MAIOR DIFERENÇA DO ANO

Preços de combustíveis chegam a variar 30% em Campinas

Pesquisa em postos pode render grande economia a motorista que encher o tanque

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
01/09/2022 às 08:50.
Atualizado em 01/09/2022 às 12:11
Levantamento feito pelo Correio Popular identificou dez valores diferentes praticados pelos postos de combustíveis na cidade, com o menor a R$ 4,59, mesmo patamar praticado em fevereiro de 2021, e o maior a R$ 5,99 (Gustavo Tilio)

Levantamento feito pelo Correio Popular identificou dez valores diferentes praticados pelos postos de combustíveis na cidade, com o menor a R$ 4,59, mesmo patamar praticado em fevereiro de 2021, e o maior a R$ 5,99 (Gustavo Tilio)

Após três reduções nos valores dos combustíveis nas refinarias em dois meses, os motoristas passaram a fazer pesquisas nos postos de Campinas à procura dos menores preços. A variação encontrada é a maior deste ano: a diferença da gasolina de um posto para outro chega a 30%, o que equivale a R$ 1,40 por litro. Um levantamento feito pelo Correio Popular identificou dez valores diferentes praticados pelos postos de combustíveis, com o menor a R$ 4,59, mesmo patamar praticado em fevereiro de 2021, e o maior de R$ 5,99.

No final de junho, antes das quedas de preços provocadas pela redução da carga tributária sobre os combustíveis, a diferença no valor da gasolina era de 14,25%. O derivado do petróleo era comercializado entre R$ 6,29 e R$ 7,19 na cidade. “Eu costumo pesquisar porque tem muita diferença, mas sempre procurando qualidade. Nem sempre o mais barato compensa e nem o mais caro é o melhor”, disse a monitora de escola Vitória Camões, ao abastecer ontem. 

A redução na tabela fez até postos com bandeira venderem a gasolina abaixo de R$ 5 o litro, como ocorre em estabelecimento na Vila Industrial, onde é comercializado a R$ 4,89.

Essa variação acaba beneficiando o consumidor, que ganha com a concorrência entre os postos. O motorista de aplicativo Kleber Gomes dos Santos, que mora no Distrito do Campo Grande, procura equilibrar menor valor com qualidade. Ele procura sempre abastecer onde já conhece e no posto que fica no roteiro que normalmente faz, optando pela melhor oferta. 

Santos não faz questão que o estabelecimento faça parte de uma rede de distribuidora, desde que já tenha abastecido anteriormente. “Esse é um posto onde já abasteço há anos e nunca tive problemas”, disse. Já o motorista de entrega Josiel Mariano opta sempre pelo menor preço. “Onde tiver o menor preço, abasteço”, explica. 

Diferenças

Se rodar pequenas distâncias, o condutor já consegue garantir economia. Dois postos de uma mesma rede, distantes apenas 300 metros, trabalham com a gasolina com uma diferença de 17,69%. O estabelecimento na Avenida Brasil, no Jardim Guanabara, vende o litro a R$ 5,09, enquanto o localizado na Avenida Orosimbo Maia, na Vila Itapura, comercializa a R$ 5,99. A diferença de R$ 0,90 por litro resulta em economia de R$ 45 ao se encher o tanque de um carro hatch compacto, por exemplo.

O consumidor também deve ficar atento às constantes mudanças de preços. Dois postos, na Chácara Primavera e no Parque Taquaral, trabalharam com três preços diferentes no prazo de uma semana. No dia 22 passado, vendiam a gasolina a R$ 5,39, que depois teve reduções seguidas de R$ 0,10. Agora, comercializam a R$ 5,09. O etanol seguiu a redução, caindo de R$ 3,89 para R$ 3,59.

O contador Américo Santana Pena diz que voltou a abastecer o carro com etanol após o valor também cair. “Agora, voltou a ser vantajoso rodar com etanol”, afirma. Ele abasteceu em um estabelecimento onde o derivado da cana-de-açúcar é vendido a R$ 3,19, contra R$ 4,69 da gasolina. Mas nem sempre o etanol é vantajoso, pois depende dos preços praticados pelo posto.

Para começar, para ser vantajoso, o etanol precisa custar no máximo 70% do preço da gasolina. Em um posto no Centro, que trabalha com valor de R$ 3,43 para o álcool e R$ 4,79 para gasolina, o biocombustível nacional não vale a pena.

Em Campinas, a legislação municipal ajuda o consumidor a fazer a comparação sem ter que recorrer ao uso da calculadora na hora de abastecer. A lei nº 14.105, de julho de 2011, obriga os postos a informar em local visível o percentual de diferença entre a gasolina e o etanol. Normalmente, a placa informativa fica próxima às bombas ou na parte inferior da placa com os preços dos combustíveis.

O biocombustível também apresenta uma grande variação de preços em Campinas. Ele pode ser encontrado entre R$ 3,09 e R$ 4,29, diferença de R$ 1,20 por litro, o equivalente a 38,83%. 

Aumento de vendas e cuidados

O gerente de um estabelecimento no Centro, Artur dos Reis Santos, estima que houve um aumento nas vendas dos combustíveis entre 20% e 30%, desde o início da redução dos preços. “Atualmente, a procura por gasolina e etanol está meio a meio”, afirma.

O comerciante Luiz Antônio Guimarães admite que passou a usar mais o carro, mas considera que o combustível ainda está muito caro. “Não dá para abusar, até porque os preços dos alimentos e de outros produtos não caíram e cada vez sobra menos dinheiro no bolso”, justifica.

Os consumidores devem ficar atentos às promoções feitas por alguns estabelecimentos em determinados dias fixos da semana. A campanha é anunciada ostensivamente em faixas e placas, com os motoristas incautos podendo ser atraídos pelo valor sem se dar conta da data para a qual os preços mais em conta são válidos. 

“O Código de Defesa do Consumidor garante, independentemente da forma ou do meio de comunicação utilizado, que as informações das ofertas e de seus respectivos anúncios publicitários de produtos, serviços e mercadorias devam ser corretas, precisas e claras. Se o estabelecimento estiver cumprindo, não há o que o cliente reclamar”, explica o advogado especializado em defesa do consumidor Luiz Francisco Paiva Campos Ferreira. 

Diesel

Enquanto os donos de automóveis são beneficiados com a queda dos combustíveis, os motoristas de caminhões reclamam do valor do óleo diesel. No dia 5 de agosto, a Petrobras reduziu em R$ 0,20 o litro desse derivado do petróleo nas refinarias, com o preço médio caindo de R$ 7,05 para R$ 6,93 esta semana, de acordo com Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Mesmo assim, o combustível acumula alta de 39,5% apenas neste ano. No acumulado dos últimos 12 meses, o aumento é de 61,9%.

“Dependendo do frete, não compensa porque a gente acaba ficando vários dias parado até encontrar outra carga para voltar”, reclama o caminhoneiro Adaílson Negresoli. “Não é somente o diesel que está caro. O pneu está subindo, a manutenção. Vai chegar um ponto que não teremos mais condições de continuar rodando”, completa.

Nem mesmo a liberação do auxílio de seis parcelas de R$ 1 mil pelo governo federal aliviou a situação dos motoristas de caminhões. O benefício começou a ser pago este mês e vai até dezembro. “Esse valor de R$ 1 mil não faz diferença para quem atua no transporte rodoviário”, critica o caminhoneiro Wellington Batista Procópio. Ele explica que apenas o abastecimento de uma carreta fica em torno de R$ 4.800, o que dará para rodar até 1.750 quilômetros.

Dos quase 900 mil trabalhadores aptos ao benefício estimados pelo governo federal, apenas 190 mil receberam este mês. “Ainda não conseguimos entender, de forma clara, os critérios de quem está apto a receber o auxílio. Na teoria, o governo diz uma coisa, mas na prática é outra”, critica o presidente da Associação Nacional de Transportes do Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci. 

O Ministério do Trabalho justificou que a diminuição do número de usuários do programa aconteceu por causa de um pente fino realizado nos últimos dias. Com isso, o governo cortou o benefício de milhares de caminhoneiros que estariam com o cadastro desatualizado no sistema da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

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