CENÁRIO XXI

Pré-sal cria oportunidades de trabalho

Descoberta de novas reservas impulsiona a demanda por mão de obra qualificada no setor

Cecília Polycarpo
19/04/2013 às 08:50.
Atualizado em 25/04/2022 às 19:40
O estudante Guilherme Caselha, de 18 anos, vai prestar vestibular para engenharia de petróleo (Janaina Maciel/Especial para a AAN)

O estudante Guilherme Caselha, de 18 anos, vai prestar vestibular para engenharia de petróleo (Janaina Maciel/Especial para a AAN)

O petróleo é nosso. O slogan do governo de Getúlio Vargas na Campanha do Petróleo de 1953, que tinha como objetivo explorar as jazidas descobertas em 1939 no Recôncavo Baiano, nunca foi tão atual. A expectativa de exploração do recurso natural na camada pré-sal do Sul e Sudeste brasileiro é tão grande que gera brigas pelos royalties do petróleo entre os estados. Em várias cidades do País, a Petrobras, responsável por explorar o óleo negro nacional, monta plataformas e contrata milhares de trabalhadores, concursados ou ligados a empresas terceirizadas.

Entre os profissionais mais procurados e bem remunerados do setor, está o engenheiro de petróleo. Desde a descoberta do mineral na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro na década de 70, a profissão se consolidou e criou muitos postos de trabalho. Com o fenômeno do pré-sal, os engenheiros de petróleo são agora disputados pelas empresas, que tentam ganhar os melhores profissionais com salários altos e pacote de benefícios.

A engenharia de petróleo é o conjunto de técnicas usadas para descoberta de poços e jazidas e para a exploração, produção e comercialização de petróleo e gás. O bacharel, ou engenheiro, deve, com seus conhecimentos em geofísica, mineração e geologia, maximizar a extração do mineral nas rochas porosas.

“Ele que tem a técnica de elevação do petróleo para a superfície. E o principal desafio é fazer isso de forma eficiente. Temos que aumentar a porcentagem de recuperação das jazidas, que hoje está em torno de 50%, e aproveitar o máximo de cada poço”, explicou a coordenadora do ciclo básico do curso de Engenharia de Petróleo da Universidade de São Paulo (USP), em Santos, Patrícia Matai. E tudo isso, sem causar prejuízos ao meio ambiente.

Além disso, o engenheiro cuida do transporte da matéria-prima, e seus derivados, desde o local da exploração até a refinaria. “Já na refinaria, o engenheiro de petróleo não tem vez. Lá, predominam os engenheiros químicos. Nós trabalhamos nas jazidas, nos poços de exploração mesmo”, disse.

Desde o ano passado, as aulas do curso da USP são na nova unidade da universidade em Santos. A decisão de mudar o curso para a Baixada Santista partiu do próprio governador Geraldo Alckmin (PSDB). O objetivo é que os alunos façam intercâmbio com os profissionais de uma das maiores plataformas construídas pela Petrobras para a exploração do petróleo no pré-sal.

“É interessante também para os universitários estagiarem nas empresas que prestam serviço à estatal. A maioria dos estudantes não tem dificuldade nenhuma em conseguir uma boa posição no mercado depois de formados”, afirmou Patrícia. Hoje, a USP não consegue atender a demanda por profissionais das companhias no Estado. Multinacionais que atuam no Brasil e operadoras estrangeiras “roubam” mão de obra brasileira. A maioria dos engenheiros vai trabalhar em empresas norte-americanas ou instaladas no Mar do Norte, na Noruega, Dinamarca ou Alemanha.

O salário inicial do engenheiro de petróleo para oito horas de trabalho, de acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), é de 8,5 salários mínimos, ou R$ 5.763,00. Mas a maioria das empresas não contrata um engenheiro por menos de R$ 7 mil, de acordo com a coordenadora.

A remuneração diferenciada é um dos apelos que a profissão tem para o estudante campineiro Guilherme Lucas Casella, de 18 anos. O adolescente contou que desde que estava na 8ª série sonha em ser engenheiro de petróleo. “Gosto de cálculo, física, tecnologia e geologia. E a profissão sempre me interessou, muito antes de todo o estardalhaço em torno do pré-sal. Claro que o salário também é um atrativo”, contou Casella.

O estudante, que irá prestar apenas faculdades federais e estaduais, espera trabalhar um período fora do País para aprender as técnicas mais avançadas de extração. “Mas depois quero voltar para aplicar esse conhecimento no Brasil, na Petrobras. A empresa tem muito o que crescer.”

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