OBSERVATÓRIO PUC-CAMPINAS

Preço da cesta básica em Campinas cai quase 3% em um ano

Análise do Observatório PUC-Campinas apontou que em outubro o valor foi de R$ 690,91, o segundo menor desde setembro do ano passado

Edimarcio A. Monteiro/ edimarcio.augusto@rac.com.br
22/11/2023 às 09:08.
Atualizado em 22/11/2023 às 09:14

Mesmo com a tendência de queda nos preços, alguns produtos apresentaram alta; de setembro para outubro deste ano, a batata encareceu 26,97% (Kamá Ribeiro)

O preço da cesta básica em Campinas apresentou queda de 2,98% em outubro na comparação com igual mês de 2022. No mês passado, o preço foi de R$ 690,91, o mais baixo em 2023 e o segundo menor valor desde o início do estudo feito pelo Observatório PUC-Campinas, enquanto em outubro de 2022 a cesta custava R$ 712,12. Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado como a inflação oficial e que considera alimentos e outros itens, teve alta de 4,82%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em setembro de 2022, quando teve início o levantamento mensal, o custo da cesta ficou em R$ 688,67.

Na comparação com setembro deste ano, quando custou R$ 694,01, a cesta básica de outubro apresentou queda de 0,45%. Para o responsável pela pesquisa, o economista Pedro de Miranda Costa, a redução ocorrida ao longo do ano, e que também refletiu em outubro, foi influenciada principalmente pela queda do dólar, a safra recorde nacional de grãos e o mercado que se adequou aos fatores externos que pressionaram os preços em 2022, como buscar novos fornecedores de trigo em função da guerra entre a Rússia e Ucrânia, dois grandes produtores mundiais.

“Felizmente para o trabalhador, a tendência foi de estabilidade ou queda dos preços para os alimentos”, afirmou ele, que também é professor da PUC-Campinas. Dos 13 alimentos que compõem o levantamento, sete apresentaram queda de preço em outubro em relação ao mês de setembro. A maior redução foi para a banana (8,31%), seguida pela manteiga (3,88%), feijão (3,13%), tomate (1,95%), pão francês (0,95%), café (0,80%) e carne (0,43). Já a alta de preços foi puxada pela batata (26,97%), açúcar (4,66%), arroz (4,39%), óleo de soja (1,56%), farinha de trigo (1,41%) e leite (1,38%).

COMPORTAMENTO

Na comparação com outubro de 2022, a maior redução foi no preço do óleo de soja, 29,2%. O preço médio do litro do produto era R$ 9,35, contra R$ 6,62 do mais recente levantamento feito pelo pelo Observatório PUC-Campinas. Café (11,94%), leite (9,76%) e carne (9,72%) são outros itens que tiveram as maiores reduções. Por outro lado, o tomate (33,19%), cujo preço do quilo passou de R$ 6,81 para R$ 9,07, arroz (14,46%), pão francês (2,32%) e manteiga (1,96%) são os itens que tiveram maiores aumentos.

Os produtos que fazem parte da pesquisa são os mesmos considerados para calcular o salário mínimo, que deveria ser suficiente para alimentar uma família formada por quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) de acordo com o decreto-lei nº 399 de 1938. Com base nisso, somente para suprir as necessidades com alimentos, o valor do salário mínimo deveria ser de R$ 2.072,72, ou seja, 1,57 vez maior do que o atual – R$ 1.320.

Nos dez primeiros meses deste ano, o óleo também é o produto que apresenta a maior redução de preço (30,36%), seguido pelo feijão (22%) e batata (17,66%). Já os itens que apresentaram a maiores elevações de preços são o açúcar (10,63%), arroz (10,47%) e leite (2,67%).

A queda no custo da cesta básica registrada em outubro fez com que Campinas ficasse na oitava posição no ranking nacional da variação de preços. A maior alta no mês passado foi registrada em Fortaleza (CE), onde chegou a 1,32% de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que faz o levantamento em 18 capitais brasileiras e adota a mesma metodologia do Observatório PUC-Campinas. Natal, capital do Rio do Grande, teve a maior queda: 2,82%.

Apesar da redução, Campinas ficou em quinto lugar entre as cidades com a cesta com maior custo. A liderança é de Porto Alegre-RS, com R$ 739, seguida por Florianópolis-SC, com R$ 739, São Paulo (R$ 738) e Rio de Janeiro (R$ 721). As três capitais com as cestas básicas mais em conta, considerado-se as diferenças dos itens em função dos hábitos alimentares, são Aracaju-SE (R$ 522), João Pessoa-PB (R$ 555) e Recife-PE (R$ 557).

REFLEXO

Em valores absolutos, a cesta básica teve uma redução de R$ 3,10 de setembro para outubro em Campinas. Apesar disso, os consumidores reclamaram que não conseguem sentir no bolso a variação por causa do crescimento de outros cusos.

“O óleo até caiu um pouco de preço, mas outros itens básicos subiram muito, como as verduras”, disse a aposentada Edite Gonçalves de Palma, que na terça-feira (21) foi às compras acompanhada pelo marido, Mário Palma. A aposentada Maria de Lourdes Silva diz que recorre a pesquisa de preços, promoções e substitui os itens mais caros por outros mais em conta para conseguir economizar e fazer os gastos se encaixarem na renda. “Está tudo caro, nada está barato. Compro o que dá, o que é possível”, disse. Para o comerciante Fernando Baú, as altas de hortifrutigranjeiros e verduras estão sendo provocada pelo calor forte e chuvas pesadas que têm marcado a primavera. “O clima também está afetando a qualidade.

Para conseguir oferecer uma mercadoria boa, não tem como fugir da alta de preços”, afirmou. De acordo com ele, a caixa de alface que era comprada no mês passada por R$ 18 agora custa entre R$ 26 e R$ 28. Já o saco de 20 quilos de cebola passou de R$ 50 para R$ 100. Fernando Baú acrescentou que também compra direto dos produtores para conseguir preços melhores, evitando os intermediários.

Para o responsável pela pesquisa do Observatório PUC-Campinas, o clima adverso desde setembro pode pressionar a alta de preço de alguns produtos nas próximas semanas e meses. Porém, Pedro Costa salientou que é preciso aguardar o comportamento dos produtores e fornecedores para ter um quadro mais realístico da situação.

“O calor intenso e as chuvas podem causar queda na produção e puxar a alta de preço. Mas também é verdade que, para evitar perda da qualidade, os produtores antecipem a colheita e isso aumente a oferta no mercado, além de segurar os preços, ocorrendo problemas de abastecimento lá na frente”, explicou o economista.

No caso da cesta básica, afirmou, isso pode afetar principalmente dois produtos de ciclo rápido de produção: o tomate e a batata. Para o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), que faz acompanhamento nacional de preços, os efeitos do clima devem impedir a queda mais acentuada dos alimentos no acumulado do ano. Segundo ele, o que se espera é um impacto maior no primeiro trimestre de 2024, que tende a se dissipar com a chegada do outono.

É o caso, por exemplo, das chuvas torrenciais que afetam o Sul do Brasil em uma época que é de plantio de arroz para a safra 2023/2024, com a região sendo responsável por 70% da produção nacional. Em alguns locais ocorre o atraso no plantio, enquanto em outros já houve aumento de 40% na área plantada. Para André Braz, será necessário aguardar a próxima colheita para ter uma visão mais clara do impacto na produção. De qualquer forma, ele acredita que uma mudança na direção dos preços dos alimentos será temporária.

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