preço e a quantidade

Prato feito é a refeição preferida dos campineiros

Opção de cardápio está presente em estabelecimentos de toda a cidade

Thiago Rovêdo
03/05/2022 às 08:36.
Atualizado em 03/05/2022 às 12:10

Rafael Guirardelli, dono de restaurante na Vila Aeroporto: escolheu o prato feito porque, neste momento de pandemia, o valor é atraente para clientes e não há há desperdício de comida (Gustavo Tilio)

Muitos são bem simples, outros criativos e há até mesmo opções tão caprichadas que o consumidor se sente como estivesse num restaurante caro. No entanto, apesar das variações existentes, essa refeição — geralmente econômica e servida com maior rapidez — é conhecida por todos: o prato feito.

A reportagem do Correio Popular visitou restaurantes de diferentes regiões de Campinas para verificar como é a oferta desse tipo de refeição na cidade.

O prato feito, também conhecido como PF, contempla normalmente uma refeição completa, com arroz, feijão, uma proteína e salada. Às vezes, traz ovo, batata frita e até mesmo macarrão. Mas há restaurantes que oferecem mais variedades, incluindo lazanha, almôndegas, etc. Às quartas-feiras e sábados, não pode faltar a feijoada, que já se tornou tradicional nessas datas em todo o Estado de São Paulo. Os preços variam de R$ 18 a R$ 25.

Com 31 anos, o proprietário de um restaurante na Vila Aeroporto, Rafael Guirardelli, atua no ramo há 15 anos e este é seu segundo estabelecimento. Ele trabalhava na região do Campo Grande, mas decidiu mudar de lugar em busca de novas oportunidades. O prato feito foi a escolha mais indicada.

"Eu escolhi o prato feito porque é mais confortável para o cliente. Há também o desperdício de comida, que não ocorre com o PF. Antes da pandemia, isso não era tão importante, mas agora é. No self-service, você acaba perdendo mais. Por fim, é um valor mais atraente para as pessoas", afirmou. O cardápio tem opções de prato feito, com três diferentes misturas, além de feijoada nas quartas e sábados. O preço é o mesmo da média cobrada na cidade, chegando até a R$ 25, dependendo do tamanho do marmitex ou da opção escolhida pelo cliente. "Ele é um prato mais barato, que vem na quantidade ideal para saciar a pessoas. É gostoso, saudável", afirmou.

Maria Edinete Chaves de Lima resolveu se arriscar assim que começou a pandemia. Ela nunca havia estado em uma cozinha antes, mas decidiu abrir seu restaurante, ao lado do Terminal Ouro Verde, onde serve uma comida típica, rápida e saborosa para a hora do almoço.

Ela também não teve dúvidas na hora de optar pelo prato feito. "Trabalho com bastante variedade de cardápio. Não ofereço só três ou quatro opções. É almôndega, bife a cavalo, lasanha, eu faço de tudo", disse. Os preços variam de R$ 18 a R$ 25 e Edinete, como é conhecida pelos clientes, diz que hoje não é só uma profissão. "Eu vim na loucura mesmo. Era o começo da pandemia, mas eu precisava trabalhar, precisava sobreviver. Hoje, tenho bastante clientes. Tem dias que vendo mais, mas em outros, vendo menos. Para mim, o que importa é que cozinho por amor", disse.

O professor de gastronomia do Centro Universitário UniMetrocamp Wyden Caio Nunes avalia que o prato feito o prato feito é uma questão cultural enraizada no brasileiro, assim como diversas outras manifestações. "Prato feito é uma questão cultural. Ele existe como cultura da alimentação. Em São Paulo e Rio de Janeiro, o PF é muito consumido pelos moradores e é uma forma de valorização do produtor local", disse.

O professor não é apenas um especialista na área, mas é também um consumidor dessa forma de refeição. "Eu adoro prato feito. Acho a proposta extremamente viável economicamente falando, saudável, a pessoa acaba comendo bem, com opções diferentes todos os dias. Sou muito a favor do prato feito como movimento de gastronomia", concluiu.

Aposta diferente

A gastronomia sempre foi uma tradição na família de Paolla Oliveira. Sua avó e tia eram donas de seus próprios negócios na área, mas ela mesma nunca havia trabalhado com refeição na vida. Até que resolveu apostar, mas não só em um restaurante com prato feito tradicional. Abriu um restaurante no Centro, onde decidiu inovar, lançando um cardápio variado, mas sem deixar de lado a tradição brasileira. "Fizemos uma pesquisa aqui na região central e verificamos que tem muito self-service. Optamos pelo prato feito para conseguir entregar uma coisa mais com a nossa cara. Temos também massas à la carte, temos o que chamamos de prato do dia, que varia conforme a semana", explicou.

O preço cobrado fica na média dos outros locais e, segundo Paolla, foi preciso muito estudo e cuidado para conseguir oferecer algo um pouco diferente, sem encarecê-lo. "Fizemos uma pesquisa de mercado, analisando quais as melhores opções. Não temos um fornecedor fixo. Precisamos ter lucro e lembrar que estamos no Centro, com dois vizinhos muito conhecidos no almoço. Não podemos também ter um preço muito fora disso", afirmou.

Consumidores aprovam

O professor de dança William Virgini, de 29 anos, é um dos que aprovam o formato do prato feito. Para ele, o preço e a quantidade que vem no prato são os maiores atrativos para quem quer se alimentar bem. "Eu, dependendo da situação, prefiro o prato feito. Ele é acessível, tem um preço legal e o cardápio a gente já conhece. Além disso, vem em uma quantidade legal para saciar e se sentir satisfeito", contou.

Professora da Inova Business School, a especialista em tendências e comportamento do consumidor Eliane El Badouy avalia que o prato feito consegue unir três pontos principais da relação do consumidor com a gast ronomia e, por isso, é uma refeição tão comum e desejada pelo público brasileiro.

"Primeiro, precisamos entender a relação que as pessoas têm com a comida, pois há diferentes relacionamentos: a comida como nutrição, como forma de união e relacionamento entre pessoas, e como indulgência, que é a busca pelo prazer que a comida traz às pessoas. Se parar para pensar, temos tentado buscar unir os três. Então, se a pessoa quer achar um serviço que já proporcione tudo isso, é óbvio que fica muito fácil encontrar isso no prato feito", disse.

A especialista acredita que, quando se fala da questão relacionada à nutrição, o ideal é que tenha uma composição equilibrada como historicamente ocorre com o prato brasileiro. "O cardápio é bom e fácil de escolher. A pessoa não gasta energia pensando no que vai querer. Além disso, é um prato que vem em uma quantidade que sacia o consumidor", comentou.

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