Passageiros de ônibus são os que mais sofrem com a situação, pois não há nada que caracterize o local como ponto de parada ou ofereça uma estrutura mínima para os usuários
Área, que abriga ponto comercial, sofre com falta de infraestrutura, segundo vizinhos e frequentadores (Janaína Ribeiro/AAN)
Uma praça de Campinas de aproximadamente 50 metros quadrados (m²) passa despercebida justamente na Avenida José de Souza Campos, a Norte-Sul, que teve projeto de revitalização de todo o canteiro central entregue no último domingo. Com mato, ponto de parada de ônibus sem sinalização e rampa de acesso recém-construída que acaba na terra, a pequena Praça Emília Ronchesel Vicenzi está esquecida, segundo a vizinhança, mesmo localizada praticamente em frente à Administração Regional 2 — que, apesar da aproximidade, não é a AR responsável pelo bairro. Moradora da região há dez anos, a dona de casa Márcia Cristina Rodrigues Cruz, de 51 anos, não se conforma em ver toda a avenida renovada enquanto a praça fica sem qualquer atenção. “O máximo que acontece é alguém do quiosque fazer uma limpeza”, lamenta a moradora, se referindo a um ponto comercial instalado na área pública. Márcia diz que não entende porque o equipamento público não foi incluso no projeto. “Colocaram a rampa, mas entra e não sai para nenhum lado. Tem ponto de ônibus, mas não tem abrigo”, descreve. O empresário Rodrigo Franchini, de 40 anos, que inaugura neste fim de semana um comércio em frente ao local, cogitou até mesmo adotar o equipamento público, o que não seria permitido por seu estabelecimento comercializar bebida alcoólica. “Eu vejo que não recebe atenção”, justifica. Passageiros de ônibus são os que mais sofrem com a situação, pois não há nada que caracterize o local como ponto de parada ou ofereça uma estrutura mínima para os usuários. “Aqui precisa uma cobertura, um banco. Diz que tinha um banco e levaram para o outro lado da avenida porque lá tem mais gente, mas aqui também temos passageiros”, critica a administradora Vera Lúcia Beal, de 45 anos, moradora de Valinhos e que pega ônibus no ponto há dois anos, pois trabalha na região. A técnica em segurança do trabalho Amanda Beloti, de 29 anos, moradora de Vinhedo, também sente o descaso. “Se chove e a gente se abriga no quiosque, o ônibus não para”, reclama. A Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, responsável pelo projeto de urbanização da Norte-Sul, informou que os Termos de Compromissos Ambientais firmados são específicos para as obras do canteiro central. O projeto inclui a implantação da ciclovia, pista de caminhada, trechos de calçadas, sinalização de solo, colocação de lixeiras e iluminação com postes de energia solar fotovoltaica, no valor total de R$ 900 mil. A manutenção regular de outros espaços no entorno segue como responsabilidade da Secretaria de Serviços Públicos, que negou descaso, alegando que a praça passa por manutenção dentro do cronograma do Departamento de Parques e Jardins (DPJ), incluindo capinação e poda de árvore. Sobre a rampa, a Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida afirmou ser responsabilidade da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que promete verificar se há irregularidade. Caso seja constatada, as adequações necessárias serão feitas, informou. Sobre o ponto de parada, a Emdec argumentou que há na cidade aproximadamente 5,2 mil pontos, que são representados por placas, pontaletes ou, em alguns casos, sem demarcação, sendo que apenas um terço possui cobertura. As diferenças se devem às características de cada local, sendo priorizada a instalação de abrigos nos pontos de embarque, uma vez que no desembarque a pessoa já segue para o destino pretendido. A Emdec afirmou ainda que prepara processo para a concessão dos pontos para a iniciativa privada “como forma de requalificação e padronização dos espaços, em troca da exploração publicitária”.