Preço do leite em Campinas dispara 20% no ano

O preço do leite está dando um susto atrás do outro no consumidor. Neste ano, já aumentou 20%, para uma inflação acumulada em 12 meses de 6,27% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).A média do litro nos supermercados de Campinas está entre R$ 2,50 e R$ 2,60. E o mês de agosto bateu o recorde dos últimos seis anos em termos de valor bruto do litro pago ao produtor: R$ 1,0861. Mas, sem espaço para repassar o novo valor, a indústria segurou o preço e manteve o valor estabilizado ainda este mês.A forte alta do custo do leite UHT (tipo longa vida, em caixa) está mudando o hábito dos consumidores. Se antes a marca pesava na escolha, agora o preço é o principal fator decisório na hora da compra. Para conseguir melhores preços, os supermercados compram o produto em maior quantidade para tentar manter um estoque que permita fazer promoções - e aproveitá-las é uma das poucas opções que restam ao consumidor que pretende economizar.Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da USP, mostram que a média bruta do litro de leite UHT em agosto foi de R$ 1,0861, uma alta de 3% em relação a julho deste ano, quando o valor estava em R$ 1,0544. Os preços são coletados junto a produtores dos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Bahia.A entressafra, que se estende até meados de outubro, e a quebra de safra em países produtores são alguns dos fatores que influenciam o movimento de preços no mercado doméstico. Mas a pressão no valor do leite não é de hoje - desde o início deste ano, os consumidores já a vinham sentido nas prateleiras dos supermercados - há um ano, o valor da caixinha não passava de R$ 2,30. “Os meses com os repasses mais elevados foram junho e julho. Agora em agosto, o preço está estabilizado. Não há espaço para novas altas, mas o preço se estabilizou no pico”, afirmou o gerente de compras da Rede Covabra, Amarildo Pereira. Ele comentou que parte da produção nacional de leite foi comercializada na versão em pó nos últimos meses em mercados do exterior que ficaram desabastecidos com a quebra da safra em países produtores.O gerente lembrou que em 2010 houve um cenário parecido, mas os repasses não foram tão fortes como agora. “Atingimos o maior valor dos últimos anos. Nós, do varejo, temos que estar prontos para os sobressaltos da produção. Para isso, negociamos com os fornecedores e fazemos promoções”, disse. Pereira confirmou que muitos consumidores estão mudando de marca, buscando pelas mais baratas.Outra saída adotada é comprar o leite de saquinho. “Cada consumidor procura se adequar à nova realidade do mercado de leite. Há um crescimento do consumo de leite pasteurizado (de saquinho)”, disse. O gerente ressaltou que ainda é cedo para fazer previsões sobre como ficarão os preços daqui para frente, mas acredita que o quadro, no momento, é de estabilidade. “O fim da entressafra é entre setembro e outubro. Com a recuperação das pastagens e mais alimento para os animais, a produção deve aumentar e a tendência é de queda nos preços. Mas a velocidade e a intensidade desse recuo não há como prever”, afirmou.EstoqueUma estratégia adotada pela Rede Pague Menos é elevar o estoque de reserva para garantir um equilíbrio de preços. “Compramos uma quantidade maior e usamos a tática de fazer uma média entre o custo mais elevado na compra de reposição e o do produto que temos no estoque”, comentou o comprador de perecíveis da rede, Luiz Carlos Fiuza. Ele disse que neste ano o custo do litro de leite subiu 20% em relação ao ano passado. “O produto é muito consumido, por isso não sentimos queda das vendas. Mas o consumidor passa a ter outros hábitos”.A dona de casa Ana Maria Toledo, que tem três crianças em casa, é um exemplo. “Meus filhos não ficam sem leite, e com o frio, bebem ainda mais. Como não dá para comprar um litro de leite por quase R$ 3,00, tento aproveitar as promoções e fazer estoque”, afirmou.