VEÍCULO LEVE SOBRE TRILHOS

PPP investirá R$ 2,6 bilhões para implantar duas linhas de VLT em Campinas

Uma delas vai integrar a metrópole, Hortolândia e Sumaré enquanto a outra conectará o Centro da cidade e o Aeroporto de Viracopos

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
25/05/2024 às 10:53.
Atualizado em 25/05/2024 às 10:53
O VLT que ligará Campinas a Hortolândia e Sumaré será implantado dentro da faixa de domínio da linha férrea existente, usada atualmente para o transporte de cargas (Rodrigo Zanotto)

O VLT que ligará Campinas a Hortolândia e Sumaré será implantado dentro da faixa de domínio da linha férrea existente, usada atualmente para o transporte de cargas (Rodrigo Zanotto)

O governo do Estado anunciou a ampliação dos investimentos no transporte ferroviário na Região Metropolitana de Campinas (RMC) por meio de um investimento de R$ 2,6 bilhões para a implantação de duas linhas de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) a partir de Campinas. Uma ligando o Centro da cidade ao Aeroporto Internacional de Viracopos, um dos principais de carga e passageiros do país, e a outra conectando Campinas, Hortolândia e Sumaré, integrando por esse modal de transporte três dos cinco maiores municípios da RMC. Juntas, as cidades somam 1,65 milhão de habitantes, pouco mais da metade da Grande Campinas – 52,07% do total de 3,17 milhões, de acordo com o Censo 2022. As novas ligações ferroviárias serão integradas ao Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas.

O edital de concorrência pública para construção do Veículo Leve sobre Trilhos, através do modelo de parceria público-privada (PPP), está previsto para ser lançado no início de 2026, com a realização do leilão ocorrendo no ano seguinte. As obras têm prazo estimado de oito anos para conclusão e devem gerar cerca de 3 mil empregos. “O VLT vai oferecer um transporte de melhor qualidade, mais rápido e com maior capacidade que o ônibus”, disse ontem o secretário estadual de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, em entrevista ao Correio Popular.

As novas linhas serão uma opção de ligação entre os destinos. Hoje a única alternativa, e que apresenta problemas, é o sistema rodoviário. Tanto a Rodovia Santos Dumont (SP-75), que liga a Viracopos, quanto a Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101), de acesso a Sumaré e Hortolândia, têm congestionamentos nos horários de pico. “Nós estamos investindo em transporte de massa, que está chegando atrasado em Campinas. Isso já deveria ter sido feito”, afirmou Rafael Benini.

NOVAS OPÇÕES

Os investimentos fazem parte de um pacote de R$ 36,4 bilhões anunciado pelo governo para diversas obras no Estados, principalmente nas regiões de Campinas, São José dos Campos, Santos e Sorocaba. A primeira etapa a ser realizada para o VLT é o estudo que detalhará o projeto, que será a base para a licitação. A contratação desse trabalho foi autorizada, na quinta-feira (23), durante a 45ª Reunião Conjunta Ordinária do Conselho Gestor do Programa de Parcerias Público-Privadas (CGPPP) e do Conselho Diretor do Programa de Desestatização (CDPED).

Os projetos do Veículo Leve sobre Trilhos preveem a implantação de 44 quilômetros de linhas férreas, praticamente divididos em partes iguais. As linhas do VLT terão o principal ponto de embarque e desembarque na Estação Cultura (antiga Fepasa), no Centro de Campinas, onde também chegará o TIC. Ele será integrado ao transporte por ônibus local e intermunicipal.

O serviço com destino a Viracopos seguirá pela Avenida Lix da Cunha, pela linha desativada da antiga Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e passará pelos distritos de Campo Grande e Ouro Verde, sendo uma nova opção de transporte para essas regiões. Os dois distritos concentram cerca de 240 mil habitantes, o equivalente a 21% do total de Campinas – 1,13 milhão de pessoas. Já o VLT para Hortolândia e Sumaré deverá ser construído dentro da faixa de domínio da linha férrea já existente usada para transporte de carga.

“O projeto do governo do Estado de São Paulo, que contempla a implementação de dois ramais de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na região de Campinas, é um marco significativo para o desenvolvimento regional”, afirmou o presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC e prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis (MDB). “Este projeto não só moderniza nossa infraestrutura, mas também promove um futuro mais sustentável e conectado para todos os cidadãos”, completou. Já o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), disse que o VLT “é um projeto de fundamental importância para a mobilidade urbana da RMC e será complementar ao TIC, o Trem Intercidades.”

Para o professor, engenheiro mecânico e especialista em mobilidade urbana Luiz Vicente Figueiredo de Mello Filho, a proposta da ligação metropolitana por VLT já chega atrasada. "A região precisa de transporte de massa para atender 30 mil passageiros por hora nos dois sentidos”, completou. Ele defendeu ainda a construção de outras linhas na RMC, ligando Campinas a Paulínia e Campinas a Jaguariúna, que também são pontos de grande fluxo de pessoas e problemas de tráfego. Mello Filho acrescentou que deveria ser avaliada a possibilidade de substituição do VLT pelo Autonomous Rail Transit (ART. ou Sistema Ferroviário Autônomo em tradução livre), uma espécie de VLT sobre rodas.

“A vantagem indiscutível está no transporte do mesmo número de pessoas que um VLT sem a necessidade de investimentos por trilhos físicos e uma inflexibilidade quanto à rápidas mudanças de trajeto”, explicou. Esse modelo de transporte é usado na China, Emirados Árabes Unidos, Austrália e outros países.

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