MEIO AMBIENTE

Praia Azul muda visual, mas aguapé ainda preocupa

Prefeitura poda árvores e gramado no entorno, mas vegetação flutuante requer ação específica

Renato Piovesan
23/08/2018 às 07:45.
Atualizado em 22/04/2022 às 16:21
CPFL Renováveis, que atua na área, não descarta a possibilidade de abrir as comportas para deixar que as plantas aquáticas sigam o curso d'água pelo Rio Atibaia sentido Rio Tietêr
 (Thomaz Marostegan)

CPFL Renováveis, que atua na área, não descarta a possibilidade de abrir as comportas para deixar que as plantas aquáticas sigam o curso d'água pelo Rio Atibaia sentido Rio Tietêr (Thomaz Marostegan)

O trabalho de limpeza na Praia Azul, em Americana, já apresenta resultados visíveis na região. Funcionários da Prefeitura iniciaram ontem a poda de árvores e do gramado em volta e começaram a retirar parte dos aguapés, que tomaram a Represa de Salto Grande nos últimos anos, que congrega os dois reservatórios. Os trabalhos são acompanhados de perto por um grupo de moradores, intitulado G6. Eles, no entanto, alertam que a proliferação desenfreada de macrófitas no reservatório ainda demandam ações maiores. Há pelo menos dois anos, a CPFL Renováveis, que capta energia por uma usina na vizinha Praia dos Namorados, na mesma represa, desativou uma máquina utilizada para remover aguapés na barragem. Em contato com a reportagem, a empresa não descarta abrir as comportas para deixar que as plantas aquáticas sigam o curso d'água pelo Rio Atibaia sentido Rio Tietê, onde os aguapés seriam triturados pelas pedras, ao passar pelo Rio Piracicaba. “Em função do aumento de vazão no rio Atibaia, que ocorre no período chuvoso, poderá haver a necessidade de abertura das comportas para manter o nível do reservatório e isto resultar na passagem natural das plantas aquáticas (macrófitas) para jusante do barramento.” Jusante é a direção em que correm as águas de uma corrente fluvial de um ponto mais alto para outro mais baixo. “Tal situação pode contribuir para uma diminuição da área ocupada pelas plantas aquáticas na região próxima ao barramento”, informa a CPFL Renováveis em nota. O acúmulo de aguapés na Represa de Salto Grande forma diariamente enormes manchas verdes no reservatório e atrapalha a travessia de embarcações de pescadores e turistas. Nos anos 70 e 80, as praias de Americana recebiam centenas de visitantes nos finais de semana, quando a água ainda era limpa. Atualmente, a represa sofre com o despejo irregular de esgoto de residências e indústrias dos 18 municípios a montante. Tais dejetos, por sua vez, propiciam a proliferação dos aguapés, que se alimentam dos poluentes orgânicos. Agencamp Há dois anos, a Agência Metropolitana de Campinas (Agencamp) até criou uma Câmara Técnica Especial para levantar recursos para despoluir a represa, mas, até agora, quase nada saiu do papel. Há um projeto – custoso – nas mãos das autoridades que pode simbolizar o fim dos problemas. Seria a construção de uma Unidade de Tratamento de Rio (UTR) para implantação de uma tecnologia conhecida como Flotflux, mecanismo que é instalado na calha da represa para remoção do material poluente como o fósforo e o nitrogênio. O custo é estimado em R$ 150 milhões e dependeria de investimento de Prefeituras e Governo para ser viabilizado.

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