População será capacitada para atuar em áreas de risco

A Defesa Civil de Campinas quer capacitar lideranças comunitárias para atuar como vigilantes participativos para monitoramento de áreas de risco de inundação, tanto acompanhando as ferramentas in loco quanto o site com dados do nível dos rios e córregos que cortam o município. O primeiro treinamento ocorrerá em novembro e envolverá um grupo do distrito de Sousas, onde está o Beco do Mokarzel, um dos 18 pontos de risco mapeados pela prefeitura. A formação deessa rede é uma das novidades da Operação Verão, que será realizada de 1º de dezembro da 31 de março de 2024. 

O acompanhamento virtual, aberto a todos, pode ser feito através do site Campinas Resiliente portal.campinas.sp.gov.br/sites/campinasresiliente/inicio. “Também reforçamos a importância de que todos se cadastrem para receber os alertas do sistema 40199 para que fiquem informados sobre as ocorrências com chuvas fortes em sua região”, disse o coordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado. Outra novidade da Operação Verão 2023/2024, que poderá ser antecipada ou prorrogada conforme as condições meteorológicas, é que a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) fechará as vias nos limites dos 25 parques públicos, principalmente no entorno do Bosque dos Jequitibás e Parque Portugal (Lagoa do Taquaral).

A medida será acompanhamento pelo fechamento ao público dos parques e bosques quando o acumulado de chuvas atingir 80 milímetros (mm) em 72 horas, o que caracteriza Estado de Atenção. A determinação começou a ser adotada neste ano após duas pessoas morrerem atingidas por quedas de árvores em Campinas em dezembro do ano passado e janeiro de 2023. Ela já foi adotada por 24 horas no último dia 9, quando o acumulado de chuvas nos primeiros dias do mês chegou a 132mm, principalmente após a tempestade da noite do dia 8. Na ocasião, o vento chegou a 81,5 km/h na região do Aeroporto Internacional de Viracopos.

Entre janeiro e outubro deste ano, 1.030 árvores caíram em Campinas durante as chuvas. Outras 247 foram retiradas devido ao perigo de queda apontado por laudos técnicos. Do total, 198 caíram neste mês de outubro, durante as fortes chuvas dos dias 8 e 17.

“Esse tem sido um ano muito difícil. Estamos num período de transição de estação e já registramos altos índices de chuva. Realmente tem sido um período muito adverso. Por isso, afirmo ser inevitável que as administrações públicas priorizem as ações de prevenção,” disse o coordenador regional da Defesa Civil.

CONTROLE

O trabalho do órgão em Campinas tem quatro níveis de acompanhamento. Os índices de chuva são acompanhados até 80mm, o que é considerado Estado de Observação. São realizadas vistorias de campos nas áreas já identificadas a partir de 80,1 mm (Estado de Atenção). No Estado de Alerta, já há a remoção preventiva de parte da população das áreas de risco iminente após vistoria. Por fim, o último nível é o Estado de Alerta Máximo, quando é feita a remoção de toda a população desses pontos.

Na tarde da última quintafeira (26), servidores da Subprefeitura de Sousas, Emdec e Defesa Civil realizaram vistoria de pontos críticos no distrito. Um das decisões tomadas após a visita será a instalação, a partir desta semana, de três defensas metálicas na Avenida Mário Garnero. Elas ficarão nos pontos sinalizados de alagamento para evitar que, em caso de inundação, possa haver carros no local.

Proprietária de um restaurante em Sousas, Sabrina Machado mudou de prédio após ter um prejuízo de R$ 300 mil em três enchentes ocorridas entre o final de dezembro e começo de janeiro passados.

“Eu entrei no prédio com mais de metro de altura de água. Pela frente, só nadando”, recordou ela. “Eu resolvi mudar para fugir das enchentes”, completou. O novo ponto do restaurante fica na Rua Maneco Rosa, também sujeita a enchentes e que fica a poucos metros do local anterior. Para tentar reduzir os riscos e mais prejuízos, o novo imóvel tem duas comportas internas para reter a água e foi feita apólice de seguro.

Para ela, a Defesa Civil já faz um bom trabalho com o acompanhamento do nível do Rio Atibaia no distrito e alerta preventivos de risco de enchente. Outro microempresário do distrito, Jaime Balbino, considera importante treinar lideranças locais para monitorar as áreas de risco. Ele tem um restaurante às margens do Rio Atibaia e já acompanha pelo site as informações sobre o nível da água, mas acrescentou que a Defesa Civil também emite alertas em situações de risco. “Eles ligam avisando”, afirmou. Nas enchentes do começo do ano, a água atingiu entre 1,10 e 1,70 metro de altura do estabelecimento.

“Eu já morei em Sousas e sabia que aqui era área de risco, mas fazia 10 anos que não acontecia nada”, disse Balbino, que explicou ter sido surpreendido pela enchente. Ele já montou um esquema preventivo de segurança em caso de novos ocorrências, que inclui a retirada da geladeira e outros equipamentos, guardar os alimentos em prateleiras altas e empilhar os móveis.

O microempresário explicou que, em anos anteriores, teve que carregar o filho no colo para sair do distrito porque o nível do rio encobriu a ponte de acesso e impediu a passagem de veículos. “A passagem de pedestres é m pouco mais alta e permitia passar andando”, explicou.

ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO EM CAMPINAS 

✔ Vila Holândia

✔ Jardim Santa Mônica, Jardim São

✔ Marcos e Jardim Campineiro

✔ Jardim Ipaussurama

✔ Jardim Rossin - Núcleo Princesa D´oeste, Jardim Florence II

✔ Jardim Florence I

✔ Jardim Campo Grande, Campina Grande

✔ Sousas - Rua Quinze de Novembro Beco do Mokarzel

✔ Jardim Novo Flamboyant - Buraco do Sapo

✔ Jardim Novo Flamboyant

✔ Jardim Itatiaia - Jardim São Fernando - Jardim Baronesa

✔ Jardim Andorinhas

✔ Jardim Tamoio - Rua Salomão Abud

✔ Parque Oziel

✔ Jardim Monte Cristo - Jardim do Lago I - Jardim das Bandeiras II

✔ Jardim Irmãos Sigrist

✔ Jardim Santo Antônio - Rua Martinica

✔ Parque Universitário – Avenida Aglaia

✔ Jardim Campos Elíseos

Fonte: Prefeitura de Campinas 

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