Praça central sofre com vandalismo

Um dos mais expressivos cartões postais de Campinas, a Praça Carlos Gomes, situada no Centro, a um quarteirão da Prefeitura, sofre com o vandalismo, insegurança e manutenção precária. Palco de festivais gastronômicos como Chefs na Praça e outros eventos culturais, o espaço público apresenta pichações em seus dois monumentos históricos: um dedicado ao escritor Ruy Barbosa e outro a Thomaz Alves — médico campineiro de importante papel no combate à epidemia de febre amarela de 1889 —, que teve o busto retirado em 2013 para não ser danificado. Inúmeros bancos de madeira estão com o encosto quebrado. A maioria das lixeiras também foi pichada e as tampas, retiradas. Parte dos equipamentos de lazer está enferrujada e outra parte serve de varal improvisado aos moradores de rua que lavam suas roupas em fontes e torneiras da praça. No espaço sob o coreto, utilizado para guardar ferramentas e para descanso dos funcionários da Colepav, empresa que presta serviços de limpeza à Prefeitura, o quadro de energia está com os fios totalmente expostos, assim como em algumas tomadas, colocando em risco a vida dos trabalhadores. Além disso, a praça se tornou, ao longo dos anos, um conhecido ponto de prostituição — prática que, segundo a população, ocorre até durante o dia — e de tráfico e uso de drogas. Daniella de Oliveira Trani, publicitária de 40 anos, mora em um prédio em frente à praça há 28 anos. Para a comunicadora, o cenário atual é vergonhoso. Antigamente, os moradores do entorno, em sua maioria idosos, passeavam lá com seus cachorros. Isso não ocorre mais. "Cheiram cocaína indiscriminadamente à noite", comentou. Noel dos Santos, aposentado de 83 anos que mora no Parque São Quirino, frequenta o espaço há décadas à procura de sossego. "No passado, quando a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) funcionava na Rua Irmã Serafina, aqui era bem mais seguro. Víamos mais guardas e policiais", disse. Um comerciante, que preferiu não se identificar, destacou que "o tráfico de drogas e a prostituição afastaram o cidadão de bem". Prefeitura A Prefeitura informou, em nota, que as praças recebem manutenção periodicamente, tanto do paisagismo quanto dos demais itens, especialmente as que estão na região central da cidade. O texto diz ainda que monumentos, como estátuas e bustos, não podem ser pintados e exigem uma limpeza especial, feita com produtos e equipamentos específicos para remover a tinta das pichações e a sujeira em geral. "Na Praça Carlos Gomes está programada uma limpeza de monumentos esta semana. São feitas entre 40 e 60 limpezas de monumentos por mês e lavagem do entorno. As papeleiras quebradas também serão substituídas esta semana", diz trecho da nota, que afirma que o parquinho e os bancos também irão passar por manutenção, assim como os fios expostos na parte debaixo do coreto. No que diz respeito aos moradores de rua, a Prefeitura informou que são realizadas abordagens sociais diárias, que incluem cadastro, atendimento e encaminhamento para a rede de serviços, como o Albergue Municipal, por exemplo. "A preservação dos espaços públicos é uma contrapartida de toda a sociedade. Além da manutenção feita pela Prefeitura, cada cidadão precisa fazer a sua parte", ressalta a nota. GM afirma que patrulhamento é constante Márcio Frizzarin, comandante da Guarda Municipal de Campinas, afirma que o patrulhamento na praça é constante, mas que será intensificado. Contudo, explica que é inviável manter uma viatura lá 24h por dia. Isso implicaria em outras áreas da região central desprotegidas. Frizzarin pede que a população seja mais participativa e entre em contato caso presencie alguma prática criminosa. As denúncias para a GM devem ser feitas através do número 153. Hamilton Caviola Filho, delegado do 1º Distrito Policial de Campinas, que atende a área, explica que as vítimas de crimes devem registrar boletins de ocorrência. Dessa forma, tanto a resolução dos casos quanto a prevenção de tais ações criminosas serão mais efetivas. O Disque Denúncia da Polícia Militar atende pelo número 181. Não é necessário se identificar para realizar denúncias para a GM e PM. TAXISTAS Taxistas do ponto instalado na Rua Boaventura do Amaral, próximo à Praça Carlos Gomes, reclamam que a sinalização viária do local e também das vagas destinadas a idosos e deficientes físicos estão apagadas, resultando em desrespeito por parte dos motoristas. De acordo com Luiz Carlos Zinhoni, de 65 anos, a última pintura realizada há pouco mais de um ano foi feita com recursos próprios e pelos taxistas. Devido à insegurança, de acordo com Zinhoni, quase todos os 10 taxistas do ponto atuam, geralmente, das 5h30 até as 19h. Em nota, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) informou que fará vistoria técnica no local indicado para verificar as condições da sinalização viária. Caso seja identificada a necessidade de melhorias, a Emdec adotará as medidas cabíveis.