RECONSTITUIÇÃO

População protesta contra acusados de crime no Guarujá

Dono de restaurante e filho acusados da morte de estudante são recebidos aos gritos de "assassinos"

Da redação
22/02/2013 às 07:45.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:47
Pessoas acompanham a movimentação em frente ao restaurante Casa Grande (Rogério Soares/Tribuna de Santos)

Pessoas acompanham a movimentação em frente ao restaurante Casa Grande (Rogério Soares/Tribuna de Santos)

Algemados e protegidos pela polícia, José Adão Pereira de Passos, de 55 anos, e Diego Souza de Passos, de 23, pai e filho acusados pelo assassinato do estudante campineiro Mário Sampaio, ocorrido há 52 dias no Guarujá, foram recebidos com gritos de “assassinos” e “justiça” pela população que acompanhou nesta quinta-feira (21) a reconstituição do crime, praticado dentro da Churrascaria e Pizzaria Casa Grande, na Enseada. José Adão é o proprietário do estabelecimento e matou o jovem a facadas depois de uma discussão por causa de uma diferença de R$ 7,00 no preço cobrado pela refeição.

Denunciados pelo homicídio, tiveram a prisão preventiva decretada e, por orientação do advogado Luiz Carlos Justino, não participaram da reconstituição porque a lei não obriga que ninguém produza prova contra si próprio.

O pai do estudante, Renato Camargo Sampaio, esteve presente ao local da simulação, realizada no mesmo dia em que o filho faria 23 anos. “Hoje seria o seu aniversário, mas estou com o coração partido. Quando deveria comemorar, reconstituo a sua morte. Porém, nada será pior do que o dia (31 de dezembro) em que o vi morto lá dentro”, desabafa, apontando para o restaurante.

Sob o comando do delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior, assistente da Delegacia de Guarujá e responsável pelo inquérito do homicídio do turista de Campinas e estudante de administração de empresas, a reconstituição começou por volta das 14h30. A avenida foi interditada na quadra do estabelecimento e, atrás de faixas utilizadas para o isolamento, dezenas de pessoas se aglomeraram na tentativa de observar o trabalho dos peritos criminais.

O garçom Robinson de Jesus Lima, de 44 anos, também não participou da reconstituição.

Terceiro denunciado pelo assassinato, igualmente aos demais réus ele teve a prisão preventiva decretada, mas está foragido. As investigações concluíram que o funcionário e o gerente agrediram a vítima e de alguma forma a imobilizaram, enquanto o proprietário da churrascaria a matou com três facadas nas costas. Em sua defesa, José Adão alegou que apenas quis defender o filho, que apanhava do turista.

Lara justificou a realização da reprodução simulada dos fatos à necessidade de, muito mais que reforçar a prova já produzida contra os réus, demonstrar que testemunhas indicadas pela defesa mentiram em seus depoimentos, incorrendo no crime de falso testemunho. “A reconstituição é necessária para acabar de vez com a fraude criada pelo advogado desse tal de Adão. Se não houvesse a manipulação de provas com o sumiço das filmagens do restaurante, tudo estaria esclarecido”, disse o pai de Mário.

Na perícia desta quinta foram decisivas as participações de Patrícia Cristina Bolani, namorada de Mário, que estava bastante emocionada, e de três amigos que acompanhavam o casal no momento do crime. O grupo de Campinas jantava na churrascaria quando o preço do rodízio foi aumentado em R$ 7,00. A alteração do valor durante a refeição deixou os clientes indignados e gerou o desentendimento entre eles e o dono, o gerente e o garçom do comércio, resultando no assassinato.

Jogo de palavras

“Criou-se um tribunal de exceção. Com o apoio da mídia, ocorre um ritual de condenação.” A crítica é do advogado Luiz Carlos Justino, defensor de José Adão e Diego, segundo o qual não estão preenchidos os pressupostos da prisão preventiva e o os seus clientes devem responder ao processo soltos. Justino reconhece que José Adão esfaqueou a vítima, mas argumenta que o comerciante era agredido pelo estudante. Em relação a Diego, o advogado afirma que o gerente nada fez, a não ser tentar defender o pai de uma agressão cometida pelo universitário de Campinas. (Eduardo Velozo Fuccia/Da Tribuna de Santos)

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