista João Ferreira dos Santos, que trabalha na Rodoviária de Campinas. Ele atua há 38 anos como condutor de taxi em Campinas. Ao lado do também motorista Alfredo de Freitas Telles, ele classificou o reajuste como um fator que vai tornar a concorrência ainda mais complicada para a categoria. "Tem momentos que não conseguimos faturar nem R$ 100 em um único dia. A concorrência já está pesada com os motoristas de aplicativo. Com mais esse reajuste, vai ficar ainda mais difícil", lamentou. 

Quem acredita que o reajuste poderia ser maior é Paulo Henrique Avila Teixeira. O ponto dele fica em frente ao Jockey Club de Campinas, na Rua Thomaz Alves, na região central. Ele classificou o aumento como positivo. "Estamos em um momento econômico complicado. Não só nós taxistas, mas acredito que toda a população em geral. Um reajuste de 25% teria sido melhor, claro".

HÁBITOS 

A população de Campinas e as pessoas que transitam pela cidade também estão divididas. No caso do nutricionista Pedro Lucas Stein Lage, que também trabalha com o montador de estruturas metálicas, a última vez que utilizou um taxi foi há aproximadamente seis meses, quando esteve no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. "Moro em Minas Gerais e estou em Campinas de passagem. Uso mais os veículos via aplicativo por serem mais práticos e, para mim, mais baratos", afirmou. 

Um caso contrário é o da aposentada Cleusa Matos, de 70 anos de idade. Há 47 anos que ela pega taxis de forma quase diária. A mulher, que mora no Jardim Von Zuben, defendeu o serviço, devido à segurança e ao profissionalismo dos profissionais na cidade. "Sinto-me mais segura e mais respeitada usando um taxi. Claro que o aumento no valor da tarifa vai me afetar, mas não vou deixar de usar esse serviço por causa disso".

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