Prato da Quaresma, peixe tem preço estável em Campinas

Os preços dos peixes estão estáveis pelo segundo ano consecutivo em Campinas. Levantamento feito pelo Correio Popular encontrou o cação vendido na segunda-feira (12) nas peixarias do Mercado Municipal a R$ 34,90 o quilo, às vésperas da Quarta-Feira de Cinzas, quando muitos católicos preservam a tradição de não comer carne vermelha. É o mesmo valor praticado desde 2022. Já a tilápia e a corvina eram comercializadas a R$ 22,90, uma pequena alta de 0,46% em comparação ao ano passado, variação abaixo dos 4,51% da inflação acumulada em 12 meses até janeiro deste ano, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O quilo da cavalinha, um peixe mais popular e com o valor mais em conta entre as opções disponíveis, custava R$ 9,90, redução de 23,26% em comparação aos R$ 12,90 cobrados no ano passado. O gerente de uma peixaria no Mercadão, Alcebíades Aparecido de Souza Júnior, explicou que estão acompanhando os valores praticados pelos fornecedores e esperava um aumento em torno de 20% nas vendas em virtude da Quarta-Feira de Cinzas, primeiro dia da Quaresma para os católicos.

O Mercadão ficará aberto nesta terça-feira até ao meio-dia. O movimento na segunda-feira, foi tranquilo, com pequenas filas durante a manhã, diferente do verificado no ano passado, quando dava volta na parte externa do prédio. O movimento em 2023 fez a Empresa Municipal de Campinas (Emdec) montar um esquema especial de trânsito e interditar uma faixa da Avenida Benjamin Constant, o que não ocorreu este ano. Os comerciantes atribuem o movimento mais tranquilo às obras de reforma do prédio.

CONSUMIDORES

A dona de casa Maria Passos disse estar satisfeita com os preços dos pescados. "Eu não costumo comprar muito peixe. Eu compro agora por causa da tradição de não comer carne vermelha na Quarta-Feira de Cinzas e depois na Sexta-Feira Santa", disse ela, que é católica. Já Conceição Pereira gastou R$ 74 comprando filé de tilápia, que era comercializado a R$ 64,90 o quilo. "Eu nem cheguei a fazer comparação de preços. Normalmente, quem compra peixe é meu marido, mas ele não está podendo se levantar", disse ela. Nos supermercados de Campinas, do produto é vendido entre R$ 57,99 e R$ 92,25.

Outro peixe muito procurado nesta época é bacalhau, que apresenta uma grande variação de preço. A variedade "Porto" é vendida entre R$ 99,90 e R$ 184 o quilo, diferença de 84,18%. Já o peixe salgado Zarbo, que é uma opção mais em conta, tem uma margem menor entre os preços praticados, ficando em 8,2%. O produto é encontrado entre R$ 59,98 e R$ 64,90.

No catolicismo, a Quaresma é um período religioso de preparação para a Páscoa e que simboliza a conversão e mudança de vida, para recordar a fragilidade da vida humana, sujeita à morte. O padre Samuel Fidelis explica que, conforme a tradição cristã, alguns animais, como mamíferos e aves, não são consumidos durante a Quarta-Feira de Cinzas porque sangram. "Na compreensão do mundo antigo, o sangue é uma associação à vida. Já que vamos meditar a Paixão do Senhor, não podemos consumir a carne dos animais que sangram", disse.

A data marca o início da penitência humana na Quaresma, que vai terminar com a Paixão de Cristo na Sexta-Feira Santa e na ressurreição, no Domingo de Páscoa. Por isso, é um período de reflexão e de tentativa de mudança de comportamento. De acordo como religioso, é recomendado jejum e abstinência a todos os cristãos de 18 a 60 anos que tiverem saúde para cumprir este tipo de sacrifício. "As pessoas deverão realizar apenas uma refeição durante o dia, apesar de também poderem fazer duas refeições leves auxiliares", afirmou.

A dona de casa Isabel Melo Marques disse que não come carne vermelha durante toda a Quaresma. "É uma forma de penitência, pedir perdão pelas nossas faltas, nossos erros. Não sinto falta nesse período, apesar de fazer para o meu marido e meus filhos", afirmou ela, que tem 79 anos de idade.

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