Projeto da Prefeitura está implantado inicialmente em 16 Centros de Saúde
Apresentação feita pelo prefeito de Campinas Dário Saadi abordou duas modalidades da Saúde Digital, a Teleconsulta e a Teleinterconsulta, as primeiras em andamento no município (Rodrigo Zanotto)
A Secretaria Municipal de Saúde anunciou na quinta-feira (25) o lançamento do projeto Saúde Digital - SUS Campinas e tratou da ampliação do serviço de Saúde Digital, outrora chamado de Telessaúde, na rede pública municipal. A apresentação abordou duas modalidades da Saúde Digital, a Teleconsulta e a Teleinterconsulta, as primeiras em andamento no município. A primeira fase do projeto, que ainda está em um processo inicial, implementou a Teleconsulta para pacientes de baixa gravidade em 16 Centros de Saúde, os de Barão Geraldo, Joaquim Egídio, DIC 3, Aeroporto, 31 de Março, Carlos Gomes, Rossin, Bassoli, Aurélia, San Diego, São Marcos, Boa Vista, Costa e Silva, Nova América, Capivari e Centro. Houve também a criação de uma plataforma digital própria e a sensibilização e treinamento da população e servidores.
A expectativa é que o serviço dentro das unidades de saúde, também chamado de Sala Azul Digital, seja estendido para as 66 unidades em um período de dois a três meses, até agosto. Atualmente, são cerca de 100 consultas semanais - 400 por mês - número que deve quadruplicar nos próximos meses até atingir 1,6 mil consultas por mês. A ideia é proporcionar mais uma ferramenta de acesso à saúde pública, desafogar os prontos-socorros e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e diminuir as filas e o tempo de espera a partir do melhor aproveitamento da capacidade instalada e do equilíbrio entre demanda e oferta de atendimento.
"Queremos chegar a 400 (Teleconsultas) em dois meses. Claro que é o início da implantação e os números podem aumentar. Muita gente ainda não conhece o procedimento e ele será um apoio importante para as unidades básicas porque o paciente vai até elas sem agendamento, com uma dor, e os médicos estão ocupados. Aí é oferecido para ele a possibilidade de uma consulta digital. Não é obrigatório. Se ele estiver se sentindo muito mal, pode ser encaminhado a um pronto-socorro, não muda nada, mas se ele optar pelo atendimento digital, um médico fará a consulta digital dele no Centro de Saúde", explicou o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos).
Já a Teleinterconsulta, que é a troca de informações e opiniões entre profissionais de saúde, com ou sem a presença do paciente, para auxílio diagnóstico ou terapêutico, clínico ou cirúrgico, é oferecida em todas unidades básicas de saúde, com 500 interconsultas por mês, por enquanto concentradas em duas especialidades, cardiologia e endocrinologia.
Neste caso, o prognóstico é dobrar o atendimento até setembro deste ano, passando para mil interconsultas por mês, além de incluir pelo menos mais duas especialidades, proctologia e gastroenterologia. Futuramente, quando as demais especialidades estiverem contempladas, a previsão é realizar mais de 5 mil consultas mensais, absorvendo 30% da demanda.
"As especialidades foram escolhidas com base na demanda. Temos uma demanda reprimida grande de endocrinologia e cardiologia porque é o que mais temos na unidade básica, pacientes hipertensos e diabéticos. Temos filas enormes também de proctologia e gastroenterologia. Depois, vamos avançar para vascular, que é uma outra fila", afirmou a coordenadora do projeto Saúde Digital - SUS Campinas, Marcelle Benetti.
Sobre a Teleconsulta, Marcelle lembrou que o início aconteceu em quatro unidades. Posteriormente, houve uma expansão para 10, até chegar aos atuais 16 Centros de Saúde que contam com o serviço.
"Está sendo em fases porque há uma adaptação tanto do profissional como do paciente. Como ainda não havia uma divulgação oficial, o paciente ainda ficava com a dúvida se realmente estava tendo esse serviço dentro do Centro de Saúde. O paciente pode ir para casa e fazer a consulta do próprio celular, ele não precisa estar dentro do CS, então é muita mudança para o paciente. Os que estão fazendo, estão gostando, mas houve uma resistência no começo. Antes sobravam vagas mesmo com a demanda dentro da unidade, pois entendiam que não era a oferta ideal. Agora, não estão sobrando vagas."
Dário Saadi destacou que a principal regra do programa é ampliar o atendimento e não substituir o presencial pelo digital. "Se um médico da rede pública quiser trabalhar no digital, ele amplia a carga horária ou terá hora extra para que possa exercer, mas nós não vamos substituir nenhum trabalho presencial pelo digital."
Dário também pontuou que os médicos que participarem terão a carga horária acrescida ou receberão pagamento de hora extra. Ainda há a possibilidade de contratar médicos por meio de credenciamento e também pela ampliação de convênios com entidades parceiras do SUS Municipal, como o Hospital PUC-Campinas, utilizado de exemplo pelo prefeito.
O secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon, projetou que as mudanças no programa Saúde Digital poderão ser eternas com a contínua evolução tecnológica. Ele resumiu outro desejo que a Administração Municipal tem para o projeto, a diminuição da desigualdade no acesso à Saúde.
"Eu acho que é o ponto chave. A transparência e a justiça social com essa facilidade. E eu penso que a implantação será eterna. Ela já está funcionando, mas vai mudar o tempo inteiro. Estaremos fora daqui e alguém vai querer incluir nessa plataforma a Inteligência Artificial. Então, se alguém me perguntar hoje quando vai terminar, eu acho que será eterna", concluiu o secretário.
Teleconsulta será realizada em 16 Centros de Saúde, o médico que fará o atendimento a distância fica instalado no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti (Kamá Ribeiro)
COMO FUNCIONA
Nesta fase inicial, o paciente que não tem consulta agendada passa por uma triagem no Centro de Saúde. Se for o caso de consulta médica, será oferecido o serviço de Teleconsulta. Se a pessoa aceitar, receberá um comprovante com o horário do atendimento online por WhatsApp ou mensagem de texto no celular. Pouco antes do horário da consulta, um link será enviado ao paciente. Basta clicar no link que ele estará na sala virtual junto ao médico. O acesso pode ser feito de qualquer lugar, mas se a pessoa não tiver o equipamento necessário para o atendimento digital, ela poderá utilizar um computador do Centro de Saúde. O médico que fará o atendimento a distância fica instalado no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti.
Até o final deste ano, os pacientes poderão realizar o agendamento das Teleconsultas pelo site da Prefeitura, pelo telefone 160 ou pelo aplicativo que está sendo desenvolvido.
MÁRIO GATTINHO
A Unidade Pediátrica Mário Gattinho inicia nesta sexta-feira (26) o projeto-piloto para o atendimento de crianças de baixo risco pelo meio digital. Posteriormente, a ampliação será feita nas UPAs e prontos-socorros da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar. O presidente da Rede, Sérgio Bisogni, apresentou o dado de que cerca de 20% dos atendimentos realizados em prontos-socorros poderiam ser resolvidos em unidades de menor complexidade, como os Centros de Saúde.
"A ideia inicial é pegar as pessoas que procurarem espontaneamente as nossas portas dos PSs e UPAs e oferecer o atendimento virtual às pessoas classificadas com baixo risco, que legalmente precisam ser atendidas em quatro horas. A ideia é que a gente consiga atender um número importante dessas pessoas, agilizando o atendimento e diminuindo o fluxo de pessoas em uma área eminentemente de urgência e emergência."